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HUMANISMO – UMA CONCEPÇÃO ÉTICA DA EDUCAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE Vicente Estevãm Sandeski1 Resumo: A inquietação surge por entender que os tempos atuais parecem pobres em valores genuinamente éticos. A julgar por essas palavras colocamos em xeque os avanços na maioria obtidos pela humanidade, os benefícios da evolução e do progresso da ciência e da tecnologia não foram dirigidos para o bem comum permanecendo concentrados nas mãos de pouco. A atual estrutura social, fundamentada no poder econômico e que tem seu pilar de sustentação no racionalismo, não nos oferece tempo para que possamos viver dignamente. Assim, dificulta e inviabiliza a reflexão e compreensão dos atos de distanciamento à dignidade humana. A única união que interessa é a econômica, união que oferece lucro para a camada social minoritária, egocêntrica. O mundo contemporâneo evidencia um modo se ser repleto de egoísmo, ganância, arrogância, falta de compreensão, dignidade, fazem do "homem moderno" um homem solitário, doente e completamente indiferente, inclusive a ele mesmo. A questão central que atinge a sociedade global é que os rumos do avanço tecnológico desencadearam uma corrida autônoma da tecnologia. Ela, que teoricamente deveria estar a serviço do homem, em última análise está a serviço de si mesma, ou melhor, a serviço da lógica das grandes corporações. O homem é muitas vezes tratado como mero instrumento de produção, como uma matéria-prima que deve custar o mínimo possível, relegando o ser humano a um plano secundário, elegendo como prioridade o lucro, o poder, isto é tornando o homem vazio de si mesmo e de significados para a vida, ofuscando as noções de valores éticos. A educação não é a solução para todos os problemas, pode sim ser pensada em um espaço de reflexão e construção dos ideais de uma sociedade, sozinha não é o espaço de transformação, mas sem ela não será possível pensar um mundo mais humano mais ético, um mundo diferente. Será uma abordagem no sentido de que a educação tornou-se uma condição prévia, indispensável ao desenvolvimento social, cultural e econômico, não apenas por sua capacidade de reduzir as diferenças, mas também como uma compreensão comum entre pessoas ou grupos étnicos e culturais diferentes. Palavras-chave: Humanismo. Ética. Educação. Modernidade. 1
Vicente Estevãm Sandeski – Professor Colégio Agrícola de Frederico Westphalen - CAFW/UFSM – Filósofo, Mestre Educação pela UPF-RS –
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A educação não é um ato neutro, está carregada de interesses e de valores próprios da cultura de cada sociedade, e dos diversos momentos históricos. Na atual sociedade flexível, instantânea,
carece
de
uma
educação
humanística,
numa
dimensão
ética
na
contemporaneidade, e construída sobre valores e ideais que ultrapassam o conhecimento que está situado nas esferas do saber, do pensar e do julgar. Uma educação que acontece na relação de tornar-se humano, sendo uma via permanente voltada para a realidade da vida. Sem os alicerces de uma educação, não é possível reestruturar setores da sociedade numa dimensão ética. E neste sentido Freire (1996) diz que, a educação é uma “prática da liberdade”, o ser humano é entendido e se descobre como produtor de cultura. Os homens se vêem como sujeitos e não como objetos da aprendizagem. O ato de liberdade está presente a partir da leitura de mundo de cada educando e educador através de trocas dialógicas, constrói novos conhecimentos sobre leitura, escrita, cálculo. Vai-se do senso comum ao conhecimento científico num processo contínuo de troca e avanços, necessitando evidentemente a predisposição do sujeito. E segundo Arroyo (2004, p.231), este mundo humano para o qual educamos é mais do que um mercado onde devemos aprender a sobreviver. É um mundo de cultura, de valores, de representações coletivas, de normas, de “modelos” de homem e de mulheres, de criança, de jovem ou de adulto. O ato de liberdade está presente em diferentes momentos, mesmo na instância atual, de um paradoxo existencial da época pós-moderna, em que se tem um reordenamento das políticas educacionais para um modelo capitalista, neoliberal, persistindo nesse sistema o caráter de responsabilidade, de liberdade e da prioridade educacional. Diz Arroyo: Educar para a liberdade e, ao mesmo tempo, educar para que cada filhote humano interiorize os valores de todos: a cultura. O que nossa sociedade institui como sentidos para sermos humanos. E mais, colaborar para que se descubra livre para aquiescer ou resistir. Esse o enigma de toda ação educativa (2004, p.231). A educação terá um papel determinante na criação da sensibilidade social necessária para reorientar a humanidade. Nas condições atuais de um grande avanço técnico científico que prezou pela qualidade de produtos e serviços com o intuito da satisfação das necessidades de um relativo grupo, no entanto essa eficiência anunciada fica ainda enquanto possibilidade, como diz Barreira, “a modernidade avançou deixando vazios gerados pela expectativa de suas promessas”(Barreira, 2003 p. 446).
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Uma modernização que vem alterando e modificando as relações pessoais e ressignificando espaços próprios de uma sociedade em constante mudança, distanciando um jeito de ser humanístico, isto é, ético nas mediações escola, família e espaços diversos de relações sociais. Nesse sentido há um viés desafiador, como diz Assmann (1998, p.28). A humanidade chegou numa encruzilhada ético-política, e ao que tudo indica não encontra saídas para a sua própria sobrevivência, como espécie ameaçada por si mesma, enquanto não construir consensos sobre como incentivar conjuntamente nosso potencial de iniciativas e nossas frágeis predisposições à solidariedade. Cientes da mudança global, da liberdade humana enquanto possibilidade, das necessidades de transformações, das angústias, questionamentos não respondidos, uma educação vista como via, possibilidade e utopia, segundo Freitag: O homem somente pode vir a ser homem através da educação. Ele não é outra coisa senão o produto de sua educação. E cabe mencionar que o homem só pode ser educado por homens, que por sua vez foram educados. Por isso a ausência de disciplina e instrução em certas pessoas faz delas maus educadores de seus educandos (1994, p.22). Na verdade a educação aparece como a esperança, como um elemento constituinte do novo modelo de desenvolvimento que se espera para o ser humano numa ótica humanística e cidadã, que contempla o indivíduo na sua totalidade, possibilitando realização pessoal e melhoria de qualidade de vida. Ela é vital para romper com a histórica dependência científica, tecnológica e cultural, é o espaço que consolida noções e ações democráticas, autônomas, soberanas e solidárias. E nesse sentido Paviani diz ser o “humanismo latino, como qualquer conceito, nasce da necessidade de se buscar uma solução para o perigo que ameaça o homem contemporâneo” (2000, p.98). Não se fala mais em avanço, fala-se em garantias mínimas, e que as outras gerações continuem tendo a chance de existir em um mundo habitável, com ética e cidadania. Pensar, portanto o humanismo neste alvorecer de novo século e milênio se constitui, assim, em reencontrar na raiz mais profunda do existir a razão de ser do existir. Isto é, constitui o sentido da convivência realmente humana em direção definitivamente plural, para além de qualquer generalização e banalização desse sentido; desconstruir as lógicas totalizantes, violentas e falsamente conciliatórias, que proclamam humanismos grandiloqüentes, ao mesmo tempo em que semeiam a morte e a destruição, e que se revestem de formalidades e sutilizas filosóficas para evitar que seu núcleo real seja percebido; e apostar no propriamente desconhecido: o Outro que, vindo de infinitamente longe, suporta minha existência
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ao chamá-la inelutavelmente à responsabilidade ética (Souza, 2001. p.93-94). A educação aparece como um elo de humanização a ser construído e propõe-se a ser o espaço legal, legítimo e possível de igualdade entre os homens. No instante em que for negada a possibilidade de se galgar um outro quadro social, e no momento em que o indivíduo deixar de sonhar com a possibilidade da existência de um outro mundo, mesmo que inicialmente seja de forma utópica, perde-se o caráter mágico e encantador da educação. Principalmente no cenário atual de globalização, há um desafio socioeconômico e ético para a educação. Até poderia ser dito que o ponto nevrálgico na construção de uma sociedade democrática, centrada a partir da escola, está na “esperança” e na “ética”. Freire, nesse sentido, diz que à escola não cabe somente ensinar a ler, a escrever e a contar, mas a fazer uma leitura do mundo. Diz ele que o homem é alfabetizado quando tem o domínio das ferramentas que possibilitam a leitura do mundo. Na compreensão de uma educação contextualizada, faz-se mister dialogar com o homem, com as novas linguagens que surgem desses novos cenários pós-modernos, que incidem também na transgressão à ética e aos valores humanos. Uma educação que resista ao fatalismo, a um discurso hegemônico, imposto por um sistema neoliberal excludente, que faz vítimas, marginaliza e negando a dignidade ao ser humano. Na concepção de o ser humano ser concebível na multiplicidade e nas relações Casali diz que: O mundo é o ser humano que constrói e atribui significados. Sendo que cabe a cada indivíduo e a cada geração perceber-se dentro de seu mundo já construído, reconstruí-lo e ressignificá-lo. E por que não construir um mundo mais humano, com justiça e dignidade, onde todos se sintam bem e cooparticipantes dessa morada comum? A educação é parte da construção coletiva do mundo (Casali apud Henz, 2005, p.329). A educação humanística torna o homem sensível aos demais participante de uma mesma família, e sensível ao meio, isto é, sua morada. Ela também enfoca o homem como possibilidade, um “devir”, que se faz e refaz em todos os momentos, o que é possibilitado pela reflexão crítica, consistindo em uma via de fato, de resgate do homem em seu todo. No entanto existirão contrapontos a serem superados e reestruturados, que necessitam ser adequados a cada momento, visto a educação ser possibilidade, o homem dotado de liberdade e a multiplicidade de cenários. Enquanto os educandos, educadores, pais, sociedade, governos e demais organismos não considerarem a educação como uma forma de realização pessoal, como uma maneira de
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amenizar a discriminação social e econômica, e como direito de todos não será possível garantir um futuro harmônico e de justiça às gerações. E sendo assim é inevitável uma formação humanística para o resgate do homem, com conceitos universais de dignidade e justiça presente em todos, com um mínimo de respeito as diversidades que fazem parte da teia social. No atual quadro social os conceitos de humanismo são cada vez mais imprescindíveis para conter as mazelas sociais, situações de injustiças e desigualdades, um tanto que esquecida e ignorada. A passividade humana parece ser uma das ações que imperam o desenvolvimento cultural e ético de muitos locais. Nesse sentido, Crema diz que o homem padece de uma patologia social, “a normose”, a normalidade. Ele está se acostumado com as agressões, entranhadas em um primeiro momento, posteriormente se acostuma com a constância dos fatos. O sistema educacional se encontra contaminado por essa insidiosa moléstia que leva à conseqüência trágica. O primeiro fundamento desta patologia é o sistêmico. A normose surge quanto o sistema encontra-se dominantemente desequilibrado. Quando predomina o caos, a morbidez, a violência, a execução, o desamor, o desrespeito, o cinismo e a corrupção. Quem pode afirmar que não é este o caso onde o homem se encontra? Então, ser normal implica em se adaptar ao contexto patológico reinante, realimentandoo e fortalecendo o status quo (Crema, 1989, p.17). Isso posto, pode-se afirmar que não é possível deixar um sistema econômico às soltas, que se auto-regule e estabeleça as próprias normas, regras e críticas. Faz-se necessário uma instituição com representação, isenta, e que assegure ideais humanos universais. E, que de fato assegure o conhecimento à cidadania. Seria a universidade uma possibilidade de fato de exercícios de humanismos? Escola? Família? A quem buscar? No início do século XXI, assiste-se, em todo o mundo, a uma profunda transformação das dimensões, da estrutura e da concepção do que constitui a educação. Isso se dá, em grande parte, devido às evoluções esboçadas ao longo das últimas décadas. Assim sendo, setores representativos nacionais e internacionais enfrentam atualmente desafios essenciais, que decorrem da necessidade de dar ao homem e à humanidade um sentido positivo para as grandes tendências. Neste embate, aborda-se a educação como também sendo uma utopia necessária. Ela deve de fato aspirar à utopia para levar a bom termo mesmo suas tarefas mais prosaicas. Uma proposta em que a educação repouse sobre os pilares do “aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a viver em conjunto”(Delors, 2005, p.08).
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Será uma abordagem no sentido de que a educação tornou-se uma condição prévia, indispensável ao desenvolvimento social, cultural e econômico, não apenas por sua capacidade de reduzir as diferenças, mas também como uma compreensão comum entre pessoas ou grupos étnicos e culturais diferentes. A educação não é a solução para todos os problemas humanos, pode sim ser pensada em um espaço de reflexão e construção dos ideais de uma sociedade, pode se pensar a sociedade ideal e com ela buscar concretizar. A educação sozinha não é o espaço de transformação, mas sem ela não será possível pensar um mundo mais humano mais ético, um mundo diferente. Nesse contexto, a ação educativa requer uma ação direta. Derrubando o mito da neutralidade, o ato educativo é um ato político de escola, e, como educadores, é importante que se possa trabalhar por uma educação eficiente e impulsionadora da cidadania. Não é possível pensar uma educação ética sem haver a participação de todos, criança, professores, escola e família, isto é, a sociedade como um todo, o projeto educacional ético não pode desenvolver de forma unilateral, como diz Piaget: “quando há cooperação, há responsabilidade subjetiva e julgamento em função das interações” (Piaget, 1996, p. 07). E, ainda mais, as reflexões éticas, estando amparadas por ações éticas, têm possibilidade de viabilizar uma consciência da construção de um novo caminho. Para que as realidades morais se constituam é necessário uma disciplina normativa, e para que essa disciplina se constitua é necessário que os indivíduos estabeleçam relações com os outros. Que as normas morais sejam consideradas como impostas a priori ao espírito ou que nos atenhamos aos dados empíricos, é sempre verdade, do ponto de vista da experiência psicopedagógica, que é nas relações que se constituem entre a criança e o adulto ou entre ela e seus semelhantes que a levarão a tornar consciência do dever e a colocar acima de seu eu essa realidade normativa na qual a moral consiste. Não há, portanto, moral sem sua educação moral, “educação” no sentido amplo do termo, que se sobrepõe à constituição inata do indivíduo (Piaget, 1996, p.3). A pobreza de noções, conceitos e ações éticas é resultado de um processo educacional desprovido de recursos, comprometimento, responsável, indo ao encontro de um sistema que disciplina para a construção de seres estereotipados a serviço da racionalidade voltada para o domínio e o sucesso de ideologias do sistema econômico. “As aprendizagens não são postas a serviço das pessoas, mas a serviço dos organizadores econômicos e políticos, geralmente distanciados da expressão da personalidade”(Both; Scorteganha, 2005).
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Aí reside uma das tarefas fundamentais da escola, na geração de ações que desencadeiem ações efetivas e éticas. A escola passa a ser um laboratório de ética e de ações éticas futuras. Segundo Piaget (1996, p.09), “Somente cada um, tendo em vista a educação que recebeu, pode, no que concerne à ‘forma’, diferenciar o sentimento de dever do livre consentimento próprio do sentimento do bem”. E diz ainda mais: que o objetivo de uma educação moral na escola é o de “constituir personalidades autônomas aptas à cooperação” Logo o homem é um ser em permanente processo que permite o fazer e o refazer constante do homem no mundo. A busca da transcendência do inacabado abre espaço para a construção do seu destino, pois a capacidade de aprender pode ser orientada não apenas para uma adaptação, mas, sobretudo para transformar a realidade. De acordo com Freire, a educação é imprescindível para permitir que o ser humano possa interagir, relacionar-se com o outro e o mundo de forma ética. A prática formadora de natureza ética conduz a um futuro esperançoso e de natureza humana. À medida que se problematizam as relações entre os seres humanos e o mundo, acredita ser possível reinventá-lo, numa unidade dialética entre reflexão e ação. O cotidiano é ponto de partida para a revolução permanente estabelecida na consciência da inconclusão. A educação, assim, tem um papel importante a desempenhar, como prática de formação que se opõe ao mero treinamento de habilidades técnicas. Como se evidencia, vem se imprimindo uma necessidade de uma formação permanente a todos os atores da sociedade, mas só saber não basta. É necessário um saber alicerçado na travessia da diminuição da distância entre a perversa realidade da exploração dos homens pelos homens mesmos para um nível almejado de justiça igualdade e dignidade. O desafio educacional é saber como atingir um nível constante de conscientização em relação a esses problemas e mantê-los em primeiro plano na percepção cultural, visto que o homem não foi educado para ter uma consciência humanística e planetária. No contexto da educação, ao professor cabe permear esse universo de desafios e de tensões, desempenhando sua tarefa. “A tarefa crucial do educador é desenvolver uma consciência que procure ver através da lógica da globalização destrutiva e combiná-la com qualificações críticas para resistir a retórica que ora nos satura” (O´Sullivan, 2004, p.66-67). Uma educação de possibilidades, que não tenha a escola como a principal fonte de informações, “terá de aprender a destacar o interesse pedagógico desse novo ambiente e ajudar os alunos a terem discernimento diante da massa de informação que recebe todos os dias” (DELORS, 2005, p.21). Nesse contexto da chamada “sociedade do conhecimento”,
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necessita-se de flexibilidade, e cada vez mais esta é imprescindível para o conhecimento no viés ético. A pedagogia escolar deve estar ciente, por um lado, de que não é a única instância educativa, mas, pelo outro lado, não pode renunciar a ser aquela instância educacional que tem o papel peculiar de criar conscientemente experiências de aprendizagem, reconhecíveis como tais pelos sujeitos envolvidos. Para adquirir essa consciência deve estar atenta, sobretudo, ao fato de que a corporeidade aprendente de seres vivos concretos e é a sua referência básica de critérios (Assmann, 1998, p.26). O espaço vivido pelo ser humano é o ponto de partida para a construção de uma sociedade mais humana. Esta é uma experiência social, e em contato com esta o jovem aprende a descobrir-se a si mesmo, desenvolvendo as relações com os outros e adquirindo bases no campo do conhecimento e do saber fazer. As razões são muitas para a derrocada dos valores éticos sociais, no contexto atual um fato importante é a mídia, construindo falsos valores pairando na superficialidade, vem alcançando níveis sem precedentes na formação de idéias, e um modo de ver a vida com superficialidade. Tendo como foco o materialismo a capacidade de obter dividendos econômicos, relegando demais valores do “eu” para um segundo plano. A moral da cobiça deve ser substituída por um devotamento à família, e por uma participação na vida da comunidade sem recompensa material. Programas corretivos não conseguiram combater uma desintegração social que se manifesta por meio da violência, da morte e do uso de drogas (Etzioni apud Delors, 2005, p.42).] No âmbito local, assim como no mundial, constata-se a necessidade de um amplo engajamento social em favor de sociedades que gerem, ao mesmo tempo, harmonia e eqüidade. Para atingir proporções humanísticas, há que se perceber que a educação não é uma atividade de entradas e saídas, mas um processo permanente. Percebendo dessa forma é que instituições e sociedades poderão ter êxito, atenuando as desigualdades. Na compreensão de a educação expressar uma ação de minimizar as desigualdades, urge a necessidade de um ensino de qualidade que esteja presente desde o primeiro contato da criança com a escola, e não a partir de um estágio da vida escolar do jovem ou da criança. A educação e a formação inicial têm uma importância primordial, se pretendemos que o aprendizado para a vida decole de uma boa base [...]. Devemos lançar as bases de um saber sólido em todos os jovens e
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alimentar neles o gosto e a capacidade de adquirir novos conhecimentos – aprender a aprender – sem o que não se consegue nenhum progresso (Delors, 2005, p.25). É de fundamental importância a clareza da ação precisa da escola, para evitar abarcar situações que fogem de sua responsabilidade e de sua capacidade de solucionar, e evitar prender-se em um ativismo assistencialista. “Deve-se evitar impor à escola um excesso de exigências. Evidentemente, ela tem um papel nisso tudo, mas seria ilusório e ineficaz sobrecarregá-la de tarefas que não são de sua responsabilidade” (Delors, 2005, p.23). A ação pedagógica deve ser consciente a longo prazo, tendo políticas de compromisso social, flexibilidade e capacidade de adaptação as novas necessidades. “Portanto a escola não pode ser planejada, organizada ou orientada apenas em função dos imperativos momentâneos da conjuntura econômica ou das filosofias sociais em voga” (Delors, 2005, p.24). A ética deverá ser o baluarte das atividades dos educadores, com propostas educacionais emancipatórias, fundamentadas em uma ética universal do ser humano, perseguindo o sonho de uma sociedade mais justa, digna, isto é, uma sociedade humana. A educação não se faz sem a perspectiva de transformação do homem e da sociedade. O que move o ser humano a conhecer é justamente a possibilidade de fazer-se histórico intervindo no real. A esperança caminha junto com a ética, em direção a um projeto de homem em sociedade. Referências Bibliográfica ARROYO, Miguel G. Ofício de Mestre: imagens e auto-imagens. Petrópolis, R.J. Vozes, 2000. ASMANN, Hugo. Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente – Petrópolis. RJ: Vozes, 1998. BOTH,
Agostinho;
SCORTEGAGNA,
Helenice.
Contribuições
da
Educação
em
Gerontologia: pesquisa e reflexão. CREMA, Roberto. Introdução à visão Holística: breve relato de viagem do velho ao novo paradigma – São Paulo: Summus, 1989. DELORS, Jacques. Educação para o século XXI/ org. Jaques Delors – Porto Alegre: Artmed, 2005. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia, saberes necessários à pratica educativa. 30 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
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