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IN MEMORIAM C.Ss.R. Vice-Província de Recife
2005
1. Irmão Hubertos Huiskens, CSsR Falecido em Bom Jesus da Lapa-BA - 21/ 05/ 1962 (42 anos) Este confrade faleceu repentinamente em Bom Jesus da Lapa, no interior da Bahia. Para dizer a verdade, o Irmão era fisicamente incapaz de suportar o clima tropical. No entanto, foi enviado para o Nordeste do Brasil. Era uma pessoa muito boa e delicada e possuía uma disponibilidade total para servir aos seus irmãos. Notava-se, porém, que sofria muito, porque as suas forças diminuíam cada vez mais. Jamais chegamos a entender a transferência desse homem, já doente, para o interior tão longínquo da Bahia, onde havia uma falta considerável de conforto e de assistência médica. Naquele tempo, vivíamos dentro da mentalidade do Centurião do Evangelho: “E digo a um vá, e ele vai; e a outro: venha, e ele vem; e digo ao meu empregado: faça isso, e ele faz” (Mt 8, 9). Pessoalmente, vi o Irmão trabalhando duro, naquele ambiente, fazendo todo o possível e impossível para viver o seu espírito de serviço, sem se queixar, mas com toda dedicação e alegria. A língua portuguesa era para ele um obstáculo insuperável, mas esforçava-se demais para ser mais ou menos entendido. No entanto, é bem interessante e de admirar que tenha conquistado a simpatia de muita gente e especialmente dos pobres... Isto se manifestou claramente após sua morte repentina, pois uma multidão incalculável o acompanhou até o túmulo. Em 1976 quando os confrades poloneses, já há (vários) anos, serviam no Santuário do Bom Jesus da Lapa, O Pe. Estevão, Ir. Carlos e eu fomos buscar os restos mortais do Ir. Hubertos, para que pudessem permanecer em nosso meio. Após essa viagem de Recife para Bom Jesus da Lapa, fiquei com algumas dúvidas. Em primeiro lugar, encontramos uma velada resistência da parte dos confrades poloneses. Eles não compreendiam o porquê dessa transladação, achando nossa argumentação bem fraca. Tive a impressão de que faziam eco à voz e à vontade do povo que amava tanto o Irmão. É um fato que, quando chegamos ao cemitério para assistirmos à exumação ficamos bastante surpresos quando o empregado do cemitério nos entregou apenas um pedacinho do caixão, alguns cabelos e umas continhas do rosário redentorista. Foi-nos dada à explicação: É que a terra daquela região possui 3
decomposição calcária; uma atividade extraordinária para efetuar uma rápida e completa decomposição dos corpos. Então, voltamos para casa com algumas coisinhas bem guardadas numa caixinha. Tudo foi colocado no lugar de nossos falecidos no Convento da Madalena, Recife. Este túmulo, no entanto, contém apenas uma relíquia bastante exígua do nosso confrade Ir. Hubertos. Mas, a pessoa do Irmão está naturalmente para sempre guardado no Amor Eterno de Deus! Ouvi uma voz do céu que dizia: “Escreve: felizes os mortos que morrem no Senhor de agora em diante - sim, diz o Espírito para descansarem dos seus trabalhos, pois suas obras os seguem” (Ap 14, 13).
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2. Pe. Joaquim (Antônio) Van Dongen, CSsR Falecido em Vitória, ES - 15/ 06/ 1965 (80 anos) Fundador da Casa de Garanhuns - 1947 O Pe. Joaquim chegou ao Brasil em 1912. Naquele tempo, tratava-se de uma decisão da parte dos Superiores e era para a vida toda. O Pe. Joaquim aceitou este sacrifício, mas não de bom grado e, até o fim da vida, teve problemas com adaptação à cultura brasileira e aos costumes do povo. Inicialmente, teve muita dificuldade para aprender o português. Não obstante, desenvolveuse aos poucos e tornou-se um bom missionário em Minas Gerais, apesar de não irradiar muito otimismo. Na Vice-Província do Rio de Janeiro teve diversas incumbências: Superior das Missões, Conselheiro do Vice-Provincial e Reitor. Por volta de 1930 foi nomeado Reitor da nossa casa em Congonhas-MG, mas aí encontrou muita dificuldade por causa da interferência do Bispo, Dom Helvécio. O Pe. Joaquim, na sua conhecida sinceridade, não tinha a diplomacia necessária para poder agradar e suportar um Bispo mandão. Quando eu cheguei ao Rio de Janeiro (outubro de 1946), encontrei o Pe. Joaquim na função de Ministro da casa do Rio. Ele nos recebeu muito cordialmente, mas as suas respostas às minhas perguntas de Padre moço e inocente de 30 anos, não foram suficientes para me sentir entusiasmado pelo meu futuro próximo. No ano seguinte, no entanto, encontrei-me novamente com ele mas, então, como meu superior na nossa primeira fundação nordestina, em Garanhuns. Esta comunidade de Garanhuns era formada pelos padres Joaquim (62 anos); Pe. Miguel (59 anos); Pe. Inácio (36 anos); e Pe. Adriano (30 anos). Do superior Vice-Provincial da Vice-Província do Rio de Janeiro o Pe. Joaquim recebera a incumbência de iniciar uma fundação em Garanhuns, que consistiria em Convento (Centro Missionário), seminário menor e igreja não-paroquial. No entanto, a paróquia foi criada em setembro de 1949, sendo o primeiro vigário o Pe. Pedro Krúter. A prioridade para o Pe. Joaquim era procurar um terreno bem espaçoso para as futuras construções, mas não teve sorte. Só em 1949 foi adquirido um terreno por Pe. Pedro, situado na atual localidade. O regime interno do Pe. Joaquim era do estilo redentorista da época. Apesar da vida primitiva dos primeiros anos no Seminário 5
Diocesano, em plena construção, a observância da regra era mantida com todo o rigor. Alguns exemplos: naquelas primeiras semanas, após a nossa chegada em Garanhuns tivemos que andar, todo dia, do Seminário para a casa do Bispo para poder almoçar. No entanto, no dia do retiro mensal, fomos obrigados por ele a ficar em silêncio durante esse “passeio”, como também na casa do Bispo, quando estava ausente. Poucos dias depois da nossa instalação no Seminário, o Pe. Joaquim chegou no meu quarto (sem forro) e me entregou uma sineta e, assim, investiu-me na função de dar os diversos sinais para os atos da comunidade: meditações, as orações da tarde, leitura espiritual etc. O ato de penitência, nas noites das quartas e sextas-feiras, era rigorosamente observado. Mas, ele tinha também, uns momentos, em que mostrava o seu senso humorístico. Sabia contar, com cores vivas, as anedotas da vida missionária, em Minas Gerais, e das suas próprias estripulias nas viagens pelos sertões da Bahia, onde pregava muitas Missões nas piores condições, mas com toda dedicação e com espírito de sacrifício. Jamais esquecerei daquela gargalhada dele, quando chegou a bagagem do Pe. Miguel e surgiu da mala um pacote bem amarrado com arame farpado; dentro havia a Santa Regra, os volumes do Breviário e o célebre e misterioso livro de anotações do Pe. Miguel... Pelo resto, passamos os nossos dias, orientados por Pe. Joaquim, com verdadeiros cartuchos em casa, fazendo as necessárias preparações para as Santas Missões. Um dia, o Pe. Joaquim viajou para fazer umas pregações em Carpina-PE e voltou entusiasmado. Ele descobrira um lugar muito mais adequado do que Garanhuns para iniciar a nossa ViceProvíncia e o nosso Seminário Menor, como era a intenção dos nossos Superiores. O Vigário, Pe. Rocha tinha facilidade para conseguir um terreno apropriado. Carpina teria mais vantagens para tornar-se um Centro Missionário e também para o Seminário, por ficar mais perto do Recife. O grupo de “fundadores” fez depois, uma declaração uníssona perante o Governo Vice-Provincial do Rio de Janeiro: “É muito melhor abandonar Garanhuns e aceitar Carpina.” Esse parecer, bem argumentado, foi transmitido pelo Vice-Provincial ao Pe. Geral, em Roma, a resposta do Pe. Geral foi: “Tenham mais um pouco de paciência, permaneçam em Garanhuns”. No mês de abril de 1949 o Pe. Joaquim deixou o Nordeste. Acompanhei o meu Superior até à estação e a sua palavra de 6
despedida foi: “Coragem Adriano, vou voltar para o Rio de Janeiro para morrer em breve. Um dia nos reencontraremos na eternidade”. O Pe. Joaquim nasceu no dia vinte de maio de 1885; fez sua Profissão Religiosa em vinte e nove de setembro de 1906 e foi ordenado Sacerdote em sete de outubro de 1911. O Pe. Joaquim faleceu em Vitória, ES, no dia 15 de junho de 1965. “Andou por toda parte fazendo o bem porque Deus estava com ele” (At. 10,38).
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3. Pe. Pedro Canísio de Groot, CSsR. Falecido no Recife-PE - 07/ 05 / 1971 (45 anos) O Pe. Canísio iniciou a sua vida missionária no Nordeste brasileiro em 1952. Chegou aqui logo após a fundação do nosso Seminário Menor, em Garanhuns-PE. Tornou-se um dos primeiros professores do Seminário. Em 1956 foi transferido para Bom Jesus da Lapa-BA, para junto o Pe. Teofânio Stallaert, iniciar a complicada fundação da Lapa. As suas capacidades práticas e técnicas contribuíram para além das atividades pastorais, organizar o Santuário que estava bastante descuidado, instalando os necessários melhoramentos técnicos. O conhecimento realismo do Pe. Canísio produzia um efeito calmante no povo do interior baiano, cujo comportamento era, de vez em quando, um pouco turbulento. Em 1959 o Pe. Canísio foi transferido para Recife. Por causa da sua competência, recebeu a incumbência de ecônomo da ViceProvíncia do Recife. Esta tarefa tão árdua ele cumpriria, cuidadosamente, até 1966. Ele foi, por assim dizer, um homem muito influente na época da construção do nosso Convento da Madalena (Recife) e do Convento e Seminário em Campina GrandePB. Como superior de Campina Grande tinha com ele, de vez em quando, pequenos atritos. Isto foi no tempo em que eu estava construindo a Escola Santa Rita para os filhos dos operários de Bodocongó. Às vezes, o irmão Damião e eu conspirávamos para tirar da areia destinada para a construção do Seminário a fim de ser aproveitada em benefício dos mais pobres. Mas, quando a nossa “astúcia” foi descoberta, Pe. Canísio tomou logo as providências para que isso não acontecesse mais. Ele tinha, de fato, um pouco daquele jeito “autoritário”, tão próprio a quem guarda e defende os “tesouros” da casa. Brincando nós chamávamos o nosso PP (pequeno provincial). Evidentemente, tratava-se de coisinhas humanas pouco importantes, pois a dedicação do Pe. Canísio ao bem comum da Vice-Província era extraordinariamente edificante! Em 1966 foi feito um apelo ao Pe. Canísio par reassumir a fundação de Salvador, no bairro Ondina e na Igreja de São Lázaro. O Pe. Canísio, assistido pelo Pe. Paulo Speekenbrink realizou um trabalho pastoral muito positivo e os dois ganharam a maior simpatia do povo. 8
Entretanto no fim da década de 60/70 surgiu a questão da nossa concentração, pois algumas das nossas casas ficavam muito distantes do centro do Recife. As mais distantes eram as casas de Juazeiro, bom Jesus da Lapa e Salvador. Quando chegou o pedido para deixar a fundação de Salvador, o Pe. Canísio mostrou logo a sua disposição para atender ao Governo Vice-Provincial, apesar do sacrifício de ter que abandonar um ambiente de trabalho que lhe era tão caro! Em 1970 ele retornou ao Recife acompanhado do Pe. Paulo. Novamente foi nomeado ecônomo da Vice-Província. Logo teve que enfrentar a questão da venda do nosso Convento de Garanhuns-PE a uma equipe de médicos. Não estávamos precisando mais de um grande Convento. Ajudado pelo Irmão Adriano Scheffer (de feliz memória), o Pe. Canísio enfrentou a construção de uma casa mais adequada para os nossos 04 ou 05 confrades. De repente, porém, chegou o fim desta vida tão preciosa, também para nós. Nos anos 70 - 71 o nosso Governo Provincial entrou em negociações com a Província Polonesa em torno da transição da fundação da Lapa para os confrades poloneses. Com a vinda do Provincial Polonês ao Brasil, os Pes. Jaime e Canísio marcaram com ele um encontro em Salvador, para conversar sobre o assunto. O encontro seria nos dias 7 e 8 de maio. No dia 7 saíram os dois carros com destino a Salvador (800 km). Mas, quando tinham feito apenas uma hora de viagem, aconteceu, perto de PalmaresPE, um terrível e doloroso acidente, numa curva perigosa. O Pe. Canísio foi, com toda violência, lançado para fora do veículo, caindo com a cabeça no asfalto; teve morte instantânea. O Pe. Jaime sofreu, apenas, um susto horrível, que lhe causou um terrível choque emocional. Para nós todos foi um acontecimento muito trágico, que impressionou profundamente. No mesmo dia foi organizado o enterro, que teve uma concorrência extraordinária. Contamos com a participação de Dom Helder Câmara, de um grande número de Superiores Maiores de Ordens, Congregações, de quase todos os confrades da Vice-Província e também de uma multidão visivelmente emocionada por causa da morte tão trágica de um Padre que era muito querido. O Pe. Canísio foi enterrado no cemitério de Santo Amaro. Alguns anos depois, os restos mortais foram colocados no pequeno mausoléu do Convento da Madalena. Com toda sinceridade, podemos testemunhar desta vida: “Combateu o bom combate, 9
terminou a sua corrida, conservou a fé. Agora só lhe resta a coroa da justiça que o Senhor justo Juiz, lhe entregará naquele dia; e não somente para ele, mas para todos os que tiverem esperado com amor a sua manifestação” (Cf 2 TM 4, 7 - 80). Seus restos mortais estão hoje depositados no Mausoléu Redentorista de Campina Grande, PB. “Vigiai, mantende-vos firme na fé, sede homens sede fortes. Fazei tudo com amor!” 1 Cor 16,13
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4. Pe. Raimundo (Francisco) Bergmans, CSsR Falecido em Roermond, Holanda - 17/04/1976 (56 anos) Este missionário viveu e trabalhou entre nós, no Nordeste brasileiro, de 1949 a 1974. Podemos resumir a sua vida missionária com as seguintes palavras: Pe. Raimundo possuía um zelo apostólico ardente, que até se tornava, de vez em quando, um tanto impetuoso. Mas, tudo fazia em íntima e contínua união com Deus, rezando incessantemente. No entanto, na convivência do dia-a-dia, era um homem descontraído, que sabia apreciar as coisas boas da vida. Ele era muito estimado por causa da sua cordialidade e do modo simpático como se aproximava das pessoas. Foi Mestre dos noviços de 1962 a 1963 e em 1965. Temos alguns testemunhos bastante positivos de ex-noviços que demonstraram a sua capacidade para dar direção espiritual sadia e realista, criando um clima de muita confiança. Um ex-noviço me dizia: “Para mim, o Pe. Raimundo foi um guia espiritual muito seguro e humano e nunca me esquecerei dele. Serei sempre muito grato para com ele”. Na sua atividade missionária, o Pe. Raimundo era um apóstolo de mão cheia e este espírito se manifestava, também, em tudo que fazia, na sua função de Vigário de Juazeiro da Bahia, Arcoverde e Campina Grande-PB. Verdade é que lhe custava muito aceitar as mudanças na Igreja, na Congregação e no mundo. Seguia com todo o rigor os princípios da moral aprendidos no Seminário Maior, especialmente na moral sexual e em relação aos problemas matrimoniais. Não conseguia enxergar as mudanças da vida real e humana e, neste ponto, fechava-se dentro de uma mentalidade estreita. Para mostrar a profunda seriedade do Pe. Raimundo nas Missões dou apenas um exemplo relevante: Em 1950, os Pes. Victor Rodrigues, Raimundo e Adriano pregaram uma missão na cidade de Barreiros-PE. Uma noite, o Pe. Victor dirigiu-se ao povo, numa palavra inflamadíssima, chamando a atenção dos homens casados degenerados, adúlteros e desgraçados, que tinham duas mulheres e até três. No fim deste sermão vibrante, houve um aplauso espontâneo e estrondoso das mulheres presentes, e das esposas legítimas dos censurados. Mas, então Pe. Raimundo subiu ao Púlpito, com cara muito séria, e dirigiu-se ao povo, dizendo: “A 11
Santa Missão é um tempo forte de penitência e não de anarquia e de bater palmas”. Depois entoou com voz forte: “Perdão, meu Jesus! Perdão, Deus de amor” e quando chegou a estrofe: “Eis-me aos vossos pés, grande pecador...Uma nuvem de seriedade cobria a praça toda!...Mas, aqui, devemos notar também, que o Missionário Raimundo era o mais zeloso de nós todos, inclusive no confessionário e em seus contatos com o povo mais simples. Agora, em relação ao pagamento da espórtula da Missão, era um pouco exigente, pois quando um ou outro Vigário pagava menos do que estava determinado, então o colocava simplesmente na “lista negra”. O adágio dele era: “os nossos, também, têm que viver”. Como Superior das Comunidades de Juazeiro da Bahia e Arcoverde-PE, o Pe. Raimundo, apesar da sua rigorosa insistência na observância da Santa Regra, era uma pessoa de comunicação boa e agradável e de disponibilidade incrível quando se tratava de ajudar os confrades. Para ele nada era demais, até o maior sacrifício. Nas reuniões dos Capítulos, não se sentia à vontade por causa dos assuntos muito pesados e de certas colocações e atitudes modernas e atualizadas. De vez em quando, ele me dizia: “Adriano aos nossos deverá ser dada uma boa cervejinha para acalmar os Ânimos e para que fiquem quietinhos”. No entanto, apesar do seu agarrar-se a certas coisas do passado, que para ele eram tão importantes, as suas palavras, gestos e reações tinha sempre algo de cativante. Em 1974 o nosso Pe. Raimundo foi acometido de uma doença gravíssima (um tumor maligno no estômago). Muito contra a vontade, retornou para a Holanda. Os dois últimos anos da sua vida viveu no nosso Convento de Roermond, onde o irmão dele, Pe. Afonso era Vigário. Por sua entrega total a Deus, por sua aceitação positiva de todo sofrimento e dor, tornou-se para todos os confrades um modelo autêntico de uma despedida grandiosa desta vida terrestre. Numa atitude simples e sincera, assim como fora toda a sua vida, o Pe. Raimundo entregou-se ao Pai Eterno com plena confiança na misericórdia infinita do seu Criador. Nós todos e também o povo de Arcoverde sentimos muito a morte deste homem de Deus e, para que o povo de Arcoverde sempre se lembrasse dele, uma rua do Bairro São Cristóvão foi denominada “Rua Padre Raimundo”. “Desempenhou sua função com temor de Deus, dentro da verdade e de coração íntegro” (2 Cor. 19, 9).
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5. Pe. Pedro (Adriano) Krúter, CSsR Falecido em Campina Grande -PB - 13-01-1977 (90 anos) Este grande missionário chegou ao Brasil em 1911. Naqueles tempos tão remotos, isto significava um sacrifício tremendo e uma decisão definitiva para a vida toda, pois não se permitia um eventual retorno para visitar e rever a família. Paulatinamente, porém, foi-se assumindo uma atitude mais humana de tal modo que, em 1929 o Pe. Pedro, pela primeira vez, foi passar férias na Holanda. Os pais dele já tinham falecido. A vida do Pe. Pedro foi uma vida riquíssima de experiências missionárias. De 1911 a 1949, na então Vice-Província do Rio de Janeiro e na Vice-Província do Recife-PE de 1949 a 1977. 1911 a 1949: Durante muitos anos, pregou Santas Missões em Minas Gerais. Naquele tempo “do arco da velha”, grande parte das viagens se fazia a cavalo. Assim, este missionário andou léguas e léguas, sempre animado e bem humorado, como era o estilo dele. Principalmente, a lindíssima natureza do Brasil era para ele um encanto delicioso. Felizmente, era um ótimo cavaleiro e muito elegante, que dava inveja aos companheiros gorduchos e desajeitados. As próprias Missões, no entanto, eram pesadíssimas, em parte por causa das hospedagens às vezes bastante fracas e, em parte, por causa da influência das multidões de penitentes aos confessionários. Na opinião dos Santos Missionários, o povo era muito ignorante, pois não sabia formular as verdades principais da nossa fé cristã. Por isso, cansavam-se em martelar no conhecimento dos célebres “quatro pontos”. Que aquele povo “ignorante” possuísse uma profunda vivência da confiança do nosso Pai Eterno, não considerando suficiente. Também as confissões de pessoas completamente desabituadas a essa prática, constituíam um verdadeiro martírio. Portanto, deve ter sido um trabalho exaustivo! E este serviço continuava meses e meses sem o mínimo conforto. O grande escritor mineiro, João Guimarães Rosa, no seu magistral livro “Grande Sertão, Veredas”, na sua maneira um tanto irônica, nos dá uma idéia das Missões Redentoristas no sertão de Curvelo-MG. Ele escreve: “Finalmente, apareceram dois missionários estrangeiros, homens robustos, rostos avermelhados, que berravam 13
uns sermões ásperos com uma voz firme e sonora e uma fé inabalável. Desde de manhã até a noite, estavam na igreja pregando, confessando, orando e aconselhando, apresentando exemplos que deviam conduzir o povo “linea recta” na direção mais certa. A fé deles era simples e enérgica e não toleravam qualquer zombaria pois derivavam o seu poder de Deus”. Acompanhado dos Padres Emanuel Hemers e Cornélio Jacob, o missionário Pedro chegou ao Nordeste Brasileiro. Isto foi na década de trinta. Pregaram Missões em Juazeiro da Bahia, Arcoverde-PE, Belo Jardim-PE, Recife, etc...Mas, houve também, uma época em que Pe. Pedro pregava Missões no Estado do Rio de Janeiro. Aí encontrava um povo muito diferente daquela gente religiosa de Minas Gerais. Já naqueles anos grassavam as seitas e o espiritismo, mas também a indiferença e uma poderosa maçonaria. O Pe. Pedro, sendo realista, percebeu logo que a Missão numa tal região deveria ser abordada de uma maneira muito diferente; e enfrentou esse desafio, tomando as medidas necessárias para tornar a missão mais atraente para o povo, organizando procissões festivas, funcionando como chamada para o povo procurando também a cooperação dos leigos. Logo surgiram umas críticas por parte dos missionários de Minas Gerais, pois, na opinião deles, o Superior das Missões no Rio de Janeiro, Pe. Pedro, não estava seguindo o sistema de Santo Afonso, descuidando-se das mais sagradas normas da tradição redentorista... Em 1949 (mês de maio): quando eu tinha ficado sozinho no Nordeste, morando no Seminário Diocesano, em construção, tive a grande honra de poder receber o meu novo Superior, Pe. Pedro, em Garanhuns. Ele me abraçou cordialmente, dizendo: “Adriano, somos irmãos e companheiros”. No mesmo ano (1949), foi erguida a nossa paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Arraial. O Pe. Pedro foi o primeiro Vigário. Com o seu zelo missionário, colocou a base para a criação de uma comunidade viva e ativa. A catequese era sua prioridade. Mas, além dos trabalhos pastorais, tinha que providenciar a compra dos terrenos para o nosso Convento e depois iniciar a construção do mesmo. Em 1953, o vigário Pe. Pedro entregou a paróquia a mim e até o ano 1956 teve a sua residência na nova fundação de Campina Grande-PB. Já com a idade de 67 anos, ele fez ali o que podia para
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ajudar na Paróquia de Bodocongó e também em Fagundes e Galante, viajando para estes lugares em qualquer transporte. Em 1956, foi transferido para o Recife. Tinha então 70 anos. No Recife, na igreja da Madalena, esforçava-se em pregar aos domingos e aconselhar muita gente. Todo mundo queria bem ao velho Pe. Pedro. Foi também conselheiro do Vice-Provincial, Pe. João Batista van Gassel. A sua maneira de receber os hóspedes na casa da Madalena, fazia bem a todos os confrades. Em 1961 foi transferido para Campina Grande-PB aos 75 anos de idade. Continuou a sua disponibilidade extraordinária. Naquela época das transformações e mudanças na Igreja e no mundo, o Pe. Pedro soube assimilar, com toda naturalidade, muitas coisas novas. Isto, indubitavelmente, foi devido ao seu realismo e à riqueza do seu bom senso. Entre nós, ele era muito querido e jamais perdeu contato intenso com os confrades mais jovens, sendo o conselheiro mais procurado pelos jovens. De muitas maneiras, o Pe. Pedro demonstrava o seu grande amor pela natureza. O seu conhecimento da “flora e fauna” do Brasil era fora do comum. Deste confrade podemos afirmar que era um homem integérrimo, religioso esclarecido, muito indulgente e de grande compreensão. A sua morte em Campina Grande foi suave e edificante. Através das suas últimas palavras, ele pediu muita oração e cordiais lembranças para os familiares dele. No seu nonagésimo aniversário natalício, pediu a Deus um presente para o povo dos sítios, região seca do Nordeste, a saber: muita chuva. No momento, do seu enterro choveu torrencialmente... “Observem como os lírios crescem: eles não fiam , nem tecem. Porém, eu digo a vocês que nem mesmo o Rei Salomão, em toda a sua glória, Jamais se vestiu como um deles”. Lc 12, 27
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6. Pe. Godofredo Joosten, CSsR Falecido em Campina Grande-PB - 25-01-19 77 (71 anos) Fundador de nossa casa de Arcoverde, PE O Pe. Godofredo faleceu em Campina Grande-PB, no dia 2501-1977. Chegou ao Brasil em 1931 e tornou-se um missionário de valor nas regiões de Minas Gerais. Por causa da sua capacidade, chegou a ser Superior das Missões. Era um homem robusto e a natureza doou-lhe uma voz forte e sonora, que, na hora do sermão da noite, enchia a praça toda, não obstante a carência de um microfone. Pregou muitas Missões em situações duras, semelhanças àquelas que Pe. Pedro pregou durante tantos anos. O caráter do Pe. Godofredo era bastante diferente do de Pe. Pedro, pois o Pe. Godofredo era um pouco introvertido e taciturno. Em 1953 pediu ao Pe. Provincial da Holanda que o incorporasse à Vice-Província do Recife. E, em 1954 foi nomeado fundador da nossa casa e Vigário da Paróquia de Nossa Senhora do Livramento, de Arcoverde-PE. O Pe. Timóteo Veltman foi o cofundador. Esta nova fundação da Vice-Província teve, logo no início, graves dissabores por causa da doença dos dois fundadores, que foram acometidos de febre tifóide. O caso de Pe. Godofredo teve uma face gravíssima e perigosa. Felizmente, teve uma assistência assídua e carinhosa do nosso (ex.) Irmão Camilo e de D. Líbia, organista da Matriz de Arcoverde. Após o seu restabelecimento, o novo Vigário, que era nato, iniciou as suas atividades, procurando revitalizar movimentos religiosos, a catequese e o contínuo atendimento ao povo de Arcoverde, uma cidade que era chamada “porta do sertão”. Era, realmente, um trabalho muito difícil e, às vezes, exaustivo, porque o Vigário Godofredo tinha que estar sempre pronto para servir ao povo da cidade toda e de um imenso interior sertanejo. Na cidade, construiu a Capela de São Cristovão para atender melhor ao povo daquele bairro (saída para o sertão). A pedido do Vice-Provincial, Pe. Carlos Maria, Dom Adelmo Machado criou aí a Paróquia do Santíssimo Redentor. A criação oficial se realizou 2512-1957. O Pe. Godofredo anotou no livro das crônicas da casa de Arcoverde: “Para evitar um certo antagonismo entre a paróquia dos seculares e a nossa residência no bairro de São Cristovão, e desejo 16
dos Superiores que se aceite alguma paróquia para dar ao Convento alguma subsistência independente”. Em 1959 o Pe.Godofredo foi transferido para Juazeiro da Bahia. Novamente, teve que reger uma paróquia e desta vez, bem maior do que a de Arcoverde. Teve porém, a ajuda de vários confrades para dar continuidade aos trabalhos de catequese e de evangelização dos seus antecessores, no centro da cidade, nos diversos bairros e no interior. Em 1964 um ano após a tomada de posse do primeiro Bispo de Juazeiro, Dom Tomás Guilherme Murphy, CSsR (de feliz memória), o Pe. Godofredo foi transferido para Campina Grande, a fim de tomar conta da paróquia de Aroeiras-PB, que estávamos regendo a pedido do Bispo Diocesano. Resumindo todas as atividades deste confrade na sua função de Vigário, podemos afirmar que ele zelava por uma organização paroquial muito sólida e de uma maneira excelente se dedicava aos cuidados também materiais da Matriz, das Capelas e das nossas residências. Com toda fidelidade e conscienciosamente, o Pe. Godofredo respondia aos múltiplos apelos do povo das suas paróquias de 20 a 30 mil ou até mais paroquianos. Evidentemente, isso exigia muito esforço, resistência e paciência. Em toda parte era conhecido por sua generosa disponibilidade e, por causa disto, o povo o estimava demais. Entre nós era muito considerado por causa da sua convivência bastante fraternal e apesar da sua dificuldade para abrir-se espontaneamente, tinha sempre momentos de boa comunicação. A morte deste confrade foi inesperada e a “causa mortis” não é do meu conhecimento. Parece que houve uma violenta deteriorização do sangue, que foi fatal. Quando faleceu, tinha 71 anos de idade. O povo de Aroeiras ficou muito abalado e triste. Em grande número, os paroquianos do Pe. Godofredo chegaram a Campina Grande para assistir ao enterro do seu querido Vigário. De imediato o povo Aroeirense se opôs fortemente ao sepultamento do Pe. Godofredo no cemitério de Campina Grande, mostrando-se disposto a tomar medidas enérgicas. Pe. Godofredo era do povo de Aroeiras e devia ser sepultado no meio dos seus paroquianos. Pediram e receberam das autoridades competentes a devida licença para conduzir os restos mortais do Pe. Godofredo para Aroeiras. Esta
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licença chegou no fim da Missa de Exéquias e visivelmente houve um suspiro de alívio na Igreja de Bodocongó. O túmulo do Vigário Pe. Godofredo Joosten, CSsR, encontrase ao pé da nova Igreja Matriz de Aroeiras, que foi construída por ele. “Fale jovem, se for necessário, mas apenas umas duas vezes, quando interrogado. Resuma o que tem a dizer, e diga muito em poucas palavras. Seja como alguém que sabe, mas se cala”. Eclo 32, 7-8
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7. Pe. João Batista van Gassel, CSsR Falecido em Wittem na Holanda - 22-06-1977 (75 anos) Vice-Provincial de 1956 a 1967 O Pe. João Batista teve uma morte repentina em Wittem (Holanda). Descendo no elevador do Convento, teve um infarto que lhe causou morte instantânea. Morreu no dia em que esteve no Convento para participar da festa da canonização de nosso confrade João Nepomuceno Neumann. O Pe. João Batista tinha, então, 75 anos de idade. Foi Vice-Provincial da Vice-Província do Recife de 1956 a 1967. Pe. João Batista chegou ao Brasil em 1951. De 1928 a 1951 exerceu suas atividades redentoristas na Holanda. Foi professor do nosso Seminário Menor e depois ganhou muita fama como missionário do povo e pregador de retiros, especialmente para Religiosas. Os seus anos de glória o Pe. João Batista viveu na função de Reitor da comunidade e Vigário da Igreja anexa em Rotterdam. Foi muito elogiado quando, na segunda guerra mundial, fazia tudo para agasalhar e esconder, em todos os cantos do Convento e no sótão da Igreja, os homens que estavam fugindo dos nossos inimigos alemães, que queriam deportá-los para a Alemanha. Foi também Reitor da comunidade de Bois-le-Duc de 1946 a 1949, quando voltou para Rotterdam, o seu lugar mais querido, e novamente aceitou o encargo de Reitor e Vigário. Em 1951 aceitou generosamente a sua nomeação para o Brasil. Foi para ele um tremendo sacrifício. Já estava com quase 50 anos de idade e, nesta idade não é fácil aprender a língua portuguesa que é, de fato, uma língua muito difícil e complicada. Aos poucos, o Pe. João Batista adaptou-se a um estilo de vida totalmente novo em todos os sentidos. Até o fim da sua permanência no Brasil, teve problemas quanto a língua portuguesa; isto foi para ele uma barreira quase insuperável para que houvesse uma comunicação mais perfeita. E imagine o sofrimento para um grande pregador tão estimado no seu próprio País. Além disso, encontrou a sua situação no Nordeste numa fase primitiva ainda, o que é próprio a todas as novas fundações. Em 1952, foi encarregado da nossa nova fundação em Campina Grande-PB. Nesta cidade tão importante do Nordeste, por causa do seu rápido desenvolvimento, seria construído o nosso 19
Seminário Menor. O Pe. João Batista iniciou essa fundação redentorista em São José da Mata, porque em Bodocongó não havia uma casa para ele. O fundador começou em circunstâncias bastante pobres, mas logo ganhou a simpatia daquele povo de coração de ouro, especialmente da parte mais pobre. Ainda hoje, fala-se da dedicação e disponibilidade do Pe. João Batista para atender a todos. Para aquele povo simples o que valia mais não era tanto a linguagem correta e castiço, mas o bom coração e a delicadeza do Padre. Em 1956, teve que deixar o seu querido povo de Bodocongó e de São José da Mata, pois foi nomeado Vice-Provincial da ViceProvíncia do Recife. Vale a pena anotar algo sobre a confusão que houve em torno dessas nomeações. O antecessor do Pe. João Batista, o Pe. Carlos Maria Donker, com sede em Garanhuns, recebeu a lista das nomeações, com a qual todos tinham cooperado, menos o Espírito Santo. O pior foi que o Pe. Carlos Maria Donker foi nomeado superior de Bom Jesus da Lapa. Ele se sentia totalmente incapacitado para assumir aquela responsabilidade. Então, me pediu que eu viajasse sem demora a Campina Grande para tratar desse negócio tão espinhoso com o Pe. João Batista. Felizmente, o Pe. João Batista atendeu e retornou a lista para Amsterdã e Roma, explicando detalhadamente os problemas que surgiram e a impossibilidade de efetuar essas nomeações. Parece que naquele tempo já havia um vislumbre ainda fraco de uma democracia nascente, pois Roma concordou. O Pe. Carlos Maria foi nomeado Superior de Campina Grande e todos os outros troninhos tinham de ser trocados, menos o meu, em Garanhuns. Após a restauração da paz e da tranqüilidade, o Pe. João Batista tomou posse, demonstrando toda boa vontade para conduzir a Vice-Província com mão firme. Sob sua direção e orientação, vamos viver a fase laboriosa, mas também empolgante, das construções, a saber: o Convento da Madalena no Recife, o Convento e Seminário Menor em Campina Grande, e a organização do Noviciado em Garanhuns. Houve também uma procura obstinada de um grande terreno para o Seminário Maior no Recife, e o cuidado de uma formação de um “Corpus Doctum”, para que tivéssemos professores acadêmicos para uma sólida formação dos nossos estudantes professos. Para esse Seminário Maior, o Pe. João Batista comprou em 1960, um grande terreno em Aldeia (perto do Recife), após ter 20
visitado e desaprovado muitos outros terrenos. Por causa desta preocupação constante com terrenos, os confrades mais “maliciosos” lhe deram o apelido de João Terreno e, quando certos terrenos foram vendidos por causa de novas circunstâncias, ganhou o nome de “João sem terra”. Caracterizando a pessoa e a ação dele em poucas palavras, podemos afirmar o seguinte: foi uma pessoa profundamente religiosa, exercendo a sua autoridade de uma maneira atrativa e desarmada. Tratava todos os confrades com muita delicadeza e humanidade e, havendo um choque de idéias ou de atitudes que não lhe agradavam, então, depois de poucos momentos de irritação, dizia logo: “Pois bem, não vamos mais tocar neste assunto”. Nesta situação do Nordeste, tinha largado a atitude autoritária e marcial dos Superiores antigos. Também se preocupava muito com o futuro da nossa Congregação no Nordeste Brasileiro. Foi, de fato, um acontecimento muito trágico quando todos os seus planos, referentes à estruturação de uma nova Província Brasileira florescente desabaram como se fosse um castelo de cartas. Porém, “Toutes ses miséres-lá prouvent sa grandeur”! (Pascal, Pensées). Em 1967 houve nomeações de Superiores e Pe. João Batista, que pedira sua renúncia, por causa da sua saúde muita abalada, foi nomeado Superior e Vigário da paróquia praiana de São José da Coroa Grande. O enfraquecimento de sua saúde e alguns ataques cardíacos foram também devidos a tantos contratempos e dolorosas desilusões. Em 1970, retornou definitivamente para a Holanda e ainda aceitou e realizou aí um trabalho de pastoral dos enfermos, num Hospital. Durante quase sete anos, pôde atender com muito jeito e carinho a um grande número de doentes. Faleceu em 1977 e foi sepultado na cripta de Wittem - Holanda. Em tempo: Em 1959 a sede do Vice-Provincialato foi mudado de Garanhuns para Recife. “O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros assim como eu amei vocês. Não existe amor maior do que dar a vida pelos irmãos”. (Jo 15, 12-13).
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8. Pe. Miguel (Hubertus) Radermacher, CSsR Falecido em Wittem (Holanda) 17-08-1977 (88 anos) O Pe. Miguel, ordenado sacerdote em 1913 chegou ao Brasil em 1920. Das suas atividades na Holanda pouco conheço a não ser a fama das suas idéias renovadoras. A época gloriosa da sua vida teve início no Brasil. Durante 50 anos pregou Missões em muitos Estados do Brasil. Esforçava-se muito para conseguir um profundo conhecimento da mentalidade do povo e tinha um carisma especial para fazer da Santa Missão um grandioso acontecimento religioso, do qual todo povo participava. Trabalhou na então Vice-Província do Rio de Janeiro de 1920 a 1947 especialmente na nossa casa de Campos-RJ, que se tornou o centro de sua ação missionária. Recordo-me da sua grande admiração pelo missionário Pe. Estevão, da Província de São Paulo. Em 1947 o Pe. Miguel recebeu a incumbência de ser um dos fundadores da nossa primeira fundação no Nordeste: Garanhuns. Não posso deixar de elaborar uma exposição um pouco mais extensa sobre a vida missionária deste grande missionário porque, nesta fase de reavivamento das Missões na Vice-Província do Recife, ele poderia, mutatis mutandis, servir de modelo para a nova geração de missionários. Em 1950, numa visita à Cachoeira de Paulo Afonso, BA, que ainda se encontrava na sua maravilhosa beleza original, o missionário Miguel anotou no livro de visitantes: “As águas se agitam e espumam... há um rio cujos braços alegram a Cidade de Deus”! Sl 46, 4-5. Aqui já temos algo que revela a sua personalidade complexa: “Agitar” e “Alegrar a Cidade de Deus”. Isso veremos plenamente na sua maneira de pregar as Santas Missões e no seu trato maravilhoso com o povo mais humilde. Por causa dos traços muito diversificados da sua personalidade, é bastante difícil produzir uma imagem clara e nítida deste grande missionário. Muito firme e constante nos moldes dos nossos antigos; era muito escrupuloso na administração dos sacramentos, mas possuía também, o precioso dom do humor brilhante e sabia relativizar. Era um homem de um saber vasto e universal, poliglota e latinista de primeira qualidade; técnico “sui generis”, as suas 22
invenções no terreno da eletricidade eram tão complicadas e primitivas que davam choque em todo mundo que se aproximava! Em todas as Missões pregadas por Pe. Miguel encontramos o mesmo padrão: os quadros luminosos projetados numa parede da Igreja através de uma máquina antiquada que só ele sabia manusear; inúmeras procissões e levantamento de Santos Cruzeiros. Esses foram os meios por excelência para “alegrar a cidade de Deus”, que é o povo mais simples. Nos primeiros anos depois da nossa chegada ao Nordeste, o Missionário Miguel encontrou certas barreiras. Chegamos ao Nordeste imbuídos do espírito missionário próprio da época, rigorosamente marcado pelo mais pobre sistema Afonsiano trazido da Europa. A Missão teria de criar um clima de temor e de muito rigor, de sobriedade moldada em regras fixas e invioláveis. Mas o não-conformista e “agitador" Pe. Miguel já tinha fugido de certas normas. Isto se deu no Estado do Rio de Janeiro, território reservado para os missionários de uma imaginação rica, pois o povo era religiosamente muito frio e não corria para as Missões como em Minas. Por isso, durante a fase inicial das Missões no Nordeste, a partir de 1947, pregadas pelos Padres Inácio, Miguel e Adriano, o Pe. Miguel tinha que ficar a pulso dentro da chamada linha “Afonsiana”. Portanto, havia um bloqueio para ele e não havia espaço para a sua criatividade. Entretanto, ouvi uma vez, naquele tempo, o riso do povo durante o sermão sobre o inferno. Quando lhe perguntei como poderia tolerar essa hilaridade, tão contrária à vontade dos nossos superiores, o Pe. Miguel me respondeu laconicamente: “São doidos! Eles não compreendem que esse povo já passa por um verdadeiro inferno de sofrimento neste mundo”. Nestas palavras revela-se sua intenção: mostrar o rosto humano de Deus, compassivo, paciente e misericordioso. Passados alguns anos, devido a certas circunstâncias, este filho de Santo Afonso conseguiu libertar-se desses padrões rígidos; vendo as multidões esgotadas, tinha para com elas compaixão evangélica e genuinamente Afonsiana! Particularmente no interior, a Santa Missão é para o povo uma festa, um desabafo no meio de tanto sofrimento. Plenamente apoiado pelo superior, Pe. Carlos Maria Donker, o Pe. Miguel começou a concretizar aquilo que tanto desejava: a conversão do povo, não só pelo temor de Deus, mas também pelo encanto das belezas externas da Religião, tão caras ao povo, como 23
manifestação do seu grande amor ao Pai, que os sustenta no meio de tantos sofrimentos. São organizadas, então, as procissões, apresentadas as projeções luminosas, levantados os Santos Cruzeiros e outras solenidades com cavaleiros etc., etc. É uma série infinita de invenções engenhosas que só ele poderia criar. Existem exemplos de sobejo que nos mostram o Pe. Miguel como Missionário autêntico do povo, o homem de Deus que agita mundos e fundos para alegrar a Cidade de Deus. Certo dia, fomos mandados a pregar Missão em Belo JardimPE. O Pe. Miguel animou tanto o povo que, numa noite, compareceram 82 procissões minúsculas juntando em frente da Matriz, 82 andorzinhos com Santos de todo tamanho e qualidade. Mais de trinta “Nossas Senhoras” diferentes! Para o povo foi uma festa nunca vista e se via a satisfação estampada nos rostos tão marcados pela dor e pela dureza da vida. Mas essa multidão de coros celestiais foi submetida a um processo de redução do número e, aos poucos, entramos na gloriosa época dos andores gigantes. O Pe. Miguel, então vai dar toda a sua atenção a esses andores enormes. A confecção era bastante simples: ele escolhia uma mesa sólida, larga e comprida. Nessa mesa eram pregados caibros bem fortes para o andor poder ser conduzido por um grande número de homens, fortes e bem dispostos. Em cima da mesa havia um pedestal que sustentava a Imagem do Santo ou Santa, ricamente adornada com flores. O espaço livre se preenchia com Anjos de todas as hierarquias do céu. De noite não faltavam os dois célebres candeeiros de querosene que ele acendia tão logo anoitecia. Estes candeeiros eram a “menina dos olhos” do Santo Missionário. Durante a viagem, no ônibus, não deixava ninguém tocar neste tesouro e suportava a viagem dura, por caminhos quase intransitáveis, com os candeeiros no colo como se fossem dois nenéns! Na hora da Procissão, o Missionário Pe. Miguel ficava bem em frente do andor-gigante: numa das mãos o santo terço e na outra o inseparável guarda-chuva e uma sineta. Desde que numa procissão um fio elétrico cortou a cabeça de São Cristovão, o Missionário prestava toda a atenção aos movimentos do andor, pois todo cuidado era pouco. Quando porém, o canto fervoroso e as emoções religiosas provocavam um aumento exagerado de velocidade no andar dos homens do andor, ele parava, tocava com
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toda força a sineta e gritava: “Parem! Parem! Rezavam-se três AveMarias ao Santo Anjo da Guarda e isso acalmava todo mundo. O levantamento do Santo Cruzeiro e a procissão que antecedia tinha o mesmo estilo que impressionava a todos. Com muita segurança, enfrentava o perigoso trabalho da implantação, pois já tinha plantado quase 300 cruzeiros, de todo tamanho, durante a sua vida missionária. De vez em quando avisava em tom de brincadeira: “Os homens que não se confessaram na Santa Missão, não toquem no Santo Cruzeiro, pois vão queimar as suas mãos”! Quanto à sua maneira de pregar, seguia o pronunciamento bem claro de São Marcos: “Assim, usando muitas comparações, Jesus falava ao povo de um modo que eles podiam entender” (Mc 4, 33). O sermão do Pe. Miguel era tão simples na sua linguagem que um estranho mais instruído poderia pensar que fosse um Padre muito simplório. Uma noite, o Pe. Miguel reagiu contra essas críticas fazendo um sermão em estilo clássico, de acordo com as regras mais finas da oratória dos grandes mestres e citando abundantemente vários textos das Escrituras em Latim, pois era um latinista de mão cheia. Tudo foi feito num português castiço de Camões. Foi uma peça de oratória tão primorosa que deixou boquiabertos os “intelectuais” do lugar. E depois, ele me disse na sacristia: “Adriano, esses doidos não conhecem o povo e nem olham para ele”! Ficou na história a comemoração do Centenário de Nossa Senhora de Lourdes (1858 - 1958). O fato se deu na cidadezinha de São Benedito-PE (Quipapá). O Pe. Miguel queria oferecer a Nossa Senhora de Lourdes 100 casamentos (legitimações). Todas as noites repetia várias vezes: “Em honra de Nossa Senhora de Lourdes quero cem noivos e cem noivas! Digam todos: Cem noivos e cem noivas”. Assim, foi provocada uma verdadeira avalancha rápida e violenta que arrastava consigo todos os casais ainda não legalizados. O número de cem casamentos foi conseguido e foi um verdadeiro triunfo. E assim, poderíamos continuar com muitas e muitas estórias, mas a realidade é como São João dizia: “Se todas elas fossem escritas, uma por uma, acho que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos” (Jo 21, 25). Não posso, porém, concluir este “In Memoriam” do Pe. Miguel, sem dizer algo sobre a sua contínua preocupação pela saúde do povo mais pobre. 25
Antes de tudo, devemos mencionar o seu célebre remédio Simaruba, cujas raízes e casca têm uma grande força medicinal. O Pe., Miguel considerava a simaruba uma verdadeira panacéia. Ele dizia: “A simaruba cura dos males, mas principalmente a verminose e a mais ferrenha inimiga da saúde do povo: a terrível ameba”. Foi um enorme benefício para muitos pobres, que não tinham recursos para procurar a medicina “ortodoxo”. Muito conhecidas também, são suas campanhas fervorosas, durante as Santas Missões, para que o povo fizesse privadas com fossas e tivesse todo o cuidado com a água. Por isso, fazia apelos à comunidade toda para que ajudasse o pobre a adquirir filtros para purificar a água. E muitos outros conselhos o povo escutava com toda atenção para prevenir-se contra as doenças endêmicas. Deste modo, o Pe. Miguel adquiria a simpatia do povo e todos eram mais inclinados a aceitar os seus conselhos nos diversos níveis da vida. Eis aí um retrato fiel, mas também incompleto do nosso grande missionário Miguel. No dia 22 de dezembro 1947, fez a sua entrada oficial em Garanhuns e saiu de lá em 1970 por motivos de saúde e idade avançada. Encontrou, porém, no convento de Wittem (Holanda) todo o carinho e os melhores cuidados da parte do Superior, Pe. Marino Krinkels, e da comunidade. Mas até o fim da sua vida em 17 de agosto de 1977, com 88 anos de idade, sempre sentia profundas saudades do seu povo nordestino! Foi sepultado na Cripta do Convento de Wittem. “Vinde, bendito do meu Pai, para o reino que vos está preparado desde o começo do mundo” (Mt 25, 34). “Quem teve a felicidade de participar de uma Santa Missão pregada pelos Padres Redentoristas, associa-se, de coração à ação de graças pelo bem derramado pela Providência, em nosso País, através destes especialistas em contato com a nossa gente! A ação de graças ainda se torna maior quando encontramos os Missionários de ontem adaptando-se aos tempos de hoje, a Missão valia sempre!” D. Helder Câmara Arcebispo Emérito de Olinda e Recife-PE.
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9. Pe. Bernardo (Bonifácio) Winkel, CSsR Falecido em Wittem, Holanda - 19-04-1981 (60 anos) O Pe. Bernardo faleceu no dia da Páscoa de 1981. Tinha 60 anos de idade. A “causa mortis” foi um tumor maligno no estômago. Foi meu colega de turma e fomos ordenados sacerdotes no dia 24 de abril de 1946. Após a ordenação, o Pe. Bernardo estudou Inglês e Filosofia durante 5 anos na Universidade Católica de Nijmegen. Em 1951 veio para o Brasil para assumir o encargo de Professor de Filosofia no nosso Seminário Maior, em Floresta-MG, da Província do Rio de Janeiro. Além disso, fez um trabalho no meio do povo do campo, pois tinha uma predileção pela área do campo. Durante vários anos foi ecônomo da Casa de Floresta. Em 1960 foi nomeado Reitor do nosso Convento de Juiz de Fora e Vigário da Igreja da Glória. Porém, não se deu bem com a pastoral urbana e sentia muitas saudades do povo do interior. Depois, teve a sua atuação também nas Casas de Belo Horizonte, Curvelo e Congonhas, mas tive informações a respeito da sua ação pastoral nessas Casas. Em 1967 no auge da crise na Província do Rio de Janeiro veio para o nordeste e viveu intensamente o seu grande amor pelos camponeses em Paratinga, Ibotirama e Bom Jesus da Lapa, no árduo sertão da Bahia. Nessa região realizou também, muita coisa prática para os camponeses e por causa disto tornou-se muito estimado pelo povo. Ele não se poupava a trabalhos e sacrifícios para atender ao povo, fazendo longas viagens pelo sertão a fora. Depois desses serviços pastorais na região da Lapa, teve ainda um campo de trabalho em Arcoverde-PE e Juazeiro da Bahia. Em 1975 após a supressão da Casa de Juazeiro, aceitou as paróquias de Angelim e Palmerina-PE. Nessa região do agreste pernambucano dedicou-se com todo zelo ao bem do povo. De todas as ocasiões aproveitava para anunciar a Palavra de Deus e, vendo o homem na sua totalidade, procurava soluções para sérios problemas sociais da população rural. O Pe. Bernardo não tolerava qualquer ação que fosse prejudicial ao povo e, de vez em quando, enfrentava atritos com os “grandes” daquela terra; assim procurava sempre defender os direitos do povo. 27
O Pe. Bernardo era o mais inteligente da nossa turma no Seminário Menor e Maior. Era imbuído da doutrina teológicafilosófica escolástica e, portanto, um fervoroso discípulo de Santo Tomás de Aquino. Por isso teve muita dificuldade para aceitar a validade de correntes mais modernas e atualizadas da nova Teologia e também uma forte aversão à exegese da Escritura Sagrada mais moderna. Quando foi publicado o “Novo Catecismo Holandês”, ele me dizia com certo desdém: “Adriano, aquele catecismo tem só poesia”! A Vice-Província do Recife deve muito ao Pe. Bernardo, por causa dos seus trabalhos muito eficientes para os nossos Capítulos como Moderador. A sua perspicácia era impressionante, como também a “equidade” com ele julgava as coisas e as situações. Devido à sua formação acadêmica, sabia fazer exposições claras e esclarecedoras, e a problemática mais intrincada sabia analisar de uma maneira excelente, usando uma linguagem bem simples, pois tinha aversão ao uso de palavras “científicas” da moda e à sofisticação. Já muito doente, o Pe. Bernardo desempenhou um papel importante nas sessões orientadas por ele, no Capítulo de 1979. Em 1978 foi à Holanda para se tratar. Após a descoberta do tumor maligno no estômago, foi feita a gastrectomia total. Após um ano de convalescença, teve a incrível coragem de retornar para o seu trabalho na paróquia de Palmeirina-PE. Em 1980 a situação piorou tanto que ele repatriou-se definitivamente, apesar das esperanças que mantinha de um dia poder voltar a Palmerina. Para se ter idéia da sua vivência nos últimos dias da sua vida, vamos dar, em resumo, o conteúdo das últimas cartas. Uma era dirigida ao nosso Vice-Provincial, Padre Humberto Plummen em 06 de abril de 1981 e a outra a mim, na véspera da sua morte. As suas palavras revelam uma profunda confiança em Deus, muita tranqüilidade, nenhum medo ou angústia, grande interesse pelo outro e pelas coisas deste mundo e isso até o fim. Seguem algumas citações para mostrar as suas disposições no fim da vida: “Queria ter trabalhado com vocês no Brasil por muito mais tempo ainda. Deus não o quis. Ele me deu, entretanto, um belíssimo aniversário natalício no dia 28 de março (fiz 60 anos). Celebrei com muita alegria este dia no meio dos meus familiares”.
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Depois deste dia tão maravilhoso recomeça a Via-Sacra e as dores contínuas em diversas partes do corpo vão revelando a metástase do câncer. Então o Pe. Bernardo pede a Unção dos Enfermos. Ele escreveu: “Pedi o sacramento da Unção dos Enfermos e o recebi no meio de uma confortadora “corona fratrum”. Sempre quis receber esse sacramento com perfeita lucidez para aproveitar o máximo dos frutos da Unção. Agora, espero pela vontade de Deus e que este tempo de espera não se prolongue demais. Não participarei mais dos novos rumos que vocês aí estão procurando, mas continuo a ter interesse e acompanho vocês com as minhas orações aqui e, dentro em breve, no outro mundo”. No dia da festa da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pe. Bernardo entrou na glória do amor eterno de Deus. Foi sepultado em Roermond, no nosso cemitério, no jardim do Convento. “Eu o enchi com o espírito de Deus em Sabedoria, em entendimento e conhecimento para toda espécie de trabalho”. (Ex 31, 3).
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10. Pe. Antonino Witschge, CSsR Falecido em Arcoverde-PE - 21-03-1987 Pe. Antonino chegou ao Brasil em 1955 e completou os seus estudos teológicos no Seminário de Floresta-MG. Aí foi ordenado sacerdote em 1945 e depois de sua ordenação foi enviado para o Nordeste e incorporado a diversas equipes missionárias. Teve uma ação pastoral intensa no Santuário do Bom Jesus da Lapa (19561958), em Garanhuns (1958-1961), em Garanhuns (1958-1963), mas, na década de sessenta, a vida do missionário seguiu outro rumo. Após o ano de 1960 tivemos no Brasil os diversos movimentos de Pastoral de conjunto e Pe. Antonino engajou-se nos movimentos de Natal e do Mundo Melhor. Trabalhou vários anos acompanhando o Pe. José Marins, quando o movimento do Mundo Melhor estava no seu auge. Fez uma série quase infinita de viagens aéreas pelo Brasil a fora, acompanhando a equipe de Pe. José Marins e Frei Tepe, OFM. Em 1969 foi nomeado Secretário Executivo da CNBB-NE II e ao mesmo tempo da CRB. Foi a época mais ferrenha da ditadura militar e das perseguições contra Dom Hélder Câmara, a cujo lado o Pe. Antonino ficou com toda solidariedade. A partir de 1975 até o dia da sua morte, dedicou-se como Superior à coordenação das comunidades de Campina Grande e Arcoverde, havendo um intervalo em Monteiro-PB, onde fez parte da Equipe Missionária do Carirí com os Padres Gabriel e Frederico. Apesar de todas as suas ocupações, ele achava tempo para ajudar nos Cursilhos de Cristandade, dos quais era fervoroso adepto. Recebia muitos convites para pregar retiros para religiosas, pois as freiras não só gostavam demais das suas conferências bem preparadas, mas também da sua voz melodiosa que empolgava a todas. Durante vários anos foi o responsável pela coordenação da Pastoral das Dioceses de Campina Grande e de Pesqueira. Finalmente, devemos mencionar uma outra atividade muito importante: o seu zelo enorme para estimular as nossas vocações religiosas e sacerdotais. Tinha ele constante preocupação pelas vocações. Já muito doente encontrava ânimo para reunir os jovens vocacionados, a fim de estimulá-los para chegarem a uma opção consciente, firme e generosa. Por isso, com muita justiça a 30
Comunidade Vocacional de Garanhuns, transferida em 1997 para Campina Grande recebeu o seu nome: Comunidade Vocacional “Pe. Antonino”. Em tempo: Na década de sessenta, o Pe. Antonino desempenhou um papel preponderante na formação de Diáconos casados na Ilha de Itaparica-BA. Na conhecida revista americana “TIMES” foi até publicado um artigo sobre os “Married Deacons” do Pe. Antonino Witschge, CSsR. A morte repentina do Pe. Antonino comoveu a todos e na solidariedade do povo de Arcoverde manifestou-se claramente sua vivência de amigo e irmão de toda gente, por mais pobre e simples que fosse. O Pe. Antonino foi sepultado no domingo, 22 de março de 1987 na igreja de N. Sra. do Perpétuo Socorro de Arcoverde. A missa de Exéquias foi presidida pelo Bispo Dom Manuel Palmeira da Rocha e concelebrada por 21 Sacerdotes. A multidão (milhares) de participantes foi tão grande que toda a solenidade foi realizada ao lado da nossa Igreja-Matriz. Neste “In Memoriam”, não posso ressaltar melhor esta figura marcante da nossa Vice-Província do que alegando os testemunhos de quatro Bispos da Igreja do Nordeste, para que se tenha logo uma idéia do quanto ele era estimado por estes como também por outros Bispos do Brasil. h “Pe. Antonino fez muito pelo Nordeste e a Igreja da Paraíba foi uma das beneficiárias de seu zelo apostólico. Por isso, também entre nós, permanece a lembrança da sua presença alegre, fraterna e dedicada”. h Dom José Maria Pires Arcebispo da Paraíba. h “O Pe. Antonino era o Redentorista, o anunciador da Palavra de Deus, o catequista, o ministro de Deus; o Vigário que, na véspera de sua morte, celebrou a Santa Missa e pregou aos Cristãos na Capela de Placas. Era amigo do povo. Foi por tudo isso que tantos sentiram e choraram quando se viram privados de sua presença e de sua palavra”. h Dom Severino Mariano Aguiar Bispo Emérito de Pesqueira-PE. h “Quero salientar aqui os serviços prestados por ele ao nosso clero diocesano e o incentivo que ele sempre trouxe à nossa pastoral. O Pe. Antonino é muito lembrado entre nós e seu grande
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espírito missionário deixou marcas profundas nessa região que mereceu tê-lo por alguns anos”. h Dom Gerardo Andrade Ponte Bispo de Patos-PB. h “A CNBB - Regional Nordeste II muito deve pelo seu trabalho e dedicação como secretário executivo, em nossa Arquidiocese, onde serviu durante algum tempo”. h Dom Antônio Costa Bispo Auxiliar de Natal-RN. Foram esses e muitos outros testemunhos do mesmo teor e alto apreço que recebemos após a morte do Pe. Antonino. Devido a sua preocupação com as vocações e os muitos trabalhos realizados nesta área o seu nome foi dado à casa de formação que acolhe os aspirantes da Vice-Província em Campina Grande, PB. “Ó Deus, eu cantarei para Ti um Cântico novo”. (Sl 144,9)
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11. Irmão Vito Vermeulen, CSsR Falecido em Nijmegen, Holanda - 19-04-1988 (81 anos) Entre nós o Irmão Vito era conhecido e respeitado por todos, por causa da sua vida religiosa edificante e do seu trabalho incessante pelo bem dos confrades, apesar da sua deficiência física no quadril e na perna, provocada por um acidente quando era menino. Em 1947 foi transferido para Suriname; passou sete anos no interior daquele País, colocando os seus conhecimentos e experiência na agricultura a serviço do sustento da Missão. Devido à sua grande modéstia, falava bem pouco sobre todas aquelas atividades no Suriname. Em 1954 chegou ao Nordeste Brasileiro e recebeu a incumbência de explorar a nossa fazenda em Campina Grande-PB, chamada “Sítio Britto”. A idéia fundamental era cultivar aquelas terras para o sustento do seminário quanto aos gêneros alimentícios básicos. Para isso, montou também uma vacaria (havia muito pasto) e uma pocilga. Aos poucos e com muito sacrifício, apesar da falta de recursos financeiros, a “fazenda” evoluiu. Foram anos bastante duros e inclementes, com diversas secas e outros contratempos. Precisava-se de muita energia e de uma fé persistente para cultivar os terrenos pedregosos e continuar a criação do gado ameaçada pelas secas que acabavam com os pastos. Mas, ao seu lado tinha o Irmão Damião, também um homem cheio de vida e de espírito arrojado. O Irmão Vito não era homem para fazer grandes negócios com os poderosos fazendeiros que, apesar de tantos fatores negativos, são capazes de enriquecer em pouco tempo. A razão é que o Irmão Vito considerava a dimensão social, a qual era muito importante para ele. Por isso, pagava aos empregados até mais do que era justo; a sua maior preocupação era ajudar os pequenos, arranjando para eles pedaços de terra para cultivar. Os mais pobres podiam sempre contar com os dois Irmãos: Vito e Damião. É difícil imaginar quão grande deve ter sido o sacrifício, causado pela sua deficiência física, para suportar todos os trabalhos no campo. 33
Foram feitas várias tentativas para curar esse defeito incômodo; foram feitas várias operações, mas não houve jeito. Ele tinha de conviver com esse problema, e seu espírito tenaz venceu todos os obstáculos. Irmão Vito deu-nos um exemplo maravilhoso de doação a Deus e aos seus irmãos. Uma parte da noite era rigorosamente reservada aos exercícios religiosos e à sua vida intensa de oração. Ele lia muito e sua cultura universal era conhecida. As mudanças na Igreja, na Congregação e no mundo não tiravam a sua tranqüilidade, graças ao seu espírito aberto. Continuava os seus trabalhos e sua união com Deus do jeito que aprendera nos moldes do passado. Por causa do seu espírito elevado e da sua convivência fraterna, não houve um momento sequer em que censurasse os outros ou tomasse atitude reacionária de condenação, de conceitos novos, mais adaptados ao nosso tempo. Isso, certamente, por causa do seu bom senso. No mês de agosto de 1976 o Irmão Vito voltou para a Holanda, cansado da luta, mas não se entregou ao “dolce far niente”. No nosso convento do Nebo retomou as atividades de jardineiro, no belíssimo jardim da casa até quando a doença invadiu a sua vida. Edificou a toda nossa comunidade com a sua atitude calma e tranqüila durante a doença dolorosa e diante da morte. Faleceu no dia 19 de abril de 1978 e no dia 23 foi sepultado no cemitério do nosso convento, no meio do seu delicioso jardim. No fim da vida escreveu uma carta ao Irmão Urbano: “Espero que você possa presenciar, um dia, o progresso dos camponeses pobres do Brasil, ajudados pelos métodos e técnicas de plantação e de cultivo que você procura ensinar-lhes. Que eles, felizes e satisfeitos, possam cultivar os produtos necessários para o seu sustento num pedaço da terra que seja inteiramente deles”. E mais adiante: “A área para as minhas atividades corporais está ficando cada vez mais limitada, mas o meu espírito goza de liberdade como um passarinho no céu! Com uma velocidade que, comparada à luz, não anda mais depressa do que um caramujo, meu espírito corre pelo Universo e abrange num só momento o céu e terra, que ficam tão próximos, jamais tão unidos e entrelaçados para mim como agora, quando, no meu leito, tenho tempo para refletir sobre isso”. E no fim: “Que felicidade saber que tudo passa! Ele, que nos criou, sempre está disposto a ajudar-nos, para que possamos
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superar as nossas fraquezas e todos os problemas da vida. Ele nos conduz ao nosso destino final, à nossa eterna felicidade junto d’Ele”! “Vejam como um lavrador espera, com paciência, que a sua terra dê colheitas preciosas... Não desanimem, porque a vinda do Senhor está perto”. (Tg 5,7)
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12. Ir. Suibert (Gilberto) Geritsen, CSsR Falecido em Nijmegen, Holanda - 26-06-1989 (77 anos) O nosso Irmão Suibert começou a sua vida missionária no ano de 1947 no Suriname. Chegou ao Nordeste brasileiro em 1955 e atuou na nossa Vice-Província do Recife até 1974. Este irmão não era dotado de grandes qualidades técnicas como os outros Irmãos da Vice-Província; a área dele era o trabalho doméstico e nestes afazeres sentia-se realizado. A passagem de Suriname, onde a língua holandesa é dominante, para um ambiente de língua portuguesa, foi muito pesada para o Irmão. Mas, surpreendentemente ele soube vencer essa dificuldade de uma maneira ou de outra. Portanto, o problema da língua, tão estranha para ele, não se tornou uma barreira, pois sempre encontrava outras formas de comunicação, que tinha pleno êxito. Logo após a sua chegada ao Brasil, o Irmão já não precisava de companhia nem de intérprete para fazer as compras na feira; mesmo assim, chegava em casa com tudo de que estávamos precisando e até conseguia de uma maneira mais econômica do que os outros confrades, que sabiam expressar-se muito melhor do que ele. Irmão Suibert era conhecido por seu espírito de serviço à Congregação e à Igreja. Era um trabalhador incansável fortemente apaixonado pela mais perfeita limpeza. Caprichava no asseio da Igreja e da casa. Isto fazia com que a casa parecesse um convento de freiras! Todo o trabalho do Irmão era realmente perfeito e sentiase bem quando a gente o elogiava, pelo menos uma vez por dia. Também era um bom pintor e, muitas vezes era convidado pelas comunidades para realizar trabalhos de pintura. Ele trabalhou mais nas casas de Garanhuns, Juazeiro da Bahia e Arcoverde. Em Arcoverde aconteceu que um dia teve uma conversa prolongada e animada com a nossa lavadeira. Foi um jogo de “palavra puxa palavra” e a lavadeira ficou bastante impressionada. Depois ela nos disse que tivera uma conversa muito boa e esclarecedora com Irmão Suibert. Quando perguntamos sobre o assunto, ela respondeu: “Ai não sei, pois eu falava na língua da gente e ele falava na dele, mas em todo caso me fez bem”. Outro acontecimento em Arcoverde: Irmão Suibert tinha pegado um gato muito perturbador do silêncio religioso e mandado 36
para o “céu dos gatos”... O nosso vizinho, dono do bichinho, chegou furioso à nossa casa, reclamando energicamente contra o crime do Irmão: “O senhor não sabe que matar um bichinho inocente é pecado mortal?” Então o Irmão procurou recolher todo o seu conhecimento da língua portuguesa e respondeu: “pekkei mortá; pekkei mortá ??” Você na zona, “pekkei mortá !...” Não sei qual a resposta do vizinho enfurecido... A última vez que tive uma conversa com Irmão Suibert foi nos jardins do Vaticano, em Roma. Isto se deu em 1982, por ocasião da Beatificação do Pe. Pedro Donders, CSsR. O Irmão não gostou da situação desalinhada dos jardins e me disse: “Se eu estivesse aqui, com minhas ferramentas, faria uma limpeza geral em poucos dias”. E certamente, conseguiria, pois dispunha de energia suficiente para limpar toda a Basílica de São Pedro! Em 1974 Irmão Suibert retornou para a Holanda e foi incorporado à Comunidade do Convento do Nebo onde continuou as suas atividades, principalmente no nosso jardim. Aos poucos, porém foi sendo acometido de um enfraquecimento da capacidade mental; chegou a tal ponto que foi preciso interná-lo no Instituto Psiquiátrico São Joaquim e Santa Ana. Nesta última fase da sua vida em estado de demência avançada, recebeu um tratamento médico excelente e todos os cuidados de um serviço de enfermagem muito competente. O nosso confrade Irmão Suibert foi um religioso muito piedoso, homem de muita oração; fez todos os seus trabalhos (também certas atividades pastorais em Arcoverde) com todo amor e dedicação. Entre nós viveu como um “servo bom e fiel” e, por isso, certamente “está tomando parte na alegria do Senhor”. Por tudo que fez por nós e pela Vice-Província do Recife, devemos ser gratos, reconhecendo os grandes sacrifícios que ele suportou com tanta simplicidade. Foi sepultado no cemitério do Convento, no centro do jardim. Com toda razão, podemos aqui repetir as palavras de Jesus: “Eu te louvo, Senhor do céu da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do Teu agrado”.(Mt 11,15)
13. Pe. João Pedro Peters, CSsR 37
Falecido em Roermond, Holanda - 21-10-1989 (66 anos) O Pe. João Pedro, nosso ex-companheiro no Nordeste. Ele chegou ao Brasil em 1952 em Garanhuns-PE. Até 1955 fez parte da célebre equipe missionária: Pes. Miguel, Raimundo e João Pedro. Nas Santas Missões, o Pe. João Pedro era o Padre da meninada e tornou-se o catequista por excelência. O jeito dele era tão atraente que as crianças o adoravam, pois ele sabia inventar brincadeiras que entusiasmavam a turma. Já em 1955 teve as suas primeiras experiências de vida paroquial, na Matriz de Nossa Senhora do Livramento, em Arcoverde. Em 1956 foi transferido para Campina Grande para ser Vigário de Bodocongó. Aí viveu o surgimento quase súbito da “maré alta” e o “auge” da Novena Perpétua em honra de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Todas as terças-feiras havia uma afluência de milhares de pessoas e a cidade se movimentava em procura de Bodocongó para assistir à Novena Perpétua. Havia mais de 12 novenas; desde a manhã cedinho até as nove horas da noite, a Igreja ficava repleta de fiéis e até a pracinha se enchia por falta de lugar na Igreja. De fato, é surpreendente que esse movimento, embora tenha diminuído um pouco, continue até o dia de hoje. Mas naquele tempo, o moinho das nomeações e das transferências não parava; em 1959 o Pe. João Pedro foi nomeado Superior e Vigário de Arcoverde-PE. Naturalmente o povo de Arcoverde o recebeu de braços abertos. O Pe. João Pedro permaneceria em Arcoverde até 1969. O povo de Arcoverde, da cidade e do interior, gostava muito dele, pois ele tinha o dom de comunicar-se com todo mundo de uma maneira simpática e delicada e sempre estava à disposição do pequeno e do pobre. Também possuía o carisma para tratar os doentes de uma maneira adequada e sua comunicação com as crianças era famosa. O mesmo se diga quanto à sua maneira de tratar os pobres e o povo mais simples. Na roda dos grandes e dos ricos não se sentia à vontade e deles mantinha sempre distância. Pessoalmente, tive a felicidade de morar com ele em Arcoverde em 1966. Naquele tempo eu era um “chefão” destronado e portanto simples soldado. 38
A gente se dava bem um com o outro e o seu dom humorístico aliviava o peso das duras situações e dos trabalhos excessivos. Vivemos uns dias muito tristes quando chegou a notícia do falecimento da mãe do Pe. João Pedro. Naquele tempo, não havia possibilidade de visitar a família em casos tão dolorosos, e a gente tinha que agüentar toda aquela tristeza longe dos familiares. O Pe. João Pedro não conseguia superar aquela dor, apesar de todas as cartas confortadoras das suas irmãs. O clima de desânimo estava fazendo mal a nossa convivência e às nossas atividades pastorais. Por isso certo dia, fizlhe a proposta de deixarmos Arcoverde por tempo indeterminado. Ele concordou e então, viajamos juntos, em nosso fusquinha, à Salvador. Em Salvador, na praia de Ondina, fomos cordialmente recebidos pelos nossos confrades Pedro Canísio, Paulo e Roberto Dera. O Pe. João Pedro nunca vira as maravilhas daquela belíssima cidade e gostou demais. Aos poucos, ficou mais animado e tudo tornou-se mais suportável para ele; pôde então enfrentar a caminhada para uma aceitação positiva da perda de sua mãe. Em 1969 o Pe. João Pedro voltou à Holanda por vários motivos: a insuperável saudade da família e a impossibilidade psíquica de agüentar o contato diário com tanta miséria de muita gente da paróquia. Foi incorporado na nossa comunidade de Roermond e recebeu a incumbência de Vigário Cooperador de uma paróquia. Permaneceu na Holanda até 1972, quando retornou para o Brasil. Tentou habituar-se novamente, desta vez em Natal-RN. A tentativa não teve resultado satisfatório. Assim, em 1973, voltou definitivamente para a Holanda. Na Holanda, atuou bem em várias paróquias como cooperador; mas na década de ‘80, foi nomeado Pároco de uma paróquia, perto de Roermond, onde está situado o nosso Convento. Sempre fez questão de manter um contato assíduo com todos os confrades, passando uns dias no Convento. Nesta paróquia, como também nas outras, ele gostava de receber os confrades e excompanheiros do Nordeste do Brasil, sendo um anfitrião formidável! Apesar de uma certa tendência à melancolia, ou talvez devido a ela, conservara extraordinário seu senso humorístico, pelo qual sabia mostrar claramente a realidade e relatividade das coisas.
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A Via-Sacra do Pe. João Pedro começou em 1987. Uma parte do rosto ficou totalmente carcomida pelo câncer. A doença atacou a língua e não mais possibilidade de alimentação por via natural. Teve ainda o conforto da visita do Pe. Geral, Juan Lasso de la Vega. O nosso Provincial Pe. Marino Krinkels, colega de turma dele, antes de viajar ao Brasil, administrou-lhe o Sacramento dos Enfermos. A última carta que recebi dele, escrita no dia 2 de agosto de 1989, dizia: “Estou cada vez pior e isto era esperado. Falar e comer tornam-se cada vez mais difícil. Não é mais uma vida humana, ainda que a gente procure aproveitar das coisas mais simples. De vez em quando, sinto um desejo muito forte de que tudo termine, pela aproximação mais rápida da morte, pois a deformação causada pela doença é terrível. Que Deus tenha compaixão de mim e de você”. Faleceu no dia 21 de outubro de 1989 e foi sepultado no cemitério da sua paróquia. “O Senhor Deus me deu a capacidade de falar como discípulos, para que eu saiba ajudar os desanimados com uma palavra de coragem e pelas amarguras suportadas, ele verá a luz e ficará saciado” (Is 50,4 e 53,11).
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14. Pe. Inácio (Alberto) Fenstra, CSsR Falecido em Campos-RJ - 31-12-1989 (78 anos) O Pe. Inácio Fenstra nasceu em 4 de dezembro de 1911; fez sua Profissão Religiosa em 8 de setembro de 1930 e foi ordenado Sacerdote no dia, 25 de setembro de 1935. Chegou ao Brasil (ViceProvíncia do Rio de Janeiro) em 1936. O Pe. Inácio Fenstra trabalhou na Vice-Província do Rio de Janeiro de 1936 até 1947. Durante dez anos foi professor do Juvenato em Congonhas-MG. Quando em 1947 chegou no Nordeste e sempre me dizia que gostara muito de Congonhas e de ter podido cooperar para a formação dos nossos estudantes. Pregou Missões no Rio de Janeiro acompanhando o célebre missionário Pe. Gabriel van Wijk (Tio-padre do nosso Pe. Gabriel Hofestede). Em fins do ano 1947 acompanhou o Pe. Joaquim na viagem para o Nordeste a fim de iniciar a fundação de GaranhunsPE. Ele seria o Superior das Missões, sendo os seus súditos nas Missões os Padres Miguel e Adriano que, naquele tempo, se encontravam em Salvador. Sob a direção do Pe. Mestre Inácio foram pregadas sete Missões no Recife a pedido do Arcebispo Dom Miguel Valverde (Baiano). O nosso Mestre Inácio era um rigoroso defensor do sistema de Santo Afonso, assim chamado pelos padres da Província Holandesa. O lema da Santa Missão era: “Salva a tua alma”. De acordo com o espírito de penitência e de sobriedade, havia poucas procissões e toda a atenção concentrada na conversão individual, sendo a confissão dos pecados o ponto culminante da participação. O Superior da Santa Missão tinha toda autoridade para agir, organizar e pedia ao Vigário para não se intrometer nos assuntos e na organização da Santa Missão. Em Garanhuns, Pe. Inácio logo teve que enfrentar certos problemas com Dom Juvêncio de Britto por causa das Visitas Pastorais que o Bispo chamava de Santas Missões. Logo realizouse um corte na duração da Missão, bem como uma significativa mudança no estilo da Missão por causa da administração do Sacramento da Crisma e não se tocava mais o sino dos pecadores, às nove horas da noite, para a cidade toda cair de joelhos rezando 5 Pai Nosso e 5 Ave Maria pela conversão dos pecadores. 41
O Pe. Inácio, porém, fez tudo para salvar o estilo da Missão Redentorista e mostrava um zelo apostólico extraordinário para conseguir um grande número de conversões para os seus dois colegas era muito delicado no seu trato e acessível para o diálogo. Os trabalhos excessivos, principalmente no agreste Pernambucano, com suas filas e mais filas de gente para confessar e também, a desarmonia dentro de casa com o Superior, Pe. Joaquim acabaram com os nervos de Pe. Inácio. Ele sentia saudades da boa convivência na Província do Rio de Janeiro. A certa altura começou a “explodir” nas Missões, sem que houvesse motivo para isso. As mãos tremiam tanto que não conseguia mais escrever. Não houve jeito para ele adaptar-se à situação do Nordeste. Assim no mês de abril de 1940, voltou definitivamente para o Rio de Janeiro. Passou uns meses na Holanda para recuperar-se e depois retornou para o seu querido Juvenato, em Congonhas-MG. De 1949 até à morte, em 1989, prestou na Província do Rio de Janeiro muitos serviços: como professor, como Reitor de comunidades, serviços paroquiais e movimentos religiosos. Era muito estimado, principalmente em Campos-RJ, no meio dos confrades e do povo daquela região. No dia 31 de dezembro de 1989 teve uma morte repentina, em Campos. Que Deus o recompense com a vida eterna! Pois: “bom passar do mundo para Deus, para n’Ele renascer”. Sto. Inácio de Antioquia
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15. Ir. Leopoldo (Johannes Antonius) Goldenwijk, CSsR Falecido em Nijmegen, Holanda - 18-03-1991 (90 anos) O Irmão Leopoldo chegou ao Brasil em 1934. Como membro da então Vice-Província do Rio de Janeiro, trabalhou ali em diversas casas, em diversas funções: sacristão, porteiro, cozinheiro, construtor até 1949. Ele construiu uma parte do Convento de Campos-RJ. Em 1949 foi transferido para a nossa fundação em Garanhuns-PE e a partir daí seu maior empenho foi a construção do nosso primeiro convento nesta região nordestina. Fazia pouco tempo que o Irmão voltara das férias na Holanda e no comportamento dele notava-se uma terrível saudade da família com a qual era muito ligado. Para reprimir violentamente aqueles sentimentos, o Irmão Leopoldo começou a murar o nosso terreno em Garanhuns. Isto foi feito numa marcha tão acelerada e com tanta explosão de energia que o povo e nós todos ficamos surpreendidos com os resultados visíveis, pois ele sentava diariamente um milheiro de tijolos! Desde aquele tempo o muro do Convento de Garanhuns teve o nome de “muro da saudade”. Depois, o Irmão construiu a Matriz provisória que, após a construção da atual Igreja, poderia eventualmente servir de salão para reuniões. Irmão Leopoldo era um pedreiro muito competente e tinha as qualidades de construtor. Foi ele quem fez a planta da Igreja de São João, perto de Garanhuns. Naqueles primeiros tempos, construiu também uma casa em Garanhuns, para as duas moças, Lia e Lila, filhas de D. Mariquinha, que nos ajudavam regularmente na sacristia. A casa delas desmoronara na época das chuvas fortes do inverno. Não tolerava junto ou acima dele um arquiteto. Aconteceu, em Campos, que o Irmão simplesmente negava as necessárias indicações do arquiteto, responsável pela obra. Isto foi um dos motivos da sua transferência para Garanhuns, pois aqui poderia ter um campo mais livre de ação. Aliás, em Garanhuns, tínhamos um arquiteto do Recife muito mais benigno e acessível e que sabia lidar com Irmão Leopoldo. Em todo caso, o 43
Convento foi construído com materiais fortes até o fim do mundo... O madeiramento foi de sucupira e as paredes bem espessas foram levantadas com uma dosagem fortíssima de cimento! Em 1953 o Irmão foi transferido para Campina Grande e ali teve de dedicar-se à agricultura no nosso terreno (Sítio Britto). Após a vinda do Irmão Vito, deslocou-se para o longínquo interior da Bahia e teve uma Permanência prolongada no Santuário do Bom Jesus da Lapa (1956-1974). Esta estadia foi interrompida por uma passagem na Província do Rio de Janeiro, a pedido do Pe. Provincial (1958-1961). Aí construiu, no seu ritmo aceleradíssimo, o noviciado de Correia de Almeida. Em 1961 retornou para a Lapa, a fim de reassumir a responsabilidade pela nossa fazenda. Na área da fazenda construiu uma casa de campo e também casas para lavradores. Tinha algo da vida de eremita, mas de maneira especial, pois o Irmão dispunha de uma espingarda e, acompanhado por seu cão de caça, entrava nas matas para caçar. Caçar era a grande paixão dele! Quando à construção da nossa casa, na Lapa, havia uma necessidade urgente de uma casa mais adequada para os confrades, porque a casa paroquial existente só merecia a qualificação de “inabitável”. Tínhamos naqueles dias dois construtores na Lapa: Pe. Arnaldo de Laet e Irmão Leopoldo, cujas idéias não harmonizavam bem. Quando um dizia: “A casa deverá ficar naquele lugar” o outro retrucava: “Não, é naquele outro” e assim, virou uma discussão sem fim. Até o Vice-Provincial Padre João Batista, querendo, a qualquer preço, resolver o problema, não conseguiu solução definitiva. Só com a vinda dos Padres Poloneses em 1973, foi feito o Convento quadrado e espaçoso ao qual o povo deu nome de “Banco Polonês”. Na época das romarias (maio até outubro), o nosso Irmão Leopoldo ajudava na contagem do dinheiro das promessas. Era outra paixão dele. Especialmente durante a novena do Bom Jesus, em preparação à festa de 6 de agosto (Transfiguração do Senhor), as entradas eram vultuosas. Várias vezes por dia, o Irmão saía da casa paroquial com um saco enorme nas costas à procura do cofre “Santo” e depois, voltava sorridente com a presa preciosa. O Irmão encontrava muitos ladrões e batedores de carteira no seu caminho de volta, mas eles não tinham coragem de aproximar-se do Irmão com medo da sua força física extraordinária. 44
Apesar de uma vida muito ativa e, às vezes sobrecarregada, o Irmão Leopoldo sempre esforçou-se para conservar um lugar importante para as práticas da vida religiosa e para a união com Deus na oração, pois não confundia as coisas secundárias com as principais para o Religioso. Em 1974 o Irmão repatriou-se definitivamente. No Convento do Nebo, distinguiu-se ainda por vários serviços. No Jardim encontra-se uma obra dele, uma espécie de almoxarifado, que, em tempo de guerra, poderia servir de casamata. Quando em setembro de 1990, fui incorporado a esta comunidade “internacional” do Nebo, encontrei o Irmão Leopoldo já caducando e demente. Assisti à morte dele no mês de março de 1991 e esta foi suave e de muita paz. Alcançou a idade de 90 anos. O Irmão Leopoldo foi sepultado no cemitério do Convento. “Portanto, quem ouve as minhas palavras e as põe em prática, é como o homem prudente que construiu sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enxurradas, os ventos sopraram com força contra a casa, mas a casa não caiu, porque fora construída sobre a rocha”. (Mt 7, 24-25).
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16. Pe. Arnaldo de Laet, CSsR Falecido em Nijmegen, Holanda - 28-12-1991 (81 anos) O Pe. Arnaldo foi ordenado sacerdote em 1935 e em 1936 recebeu a sua nomeação e transferência para a Vice-Província do Rio de Janeiro, onde iniciou as suas atividades missionárias. Por volta de 1943 foi transferido para Salvador (Bahia), a fim de fazer parte da equipe missionária, sob a direção do Pe. Joaquim van Dongen. Então começaram as suas perambulações e peripécias missionárias nos sertões da Bahia. Naquele tempo o transporte utilizado nas viagens não era como conhecemos nos dia de hoje, quando viajamos com toda facilidade e velocidade pelas estradas asfaltadas, mas eram viagens muito cansativas e desconfortáveis, embrenhando-se a cavalo nas caatingas áridas. As palavras de São Paulo em 2 Cor, 11: “Fiz muitas viagens. Sofri perigos nos rios...” etc. dão uma idéia das peripécias da vida missionária e “mutatis mutandis”, podem ser aplicadas ao nosso missionário, pois ele se viu em perigo de vida, fez numerosas viagens, sofreu perigos no deserto, fadigas e muitos trabalhos exaustivos. Quanto à hospedagem tudo era muito fraco e de pouco conforto. A Santa Missão era aquela tradicional, com toda a sua carga de sermões pesados, de instruções catequéticas e de confissões para muitos, primeira vez na vida, freqüentemente antecedidas por uma explicação, “eternamente” repetida, das principais verdades necessárias à salvação eterna. Também havia administração do sacramento da crisma, feita pelos santos missionários (numa dessas viagens missionárias, o Pe. Arnaldo crismou o menino Edelzino de Araújo Pitiá) e de inúmeras legitimações de uniões ilícitas. Da pregação do Missionário Arnaldo todos afirmam aquilo que se dizia de Santo Afonso: “Suas Proposições eram claras e todos podiam compreendê-las. Fazia as suas exposições em frases curtas, concisas e não em longos períodos. Qualquer pessoa do povo mais simples que aparecesse, por mais inculta que fosse, não perdia uma palavra”. Após uma série de Missões naquelas circunstâncias, o Pe. Arnaldo adoeceu gravemente. Foi acometido de tifo, de caracteres violentos e muito perigosos. Só milagre poderia salvá-lo. Deus fez o milagre através de uma enfermeira, Dona Maria, que permaneceu 46
ao seu lado; os cuidados extraordinários desta senhora maravilhosa e muito dedicada, salvaram a vida do Pe. Arnaldo. Em 1948 Pe. Arnaldo voltou para o Sul e passou alguns anos no Convento de Campos-RJ, atuando em várias Missões no Estado do Rio. Em 1951 foi transferido definitivamente para o Nordeste e foi incorporado no grupo CSsR em Garanhuns-PE. Continuou a pregação de Santas Missões, mas ganhando um pouco mais de estabilidade nos serviços paroquiais. Foi a partir de 1953 que Pe. Arnaldo começou desenvolver também os seus talentos de construtor. Queremos lembrar as suas contribuições importantes. Em JuazeiroBA construiu o Convento que hoje é a casa paroquial, atrás da Catedral. A nossa bela igreja de Garanhuns-PE, nunca seria realizada se não fosse a habilidade, a precisão e a persistência de Pe. Arnaldo. A nossa igreja da Madalena - Recife-PE é, em grande parte obra dele. Em Bom Jesus da Lapa-BA, a praça em frente ao Santuário com suas belas imagens de bronze, foi organizada por ele. Começaram também os trabalhos na gruta da Soledade, fez a ligação por dentro com a gruta do Senhor Bom Jesus e a passarela por fora. Quando caiu do andaime na reforma da igreja de Marabá PaulistaSP percebeu que estava na hora de encerrar essas atividades. Viveu depois ainda uns anos em Campina Grande-PB, antes de voltar definitivamente para a Holanda. Com freqüência assídua eu o visitava no quarto dele. Em reação as minhas perguntas, ele apenas encolhia os ombros e não dizia nada. Mas, no fim da visita de uns quinze minutos, apertava a minha mão em sinal de gratidão e reconhecimento. A morte do Pe. Arnaldo, na presença do irmão dele e da minha, foi calma e de pouca agonia. Quando faleceu, tinha 81 anos de idade. Foi sepultado no cemitério do Convento. “Eu, como bom arquiteto, lancei os alicerces conforme o dom que Deus me concedeu: outro constrói por cima do alicerce. Mas cada um veja como constrói”! (1 Cor 3,10).
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17. Pe. Fernando Suilen, CSsR. Falecido em Wittem, Holanda - 21-02-1991 (77 anos) Pe. Fernando Suilen nasceu no dia 16 de outubro de 1913. Fez a sua profissão religiosa em 8 de setembro de 1934 e foi ordenado sacerdote em 9 de agosto de 1939. Depois de uns seis anos de trabalhos apostólicos na Holanda, o Pe. Fernando chegou ao Brasil em 1946 para trabalhar na Vice-Província do Rio de Janeiro. De 1946 a 1968 pregou Missões nas áreas missionárias da Vice-Província do Rio de Janeiro e foi até Superior das Missões. Em 1968 resolveu pedir a transferência para a Vice-Província do Recife-PE, e fazer uma nova experiência nesse novo ambiente. No entanto, logo viu e sentiu que essa experiência não ia dar certo. Passou poucos meses em Garanhuns e voltou para o Sul do País. Convidado por Dom José Gonçalves, CSsR, aceitou uma Paróquia na diocese de Presidente Prudente-SP. Trabalhou diversos anos na cidade de Regente Feijó, SP. Das suas atividades paroquiais nada me consta. Só sei que era da ala muito conservadora e que por causa disto não gostou muito da Igreja do Nordeste. O seu temperamento bastante introvertido dificultava a convivência e a vida comunitária. Talvez, por causa disto escolheu morar sozinho numa pequena cidade do interior. Na diocese de Presidente Prudente era bastante respeitado pelo clero diocesano e pelo povo das muitas comunidades por ele atendidas. Dedicava-se principalmente no atendimento das comunidades rurais. Para manter a fé e a religiosidade do seu povo, por diversas vezes convidou a Equipe Missionária da Província de São Paulo para pregar missões em sua paróquia. Como um outro São Francisco de Assis, o Pe. Fernando era muito amigo dos animais de toda a espécie. Ele os criava dentro da Casa Paroquial! Por isso mesmo sua casa era sempre uma bagunça generalizada. Em 1987 teve um ataque cerebral e ficando sem condições de viajar só, chegou ao Recife acompanhado do Pe. João Bosco. Do Recife para Amsterdã teve como acompanhante o Irmão Adriano (de feliz memória). No Sul da Holanda (Heerlen) ficou ainda uns 3 anos hospitalizado, sempre com muitas saudades do Brasil. O Pe. Fernando Suilen faleceu naquele Hospital no dia 21 de fevereiro de 1991 e foi sepultado na cripta do Convento de Wittem. “Ao vencedor darei um prêmio: vai sentar-se comigo no meu trono, como eu também venci”.(Ap. 3,21a) 48
18. Pe. Francisco Saelman, CSsR Falecido em Baarn, Holanda - 17-03-1992 (69 anos) Após alguns anos de atividades pastorais na Holanda, o Pe. Francisco foi enviado para o Nordeste do Brasil. Chegou à ViceProvíncia do Recife em 1958. Com a vinda deste confrade, chegou ao nosso meio uma personalidade singular, dotada de dons artísticos. Fora discípulo fervoroso do nosso teólogo e autor de vários livros teológicos e pastorais, Pe. Hermano Borgert, CSsR. Este confrade foi o inspirador de um novo estilo de Missões, a saber: a Missão ambiental, análoga à atual Missão inserida. As pregações deviam focalizar mais a pessoa de Cristo e a Igreja a partir do Evangelho. Deveria ser um autêntico anúncio da Boa Nova e não apresentar-se na forma de um propugnáculo moralista. O Pe. Francisco logo após a sua chegada, começou a propagar entre nós essas idéias positivas e muito válidas. Infelizmente, surgiu para ele o problema da língua para poder moldar essas idéias, em si tão valiosas, do seu mestre. Por causa da dificuldade que sempre teve para aprender bem outras línguas teve que se esforçar muito para revelar esses novos pensamentos, tão ricos no seu conteúdo. Pe. Francisco ficou pouco tempo em Garanhuns, pois já em 1959, foi transferido para Arcoverde-PE. Com muito zelo apostólico, ajudou nos serviços pastorais na cidade e no sertão. Seu tipo não dava para enfrentar atividades missionárias, pregando Missões; neste ponto era semelhante ao seu tio-avô, Pe. Adriano Wiegant, que chegou ao Brasil em 1902 (Vice-Província do Rio de Janeiro). Em 1959 encontramos o Pe. Francisco no Recife e durante a sua permanência nesta casa, obteve a licença para desenvolver mais os seus talentos artísticos na conhecida “Escola de Belas Artes” (Benfica). Mas, em 1961 foi novamente transferido, desta vez para Campina Grande-PB. Foi nomeado o meu cooperador na Paróquia para tomar conta da Capela de São José da Mata. Isto foi para mim um auxílio importante, não somente por causa da sua fidelidade no atendimento ao povo daquela região, mas também por causa da sua disponibilidade para ajudar em muitas outras coisas e da sua agradável convivência dentro da nossa pequena comunidade. Além disso, ajudou-me bastante na solução de uma questão muito desagradável concernente a um médico holandês, 49
colonizador por natureza, que causou uma série de problemas à nossa comunidade. Em benefício da comunidade de São José da Mata, o Pe. Francisco deu início à construção de um salão Paroquial junto à Capela. Em 1964 chegaram as nomeações e Pe. Francisco foi nomeado Superior e Vigário de Garanhuns. Os nossos caminhos se separaram, pois fui transferido para Juazeiro da Bahia. De 1964 a 1967 os nossos contatos foram raros, por causa da distância. Soube porém, que em Garanhuns fez um trabalho muito bom com os jovens mas que, para poder realizar esse trabalho, quebrava às vezes algumas normas da vida conventual. Por isso, a convivência e a cooperação não eram muito boas. Certamente as suas idéias, um tanto avançadas quanto à abertura do nosso Convento, contribuíram para um certo mal-estar. Em 1967 o Pe. Francisco deixou Garanhuns e encontrou no Recife o seu lugar preferido dentro de um ambiente de mais compreensão e também mais propício para as suas tendências e atividades artísticas. Como pintor, fazia os seus trabalhos com uma rapidez incrível e assim produziu uma enorme série de obras (pinturas), por exemplo: as pinturas artísticas nas paredes da Igreja de “Ponte dos Carvalhos”, situada perto do Recife; também as suas imagens na nossa Igreja da Madalena, deram um aspecto maravilhoso ao templo. Por volta de 1970 o Pe. Francisco retirou-se para o sótão da Matriz de São José de onde se tem uma vista belíssima do mar. Aí encontrou uma abundância de inspiração para dedicar-se à arte e ao estudo, sem deixar de ajudar o Vigário Pe. Everaldo nas atividades pastorais. Naquele tempo, houve também uma exposição das obras do Pe. Francisco no bairro da Boa Vista, que chamou a atenção de muita gente. Um dos quadros mais expressivos e impressionantes foi o do Cristo Crucificado nas hastes da cana. Depois de ter passado catorze anos no Brasil, o Pe. Francisco repatriou-se em 1973. Por volta de 1980, começou o famoso período de Vigário de Baarn, no centro da Holanda. Através do Padre Provincial, soube que ele levava uma vida bastante sóbria, sendo muito querido em sua paróquia. Até a princesa Irene, irmã da Rainha, assistia às Missas dele. O Pe. Francisco ficou afamado como o Padre que possuía o dom da cura pela oração e pela imposição das mãos. Já no Brasil, 50
ele me dissera que, às vezes suas mãos ardiam por causa da “irradiação de forças misteriosas”. Os serviços religiosos, mediante a imposição das mãos, atraíram muita gente para Baarn, principalmente a partir de uma entrevista na TV. Na paróquia foi fundada uma equipe para os enfermos e, regularmente foi publicada a “carta aos enfermos”, que apresentava um conteúdo muito válido. Visitei-o algumas vezes. Um dia me explicou que as curas realizavam através de forças preternatural (paranormais). Em todo caso o Pe. Francisco beneficiou com isso muita gente. No dia 17 de março de 1992, o Pe. Francisco faleceu repentinamente. O povo me convidou para presidir às exéquias. Durante a Missa, a Igreja muito espaçosa estava repleta de pessoas de todas as classes e idades. Ele foi sepultado no Cemitério Geral da cidade. “Deus falou a Moisés: - Escolhi pessoalmente Beseleel... e o enchi de dotes sobre-humanos e a sabedoria, de destreza e habilidade em seu ofício, capaz de fazer projetos... e realizar todo o tipo de trabalho” (Ex 31, 1-5).
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19. Pe. Edelzino de Araújo Pitiá, CSsR Falecido no Recife - 09-04-1993 (67 anos) No dia 9 de abril de 1993, faleceu no Recife o nosso Confrade brasileiro, Pe. Pitiá. Ele nasceu em Curaça-BA em 18 de maio de 1926 e foi ordenado sacerdote em Juiz de Fora-MG, no dia 2 de fevereiro de 1955. No ano de 1952 o Pe. Pitiá foi transferido e tornou-se membro da Vice-Província do Recife (Missão Garanhuns). Junto com o Pe. Victor Rodrigues na função de Diretor, ele foi o co-fundador do nosso Seminário Menor. O Pe., Pitiá foi uma personalidade distinta, muito inteligente e dotado de uma cultura universal extraordinária. Também os seus dons musicais, principalmente em relação à música clássica eram notáveis. Além disso, dispunha de uma cultura literária de alto grau, que era promovida pela sua leitura assídua dos grandes escritores clássicos do Brasil. O Pe. Pitiá falava fluentemente a língua francesa e aprendeu também a língua holandesa. Evidentemente era um ótimo professor e sabia cativar os seus alunos. Em nossa Paróquia do Arraial, em Garanhuns, fundou o “Clube Juvenil de Cultura” (rapazes e moças) que teve grande florescência durante vários anos. Além dos seus encargos como professor e sócio do Juvenato estava à disposição para ajudar na paróquia. Não era o tipo de um missionário popular; sentia-se mais à vontade no ambiente da classe média. Mas os seus sermões não eram pomposos como os de certos oradores sacros, mas lhe era próprio o uso extremamente correto da linguagem. Em 1959 o Diretor Pe., Victor Rodrigues foi transferido para Bom Jesus da Lapa-BA. O Pe. Pitiá então foi nomeado Diretor do nosso Seminário Menor. As condições do Seminário eram ainda bastantes precárias. As salas de aula eram situadas na parte subterrânea do Convento. Por ser pequeno o dormitório alguns seminaristas tinham que dormir no sótão. A comida não tinha nem a qualidade e nem quantidade de que os meninos precisavam na fase do crescimento. Felizmente, o Irmão Leopoldo construíra para eles um pequeno refeitório e uma sala de recreio. Assim, pouco a pouco, iam melhorando as condições. Em 1959 raiou no horizonte a tão desejada libertação; mas a hora de realizar a mudança definitiva só chegaria em 1962. 52
No mês de março de 1962 chegou finalmente, a hora da “redenção”. Foi um “êxodo” triunfal em procura da “terra prometida” de Campina Grande. Inicialmente nem tudo foi como se esperava. A construção do Seminário encontrava-se numa tal condição que, de vez em quando, as aulas eram dadas ao ar livre, à sombra de uma árvore. Eu mesmo posso testemunhar que, durante o dia havia um barulho infernal dos operários e dos seus aparelhos ruidosos! Mas o Pe. Pitiá tinha bastante calma e era tão equilibrado que, mesmo nessas circunstâncias, conseguiu dirigir bem o nosso Seminário, que aos poucos, foi ficando afamado na cidade de Campina Grande. No dia 18 de junho de 1966 houve a inauguração oficial do nosso Seminário Menor, dedicado aos Santos Anjos. Evidentemente, foi um dia glorioso para Pe. Pitiá. Foi uma solenidade impressionante, que contou com a presença de várias autoridades da Igreja e da Congregação: Dom Manuel Pereira, Bispo de Campina Grande; Dom José Brandão de Castro, CSsR, Bispo de Propriá-SE; Dom Estevão Kuijpers, CSsR, de Suriname; e todos os (V) Provinciais do Brasil. No entanto, pouco tempo após essa inauguração tão festiva, o Pe. Pitiá teve que enfrentar inúmeros problemas sérios. O Seminário entrou numa fase muito crítica e em 1967, já tinha um aspecto muito diferente: abre-se para receber alunos externos. Deste modo, entrou no Seminário uma mentalidade diversa, pois passou-se de um ambiente bem fechado para mais aberto. Evidentemente isso causou tensões internas, pois foram aceitos alunos de outros ambientes que estavam habituados a uma liberdade bem maior dos que não tinham optado pela vida religiosa. Esta crise que culminou com o fechamento do nosso seminário, deve ser vista no contexto da crise geral que toda Igreja sofreu após o Concílio Vaticano II, principalmente a crise das vocações sacerdotais. Como o nosso, foram muitos seminários que fecharam. O dia 3 de dezembro de 1968 ficou registrado como o triste momento do fechamento do nosso Seminário Menor. Para o nosso Pe. Pitiá foram anos muito pesados e de muita preocupação. Mas, graças à sua abençoada persistência conseguiu fazer funcionar o Colégio Redentorista com uma finalidade muito significativa, em benefício do desenvolvimento do Nordeste. Isto haveria de se realizar pela formação de técnicos de nível médio. 53
Para aumentar mais os seus conhecimentos científicos, o Pe. Pitiá esteve duas vezes na Europa, seguindo cursos catequéticos em Paris e Louvaina. E não obstante os seus cuidados diários com o bom andamento do Colégio, conseguia reservar tempo para atividades pastorais, por exemplo: a sua participação ativa nos “Cursilhos de Cristandade” e anualmente, a Páscoa tradicional na Usina de Frei Caneca-PE. Mas a realização mais importante de sua vida foi a dedicação, com todas as suas forças, à educação da juventude. A sua tenacidade na busca de meios, para que a Escola Eletrônica se tornasse um Instituto prestigiado era incrível. Pessoalmente posso testemunhar que ele, nas reuniões do Conselho da Vice-Província, lutou com uma vontade férrea para salvaguardar o trabalho da sua vida. Por causa de todos aqueles seus esforços o Colégio alcançou um nível muito alto de ensino técnico, ficando afamado no Nordeste e em outras partes do Brasil. Para dar apenas um exemplo: no ano de 1986 foram matriculados 367 alunos nos Cursos Técnicos de Eletrônica e Telecomunicações, a nível de 2º grau. No fim daquele ano letivo foi realizada a formatura de 43 técnicos em Eletrônica e 35 em Telecomunicações, dos quais 50% já tinham colocações imediatas. Muitas empresas vieram à procura de nossos alunos, que perfaziam naquele tempo um total de 740 técnicos de nível médio, trabalhando em diversos Estados do Brasil. A Vice-Província do Recife deve muito ao Pe.Pitiá, não somente por causa da sua obra, mas também por causa da sua vivência de Religioso exemplar, sendo um homem de uma fé profunda e de uma conduta edificante. Infelizmente, teve uns problemas cardíacos muito sérios e foi chamado por seu Senhor, que ele tanto amava, no dia 9 de abril de 1993, em plena Semana Santa. Nós todos e todo o povo de Campina Grande ficamos consternados. Uma multidão imensa de admiradores e amigos, parentes e confrades acompanharam o seu corpo até o cemitério de Campina Grande onde foi sepultado na tarde do “Sábado Santo”, véspera da Ressurreição. Seus restos mortais encontram-se hoje no mausoléu Redentorista em Campina Grande, PB.
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“A sabedoria deu-lhe sucesso em suas fadigas e multiplicou os frutos do seu trabalho. Deu-lhe a vitória numa dura luta, para lhe mostrar que a piedade é mais forte do que tudo” (Sb 10, 9s).
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20. Irmão Adriano Scheffer, CSsR Falecido no Recife - 22-03-1994 (69 anos) O Irmão Adriano chegou ao Brasil (Nordeste) em 1952. Na nossa Vice-Província do Recife desempenhou um papel de muito valor para o desenvolvimento da mesma no nível técnico. Quando rapazinho sentia a vocação para tornar-se sacerdote e missionário na nossa Congregação. Para este fim entrou no nosso Seminário Menor já com uns 20 anos de idade. Foi aceito no 1ºgrau, pois o sistema daquele tempo não permitia um tratamento especial para as vocações tardias. Para Adriano foi muito difícil desenvolver-se no meio daquela meninada. Deve ter sido um verdadeiro tormento para ele; mas a sua natureza fechada procurava suportar tudo sem fazer reclamações. Por causa dos estudos, foi obrigado a deixar o Seminário. Não deixa de ser curioso que a direção do nosso Seminário Menor não tenha sabido descobrir que Adriano era um moço muito inteligente e que tinha muita facilidade para o estudo das ciências exatas (matemática, física, etc.). Mas, custasse o que custasse, Adriano queria abraçar a vida religiosa. Assim, em 1947, entrou na nossa Congregação para seguir a vocação de Irmão. Irmão Adriano era um religioso muito piedoso e minucioso na observância da Regra. Ele era até um tanto rigoroso demais. Em 1953, quando passei férias na Holanda, fiz uma visita ao pai do Irmão Adriano que se encontrava gravemente enfermo. Naquela ocasião, a mãe do Irmão Adriano me contou como o filho, quando visitava a família, tinha muitas exigências, pois eram obrigados a rezar muito e em certas horas deviam observar o silêncio como no Convento... No entanto, aquela desistência forçada do seu ideal de ser um Padre missionário, tornou-se um trauma terrível. De vez em quando, o Irmão Adriano revelava algo desse sofrimento, por exemplo: quando era convidado para fazer batizado ou quando se falava em ordenação diaconal dos Irmãos, ele empalidecia e reagia com palavras ásperas: “Já fui expulso uma vez”. De 1947 a 1952 teve uma boa oportunidade para aperfeiçoarse nos conhecimentos técnicos e participou até de cursos de aeronavegação e de construções de cimento armado. 56
Em 1952 recebeu a sua nomeação para a Vice-Província do Recife. O então Vice-Provincial Pe. Carlos Maria entregou ao Irmão Adriano toda a responsabilidade pelos serviços técnicos, que ele executava com a sua conhecida habilidade, mas também, às vezes, de uma maneira um tanto complicada. Naqueles tempos, a Vice-Província (Missão) possuía um carro de segunda ou terceira mão que andava mais ou menos, desde que o acompanhasse uma mão cuidadosa para endireitar peças que sempre se quebravam. Esta tarefa foi entregue aos cuidados do Irmão Adriano. Às vezes, ele ficava mais tempo debaixo do veículo do que no banco do motorista. Mesmo assim Irmão Adriano fazia viagens intermináveis pelo sertão de Pernambuco e da Bahia, acompanhando o Vice-Provincial nas suas visitas aos confrades. Em 1956 o Irmão se deslocou para Bom Jesus da Lapa para ajudar a nossa fundação incipiente. Encontrou lá uma superabundância de trabalhos. Por exemplo: o funcionamento do motor para iluminar a gruta do Bom Jesus e a cidade toda. Existiam aí muitas falhas técnicas na instalação elétrica que ele consertava com muita competência. Em Bom Jesus da Lapa deu-se também um fato muito interessante. Um avião da linha para Belo Horizonte não pôde decolar por causa de um defeito no trem de aterragem. Foi procurado um técnico para fazer o conserto, mas não foi encontrado. Então, o Irmão Adriano ofereceu os seus serviços e para grande admiração dos pilotos, ajeitou tudo com perfeição. Como recompensa recebeu uma passagem grátis para Belo Horizonte; mas ele já tinha comprado a passagem. Em todo caso, teve a licença para efetuar a decolagem do avião! Em 1958 o Irmão Adriano foi transferido para Garanhuns, a fim de iniciar a construção da nova Igreja. Aí pôde aplicar plenamente os seus conhecimentos da construção de cimento armado. Junto com Irmão Urbano fez a primeira parte da igreja, isto é, até a cúpula. Mas já em 1959, foi chamado para Campina Grande para ajudar na Construção do Convento e do Seminário. A permanência do Irmão Adriano será de 1959 até o dia da sua morte, 22 de março de 1994. Em Campina Grande, as sua qualidades técnicas foram novamente aproveitadas. Após o fim da construção, ele funcionou até à morte como ecônomo da casa. Apesar dos seus modos um
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pouco ríspidos e inflexíveis, o Irmão tinha um coração de ouro e mostrava uma grande devoção para com Santíssima Virgem Maria. Sempre estava à disposição dos confrades, mas também do povo mais pobre. Os seus excelentes cuidados com os nossos enfermos eram famosos. Assim, aliviou os últimos anos do velho Pe. Pedro pelos cuidados constantes. Infelizmente, descuidou-se da sua Própria saúde. Sempre dizia: “Não preciso de médico”. Em meados de março de 1994 chegou ao Recife para iniciar a sua viagem para a Holanda, sendo uma repatriação definitiva. Mas empreendeu uma viagem bem diferente: a viagem para o Pai Eterno, a cujo serviço dera sua vida. Irmão Adriano foi sepultado no cemitério de Campina Grande-PB. Hoje seus restos mortais encontram-se no mausoléu Redentorista. Pensando agora na vida deste querido Irmão Adriano, me vem à mente a seguinte palavra de Jesus: - O que vocês acham disto? Certo homem tinha dois filhos. Ele foi ao mais velho e disse: “Filho, vá trabalhar hoje na vinha. O filho respondeu: “Não quero”. Mas, depois arrependeu-se e foi. O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Esse respondeu: “Sim, Senhor, eu vou”. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “O filho mais velho” (Mt 21, 28-31).
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21. Pe. Eurico (Henrique) Kea, CSsR Falecido no Canadá - 21/ 06/ 1994 (65 anos) O Pe. Eurico nasceu dia 21 de junho de 1929; fez a sua profissão religiosa em 08 de setembro de 1951 e foi ordenado sacerdote em 1956. Chegou ao Nordeste do Brasil em 1958 e teve sua ação missionária na Vice-Província do Recife-PE de 1958 a 1970 (dezembro). No início dos anos ‘50 a família dele tinha imigrado da Holanda para o Canadá. Na vice-Província do Recife, o Pe. Eurico logo se apresentou como ótimo missionário. Dedicou-se com muito zelo ao estudo da língua portuguesa, preparando-se bem para pregar em bom português. Na época, a Vice-Província do Recife estava empenhada na busca de uma nova modalidade da Missão Redentorista, a qual foi batizada com o nome de Ação Missionária. A Missão no estilo antigo era considerada um tanto efêmera. O conteúdo dos sermões não se encaixava bem nos pensamentos e nas ações daquela época. Desejava-se uma atualização mais adequada. A ênfase no “Salva a tua Alma” era julgada muito individualista. Queriam atingir o povo todo, em todas as suas dimensões. Exigia-se portanto uma ação mais profunda, em estreita colaboração com os responsáveis pela pastoral, para que pudesse haver uma garantia de continuidade. O Pe. Eurico, após as suas atividades paroquiais em Juazeiro da Bahia, de 1959 a 1961, engajou-se plenamente neste novo rumo das Missões. Muito conhecida ficou a experiência desta nova Ação Missionária em Afogados da Ingazeira-PE (Bispo: Dom Francisco A. de Mesquita). Participaram os Missionários Pe. Eurico, Pe. Pio e Pe. Gabriel. Foi uma Missão bastante prolongada (alguns meses). O Pe. Eurico foi de fato um missionário de mão-cheia na época do auge da Ação Missionária (‘60-‘70). Depois surgiu uma crítica a respeito da Ação Missionária. Seria, em si, um movimento desenvolvimentista da elite e não a partir do povo. Não se dava muita atenção aos valores da religiosidade popular. Em 1970 o Pe. Eurico deixou o Brasil, querendo cuidar pastoralmente dos imigrantes da língua portuguesa no Canadá. Em 1972 foi inscrito na Província redentorista de Toronto. 59
Em 1975 deixou aquela província e, em 1978 (6 de abril), recebeu o Indulto de exclaustração; no dia 30 de agosto de 1978 incardinou-se na Diocese de London, Ontário - Canadá. Sendo o Centro de London a base da sua ação pastoral, o Pe. Eurico servia a cinco comunidades de língua portuguesa que viviam muito espalhadas. Poucos dias depois do seu sexagésimo quinto aniversário o Pe. Eurico Kea teve um enfarte e faleceu. Em 1990 ele nos visitou no Nordeste. Naquela ocasião manifestou publicamente que sentia muita vontade de voltar para o Brasil, aceitando uma paróquia no Nordeste. Com esta vontade voltou para o Canadá, mas depois não ouvimos mais nada a respeito desse plano. Que o Pai do céu recompense seus muitos trabalhos em nossa Vice-Província. “Deus guarda aqueles que o amam” (Sl 120)
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22. Pe. Guilherme Van Keulen, CSsR Falecido em Bom Jesus da Lapa, BA - 1994 (72 anos) O Pe. Guilherme nasceu em 08 de outubro de 1922; fez sua profissão religiosa em 08 de setembro de 1943; sua ordenação sacerdotal aconteceu no dia 08 de setembro de 1948. Chegou ao Brasil (Vice-Província do Recife) em 1955 onde trabalhou até conseguir a Dispensa de seu casamento em 1965. Após a sua ordenação sacerdotal, Guilherme van Keulen foi nomeado professor do nosso seminário menor no Nebo. Em 1955 foi nomeado para trabalhar no Brasil. Nos primeiros anos no Nordeste sentia muitas saudades dos seus anos gloriosos no Nebo. Sua primeira área de atividades pastorais foi Campina Grande-PB, onde manifestou uma atividade paternal, com muito interesse pela vida do povo, cuja maioria consistia em gente muito simples. O centro das suas atividades era São José da Mata. Quando chegava em casa, tinha sempre muita coisa para contar e prendia a atenção de todos nós por causa da sua imaginação. Partindo de acontecimentos bem simples e inócuos, sabia compor estórias bastante cativantes. Um ex-estudante nosso foi batizado por ele na capela de São José da Mata e, por causa da veneração dos pais dele pelo Vigário, recebeu o nome de Guilherme (Guilherme Miguel Leão). Ficou trabalhando em Campina Grande até 1959, quando recebeu a honrosa incumbência de iniciar uma fundação redentorista em Souza-PB. O seu companheiro foi Bento Dashorst. A entrada dele naquela cidade sertaneja foi bastante triunfal, como se fossem dois estrategos romanos. Nada lhes faltaria e de todos os lados receberia simpatia e ajuda, principalmente de algumas senhoras mui piedosas. Iniciaram, com toda energia, um trabalho pastoral para dar nova vida à Paróquia recém-criada e no interior às diversas capelas. Pouco tempo depois, a equipe recebeu um grande reforço com a chegada do Pe. Afonso Sterke. Este organizou logo a catequese e conseguiu 52 catequistas. Foi organizada a “jornada silenciosa”. Todas as quintasfeiras, após a Missa das 19:00h, saía uma procissão de homens em profundo silêncio. Isto se fazia para comemorar um milagre do Santíssimo Sacramento que houve em Souza, conforme o dizer do povo. 61
Mas em 1962 esta fundação já foi suspensa por causa de uma nova divisão da área das Missões, em favor dos confrades Irlandeses recém-chegados a Fortaleza. No entanto Guilherme ficou nas altas regiões dos Governantes e era até chamado o “Príncipe Herdeiro” do Pe. João Batista van Gassel, o então Vice-Provincial. Em 1962 foi nomeado Vigário da nossa paróquia em Garanhuns-PE (1962-1964). Aqui, não encontrou aquele entusiasmo e calor religioso de Souza, mas se esforçou para continuar o trabalho dos seus antecessores. Após a visita do Provincial da Holanda Pe. Cristiano Oomen, CSsR, ele foi transferido para Bom Jesus da Lapa (Bahia) e, em 1965, recebeu a dispensa do Ministério Sacerdotal, casando-se com D. Minervina, natural da Lapa. O casal se fixou em Juiz de Fora-MG, onde recebeu todo o apoio do Pe. Jaime Snoek. Este conseguiu para Guilherme a cátedra de professor no Colégio dos Padres do Verbo Divino. Após a sua aposentadoria, prestou muitos serviços ao nosso Convento de Juiz de Fora. Quando o visitei, em 1992, ele era recepcionista-auxiliar, no Convento da Glória. Mas, infelizmente, foi acometido de uma doença fatal (leucemia) e esta doença se tornava cada vez mais violenta. Em 1994 apesar da objeção do médico foi, de ônibus à Lapa, para visitar a família da esposa, D. Minervina, e ver a situação de uma pequena propriedade que aí possuía. Esta viagem o prejudicou demais; quando chegou à Lapa teve uma crise muito forte e faleceu. Após a sua saída da nossa Congregação e do Ministério, o Guilherme sempre conservou fielmente o seu espírito religioso e a sua piedade. “De fato, nós nos tornamos participantes de Cristo, contanto que mantenhamos firmes até o fim a confiança que tivemos desde o início”. (Hb 3,14).
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23. Pe. José Maria Wennekes, CSsR Falecido em Warmond, Holanda - 29-01-1995 (82 anos) Após a sua formação num Instituto Pedagógico (formação de professores para ensino primário), o Pe. José foi enviado, em 1946, para o Suriname na função de Vigário e Professor de ensino primário, de 1946 a 1952. No fim desse período pediu a sua transferência para o Brasil. Chegou ao Nordeste Brasileiro em 1952. Abandonando o ensino, o Pe. José dedicou-se então, com toda alma, à sua vocação de Missionário do povo e no decorrer dos tempos, será Superior das Missões. Pregou inúmeras Missões em toda parte do Nordeste, até 1964. Teve como bases das suas atividades missionárias: Garanhuns, Juazeiro da Bahia e Campina Grande. O Pe. José era muito meticuloso nas suas programações e bastante pontual quanto ao horário. Os seus talentos didáticos se revelavam, principalmente, nas suas instruções e também no seu sistema catequético. Era realmente mestre por excelência na explicação da doutrina para as crianças. Os cantos para as crianças, compostos por ele mesmo, eram logo assimilados pela criançada entusiasmada! O Missionário Pe. José era chamado o Padre ultramoderno da era atômica, porque aproveitava da “projeção luminosa” para elucidar mais concretamente a pregação e para que, através do visual, o conteúdo da pregação penetrasse mais a mente do povo. Em 1964 a Vice-Província do Recife aceitou uma nova fundação a saber, São José da Coroa Grande, situada na região praiana a 120 km de distância do Recife. É uma cidadezinha de pescadores e veranistas. A finalidade desta nova fundação seria propiciar aos confrades da Vice-Província um lugar adequado para as férias. Pe. José será um anfitrião muito amável e generoso. Com o seu inseparável cachimbo na boca e dois na mesa para a próxima baforada, ele sabia contar muitas histórias referentes às suas atividades em Suriname e às experiências das Missões, de maneira especial a respeito das Missões que pregou junto com Pe. Miguel. A ação pastoral na sua função de Vigário consistia em visitas domiciliares e tudo isso era realizado dentro de um esquema extremamente sistemático. Tudo na hora exata! 63
Uma águia não defenderia mais ardentemente os seus filhotes contra certos ataques do que Pe. José o esquema dos seus horários. O Pe. José tinha o dom de conduzir os homens a adotarem atitudes mais religiosas. É, de fato, um fenômeno um tanto especial que, ao longo do litoral, a classe dos pescadores é considerada indiferente à religião. Eles passam semanas e semanas em alto mar para poder ganhar a sua miserável subsistência. A pesca é vendida por um preço barato aos intermediários e estes vendiam o peixe por preço bem alto. Portanto, os pescadores viviam na pobreza e em decorrência disto, entregam-se à cachaça. Uma vida mais ligada com a Igreja lhes é estranha. No entanto, o Pe. José conseguiu a participação religiosa de um grupo de pescadores. Infelizmente os seus sucessores não tiveram o jeito que ele tinha para continuar essa pastoral dos pescadores tão necessária. O Pe. José foi acometido de uma crise estomacal e foi operado. Foi preciso fazer gastrectomia parcial. Isto fez diminuir as suas forças físicas. Não obstante foi nomeado Reitor do Convento de Campina Grande (de 1967 a 1972). Foram para ele anos muito positivos (Novena Perpétua), mas também de alguns dissabores. Naquele tempo, vários(as) religiosos(as) começaram a deixar os conventos a fim de morar no meio do povo pobre. Evidentemente, foi uma opção muito generosa: viver no meio dos pobres, partilhar os problemas deles; a inserção total daquele mundo, inspirada pela Palavra de Deus, Na busca de caminhos que levassem à libertação da pobreza e da miséria. Por experiência própria e por vários contatos, constatei que este ideal muito elevado era vivido de maneira autêntica por várias pequenas comunidades de Religiosas. Elas viviam essa opção com total liberdade, assumindo todas as conseqüências. Mas o grupinho da comunidade do Pe. José não foi muito feliz na sua experiência no sentido acima mencionado. Foi mais um rebelar-se contra certas estruturas da vida religiosa nos grandes Conventos. Na minha opinião, não foi uma opção sadia e os choques provenientes daquelas posições devem ter magoado muito o Pe. José. Após os anos difíceis de Campina Grande, em 1972 o Pe. José optou por uma paróquia na praia, em Maragogí-AL. Assumiu uma espécie de vida de eremita, longe das comoções na ViceProvíncia. Naturalmente, gostava de receber hóspedes, principalmente quando se tratava de confrades. 64
Naquela praia, o Pe. José vivia com um homem piedoso, visitava o seu “povinho” e gostava de atender a todos. Em 1984 porém, foi convidado para mudar-se para Arcoverde, a fim de ajudar os confrades; logo aceitou o convite. Mas as suas forças físicas estavam diminuindo cada vez mais. Assim, em 1987, repatriou-se definitivamente e passou o resto da sua vida em Wormond, onde existe uma casa para religiosos(as) idosos(as). Ele passou lá como um verdadeiro Simeão: justo e piedoso, esperando pela consolação de Deus. Aí faleceu, cheio de paz e tranqüilidade no dia 29 de janeiro de 1995. “Ao contrário, a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura, pacífica, humilde, compreensiva, cheia de misericórdia e bons frutos. O fruto da justiça é semeado na paz para aqueles que trabalham pela paz” (Tg 3, 17-18).
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24. Pe. Pascoal (Teofânio) Stallaert, CSsR Falecido em Nijmegen, Holanda - 29-10-1995 O Pe. Teofânio após a sua ordenação sacerdotal trabalhou de 1943 a 1949 na Holanda, pregando Missões. Por pouco tempo foi professor do nosso seminário menor, mas não tinha jeito para lidar com aquela meninada impossível. Em 1949 recebeu a feliz notícia de que fora indicado para trabalhar nas terras brasileiras e, com muita alegria e satisfação, aceitou essa missão. Após a sua chegada no Rio de Janeiro permaneceu durante alguns meses no nosso convento de Santo Afonso para aprender a língua portuguesa e logo habituou-se à vivência Brasileira. No mês de fevereiro de 1950 foi transferido para Juazeiro da Bahia a fim de ajudar ao Pe. Clemente Tresoor na realização da nossa segunda fundação redentorista no Nordeste. Desde o início esses dois redentoristas fizeram tudo com um verdadeiro zelo missionário para despertar o povo da sua sonolência espiritual. Isto foi através da ação dentro e fora da IgrejaMatriz e nas capelas do Sertão, muito distantes umas das outras. Para o Pe. Teofânio foi uma verdadeira prova de fogo, pois foi uma ação missionária muito intensiva e às vezes exaustiva, na cidade e no imenso interior. Para favorecer a classe operária o Pe. Teofânio fundou o Círculo Operário, procurando combater também as injustiças cometidas contra essa classe mais oprimida. Os dois missionários organizaram também um trabalho de catequese em todas as escolas da cidade. Fizeram muitas visitas domiciliares principalmente nos bairros mais pobres. Por causa desse zelo excepcional houve então uma avalanche de legitimações de uniões ilegítimas. O Pe. Teofânio permaneceu na casa de Juazeiro da Bahia de 1950 até 1956, sendo Vigário e Superior de 1953 até 1956. Em 1956 o Pe. Teofânio recebeu a incumbência de fundar uma casa redentorista em Bom Jesus da Lapa (Bahia). Para sentirmos a imensa carga que foi colocada nos seus ombros, transmito um pouco da pré-história desta nova fundação. O Pe. Carlos Maria Donker, logo que assumiu o cargo de Superior da Missão de Garanhuns, dera os primeiros passos para realizar esse projeto. Para poder dar uma informação mais pormenorizada ao Revmo. Pe. Geral, ele foi assistir à Novena do 66
Bom Jesus da Lapa (agosto de 1951). Em carta ao Pe. Geral, datada de 21 de setembro de 1951, expôs a situação e deu um parecer muito favorável. A paróquia seria dada “ad nutum Santae Sedis”, para maior segurança, caso a Lapa fosse criada Diocese. No dia 02 de agosto de 1952 Dom João Muniz, CSsR, Mons Turíbio (Espanhol e Vigário colado na Lapa) e Pe. Carlos Maria Donker, CSsR se reuniram na casa paroquial da Lapa. Houve a comunicação da renúncia voluntária de Mons. Turíbio e parecia que tudo estava resolvido de uma vez por todas. Mas, em carta de 19 de dezembro 1952, Dom João Muniz comunicou ao Pe. Carlos Maria que Mons Turíbio se recusou a deixar o posto, instigado por um grupo de interessados na permanência dele. Mons. Turíbio apelara para a Nunciatura no Rio de Janeiro e então iniciou-se um processo prolongado. Em meados de 1953, Dom João Muniz comunicou que perdera o pleito junto à “Sancta Congregatio de Concilio”. Durante os anos de 1953 e 1954 não houve mais progresso quanto a esse empreendimento, mas o ano de 1955 foi de atividades mais esperançosas. Numa reunião em Juazeiro da Bahia, Dom João Muniz comunicou ao Pe. Carlos Maria que recebeu um pedido dos Carmelitas Descalços da Holanda para assumir o Santuário do Bom Jesus da Lapa. O Bispo fez ver, porém, que não podia faltar ao compromisso assumido com a Congregação Redentorista. Só no ano de 1956 houve um desfecho dessa situação intricada. No mês de abril de 1956, os Carmelitas Descalços exigiram novamente a administração do Santuário. Através do Núncio Apostólico, a “Sancta Congregatio de Concilio” comunicou ao Bispo que a entrada dos Redentoristas não era oportuna. A reposta de Dom João Muniz foi a seguinte: a) Mons, Turíbio deixou a Lapa no dia 06 de abril de 1956 conforme prometera. b) Confia-se que a “Sancta Congregatio de Concilio” permita aos Redentoristas a entrada na Lapa para tomar conta do Santuário e da Paróquia. c) A Diocese se prontificará a dar uma subvenção aos Carmelitas Descalços, mas não lhes confiará a administração do Santuário do Bom Jesus. No dia 24 de abril de 1956 chegou em Garanhuns o comunicado de Dom João Muniz: “Lapa aceita para os Redentoristas; os Carmelitas abandonaram a Diocese”. Assim foi
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em resumo, a penosa pré-história da Fundação Redentorista em Bom Jesus da Lapa. No dia 05 de maio de 1956 foi iniciada a fundação redentorista do Bom Jesus da Lapa nessas circunstâncias extremamente precárias. Mas Pe. Teofânio, ajudado pelo confrade Pe. Canísio de Groot enfrentou essa situação com muita fé e coragem. O Vice-Provincial, Pe. Carlos Maria achou prudente ficar na Lapa até depois da Novena do Bom Jesus para ajudá-lo e, em caso de alguma desavença, poder tomar as necessárias providências. Foi combinado de não se tocar nos graves problemas do passado, nem em particular nem em público. O objetivo exclusivo seria o trabalho à serviço dos romeiros. Os romeiros vinham chegando em grupos sempre maiores. O relatório de 1957 (um ano depois da chegada dos Redentoristas), já manifesta um mundo de trabalho: 33.860 confissões; 42.750 comunhões; 1.673 batizados e 229 casamentos. Em 1959 o Pe. Teofânio foi nomeado Superior da casa de Garanhuns e Vigário da nossa paróquia. Encontrou a nova matriz em construção, pois a primeira pedra fora colocada no dia 11 de fevereiro de 1958. Com aquele zelo apostólico que lhe era tão próprio, o Pe. Teofânio se dedicou aos serviços paroquiais, colocando como sua prioridade o cuidado dos pobres. Mas também teve a incumbência de vigiar mais a observância da Santa Regra e, neste ponto, era um tanto escrupuloso. Em 1962 foi liberado desse ônus quase insuportável para ele e de 1962 em diante, vai encontrar um campo mais livre para pregar as Santas Missões. Sendo dotado de dons artísticos, o Pe. Teofânio sabia dar vida às Missões. Suas Inspirações poéticas eram inesgotáveis. Compôs uma superabundância de dramas e encenações. Menciono apenas alguns títulos: “O mistério da Cruz”; “As angústias de São José”; “São Sebastião, o soldado rebelde”; “São Miguel”; “Natal do jangadeiro”; “Natal da Virgem”; “Nossa Senhora de Fátima”; “A Imaculada”; “O Coração Divino”; “A préhistória da Igreja”; “Padre Cicero Romão Batista”; “São João Batista, a grande pergunta”. Na década de setenta, quando o número de Missões diminuía cada vez mais, o Pe. Teofânio aceitou o encargo de Vigário de São Sebastião do Umbuzeiro-PB. Nesta paróquia, além do serviço paroquial, procurou despertar no povo o interesse pela literatura, a poesia e pela arte dramática. Para esse fim construiu uma espécie de teatro. 68
De 1979 a 1984, o Pe. Teofânio foi novamente Vigário de Garanhuns. Ele já estava cansado da luta e das atividades pastorais, mas com muita dedicação procurou dar tudo de si para o bem do povo, especialmente para os pobres e os enfermos nos diversos Hospitais e nas casas. Mas então já se mostravam os primeiros sintomas da doença fatal. No entanto, com a sua vontade de ferro, não quis deixar o trabalho em benefício do povo de Deus. Em 1984 aceitou uma paróquia bem modesta na cidade de Caruaru-PE. A presença benéfica do Pe. Teofânio fez bem a muita gente naquela paróquia. Em 1992 voltou definitivamente para a Holanda e foi bem acolhido no nosso Convento Nebo. Com uma dedicação extraordinária concluiu a sua obra “Salmos e Reflexões” (405 p.). No entanto, teve também horas amargas, de depressão profunda, de maneira particular após a certeza da aproximação da sua morte. Finalmente conseguiu superar aquelas crises e houve uma plena aceitação e uma completa entrega à vontade de Deus. Faleceu no dia 29 de outubro de 1995 e no dia 3 de novembro foi sepultado no cemitério do nosso Convento. Louvai a Deus no seu templo, Louvai-o seu poderoso firmamento, Louvai-o por suas façanhas, Louvai-o por sua grandeza imensa! Louvai-o com toque de trombeta, Louvai-o com cítara e harpa, Louvai-o com dança e tambor, Louvai-o com cordas e flautas, Louvai-o com címbalos sonoros! Louvai-o com címbalos retumbantes! Todo ser que respira louve a Deus! Este é um canto vivo, o canto da vida, a própria vida, o canto da eternidade. É um canto de uma estrutura totalmente diferente, pois cantado por todos os seres celestiais. É o canto da pertença eterna a Deus. Deus é a música e nós seremos o eco das suas melodias maravilhosas.
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25. Ir. José Kluwen, CSsR Falecido em 1974 O Ir. José Kluwen nasceu em 1934; fez a sua profissão religiosa em 1954. Chegou ao Nordeste em 1959 onde trabalhou por dez anos até obter a Dispensa dos votos em 1969 (60 anos). A sua profissão era carpinteiro. A primeira casa para ele foi Garanhuns-PE 1959 a 1964 onde trabalhou na cozinha e exercendo outros serviços domésticos. Nada pôde realizar referente à sua profissão. Era um Irmão expansivo, alegre, comunicativo e de vez em quando desmedido na sua linguagem, mas de coração bom e generoso. Em 1964 foi transferido para Natal-RN, mas já em 1966 pediu a dispensa dos votos e casou-se com Gracinha, filha de D. Maria, a nossa cozinheira. Foi morar no Recife e passou uma época muito difícil quanto à situação financeira. Depois de alguns anos conseguiu um bom emprego numa firma holandesa (comércio de madeira) na Ilha do Amapá. Na década de setenta teve uma época boa, ganhando bem. Aí nasceu o seu filho. Mas José fazia também um trabalho de conscientização no meio operário e isso não agradou aos chefões da firma. Um dia, ajudando no transporte fluvial da madeira colocada na balsa esta virou. Todos se salvaram, menos José que era um bom nadador. O fato ficou sem muitas explicações. O Bispo daquela região deu a mim, pessoalmente, o seguinte testemunho: “O José era um ótimo cristão, ativo no setor social, ajudando os operários a não serem explorados pela firma holandesa Bruinzeel. Estou convencido de que a morte do José foi assassinato. Naquela hora do desastre alguém, pago pela firma, deve ter batido na sua cabeça até ele ficar inconsciente morrendo afogado”. Assim o Bispo me garantiu taxativamente. Ainda propus procurar uma intervenção do Ministro da Justiça, para que a Firma Bruinzeel fosse processada por crime de morte, mas um processo desses não poderia ter resultado por falta de testemunhas. Não me recordo do ano da morte trágica do nosso Exconfrade Irmão José, mas deve ter sido entre 1973 e 1974.
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Nossa vida é um presente de Deus. Vamos oferecer a Deus todo o bem que irmão José praticou e louvá-lo pelo tempo que viveu entre nós. Dai-lhe Senhor, o repouso eterno. “A morte é como a semente que se abre para a vida, para o sol que é Deus”.
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26. Ir. Marcelino Wetzels, CSsR Falecido na Holanda - Segunda metade dos anos 70 O Ir. Marcelino Wetzels nasceu em 1922; fez a sua profissão religiosa em 1950 no Rio de Janeiro. Veio para o Nordeste em 1958 onde trabalhou até conseguir a Dispensa dos votos em 1962. O Irmão Marcelino era alfaiate de profissão e trabalhou na Província do Rio de Janeiro junto com o Irmão Belarmino. Ele não se deu bem no ambiente da Província do Rio de Janeiro e pediu a transferência para a Vice-Província do Recife em 1958. Trabalhou na casa de Garanhuns de 1958 a 1959; em Campina Grande em 1959 e de novo em Garanhuns de 1959 a 1962. Neste ano retornou para a Holanda e pediu a dispensa dos votos. Durante a sua permanência na Vice-Província do recife não pôde se dedicar à sua Profissão de alfaiate, pois foi incumbido de trabalhos domésticos (cozinha, portaria, etc). Em Garanhuns teve umas crises muito fortes do sistema nervoso. Conhecendo a história da vida do Irmão Marcelino, poderse-á chegar a uma compreensão do sofrimento dele. Na segunda guerra mundial foi obrigado a se alistar no exército alemão e passou alguns anos na linha de combate na Rússia. Após a derrota do exército alemão em Stalingrado e na retirada das tropas alemãs, Marcelino sofreu misérias incríveis como a fome e o frio, andando a pé por aquelas terras imensas e cobertas de neve da Rússia. Assim se compreende porque Marcelino ficou terrivelmente traumatizado e o porque daquelas crises de nervosismo e de uma angústia insuportável. Apesar de todo aquele sofrimento Marcelino era um Irmão muito delicado no trato e de uma disponibilidade extraordinária para ajudar os seus confrades. Em 1962 o Irmão Marcelino foi chamado de volta para a Holanda e conseguiu a dispensa dos votos. Casou-se e perdeu o contato com os antigos confrades. A notícia da sua morte chegou ao Convento de Wittem, mas ninguém de lá sabe informar sobre a data exata. Deve ter sido na segunda metade de ‘70. Acolhei Senhor, este vosso filho que tanto amastes nesta vida. Que goze para sempre do sorriso do Pai do Céu!
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27. Pe. Adriano (Gerardus) Backx, CSsR Falecido no Nebo em Nijmegen - 19-06-1997 (79 anos) Pe. Adriano nasceu no dia 26 de julho de 1917, em Steenbergen, Holanda. Fez os seus votos religiosos em S’Hertogenbosch no dia 8 de setembro de 1940 e foi ordenado sacerdote no dia 24 de abril de 1946 em Wittem. Faleceu no dia 19 de junho de 1997 no Nebo em Nijmegen onde está sepultado. Vindo da Vice-Província do Rio de Janeiro chegou a Garanhuns-PE no dia 22 de dezembro de 1947. O Brasil foi tudo para ele. Trabalhou aqui mais de 40 anos com dedicação e fidelidade, de modo especial com os pobres e doentes. A estes pertencia o seu coração. Morou nas seguintes comunidades: Garanhuns, Juazeiro da Bahia, Campina Grande, Arcoverde, Natal e Recife. Desenvolveu sua ação pastoral no campo das missões, das atividades paroquiais, na coordenação da Pastoral da Saúde da Arquidiocese de Olinda e Recife e da CRB NE II, como capelão hospitalar e escritor. Falar de Pe. Adriano é falar da Pastoral da Saúde. O trabalho com os doentes estava na sua alma. Sua preocupação era de organizar uma pastoral humana de escuta e não simplesmente de sacramentalização. Procurava a individualidade da pessoa e para isso, em uma tarde, atendia apenas de 3 a 4 doentes, para poder ter contato de amizade, afetividade, para tornar-se próximo. Assim, Pe. Adriano olhava a pessoa inteira, não só a alma. Para os doentes e idosos escreveu vários trabalhos. De 1977 a 1989 escreveu bimestralmente o folheto “Carta aos Doentes” animando os doentes e a todos que trabalhavam na Pastoral da Saúde. Com o seu dom para escrever, elaborou com o Pe. Geraldo Pennock, o único material organizado que temos da história da ViceProvíncia: “A Presença dos Missionários Redentoristas no Nordeste”. Traduziu do holandês para o português, o livro do Pe. Manders CSsR: O Amor na Espiritualidade de Santo Afonso. Sem dizer nada Pe. Adriano observava tudo ao seu redor. Possuía o dom de caracterizar em poucas palavras, com humor suave, mas certeiro, pessoas e situações. Ainda hoje são lembrados muitos dos seus ditados, apelidos e comparações. 73
De volta para a Holanda encontrou seu lugar na comunidade de Nebo. Como já acontecia no Brasil, sua atenção para os doentes era muito pessoal e benéfica. Este cuidado se tornou tarefa diária, pelo menos durante o tempo em que isto lhe era possível. E ainda continuou trabalhando para o Brasil. Entre outras coisas fez a tradução de centenas de documentos do arquivo para o português. Como um dos membros da 1ª Comunidade que iniciou a “Missão de Garanhuns”, era projeto seu escrever a história dos primeiros anos da comunidade fundadora de 1947. Estava ansioso para ver o In Memoriam publicado. No dia em que terminamos a digitação do último texto deste seu livro, recebemos a notícia de seu falecimento. Sem dúvida, nosso confrade soube duplicar os talentos que lhe foram confiados. Por isso rezamos, que participe da alegria do Senhor como um servo bom e fiel. No ano de 1997 quando celebramos os 50 anos de presença redentorista no Nordeste ele foi homenageado com o nome de uma rua no bairro da Liberdade em Garanhuns. Ainda hoje alguns de seus livros continuam sendo publicados. Em 2003 quando a Igreja no Brasil celebrou a Campanha da Fraternidade sobre os idosos outro livro seu ganhou uma nova e bonita edição. “A saúde é como a vida, portanto não é um bem eterno, mas algo passageiro. Por isso, a doença não é apenas um prenúncio da morte, mas também da vida eterna que Deus nos dará.” Do livro: Uma Mensagem para o Doente: A Esperança não Decepciona - Pag. 20. Pe. Adriano Backx.
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28. Pe Carlos (Aloysius) Maria Donker, CSsR Falecido em Nijmegen - 01-08-1998 (99 anos) Vice-Provincial de 1951 a 1956 O Pe. Carlos Donker nasceu no dia 02 de junho de 1899 e tornou-se membro da Congregação dos Redentoristas em 29 de setembro de 1918; ordenou-se sacerdote em 03 de outubro de 1923. No dia 01 de agosto de 1998 faleceu em Nijmegen e foi sepultado no dia 05 do mesmo mês no cemitério convento do Nebo em Nijmegen. Por ocasião de seu jubileu de ouro de ordenação sacerdotal em 1973, escreveu ao seu superior provincial: “Não poucas vezes tentei realizar e empreender alguma coisa. Embora possa afirmar que o bem estar da Congregação nisto sempre foi motivo, nem sempre todas as motivações foram ‘voltadas para o alto’. Muita coisa devo atribuir ao meu caráter impulsivo de homem ativista que sou. Daí a pessoa faz a experiência diferente do que imaginara. Essas decepções caem então na própria cabeça e servem para o ensinamento e para olhar ‘para cima’, de forma que de novo se chega na linha ‘vertical’.” Com isso, Pe. Carlos Donker se caracterizou. Era mais um homem de atos do que palavras. Um homem ativo, com talento de governar. Isto se manifestou logo durante o primeiro período no Brasil, de 1924 a 1935. Seu talento de governar veio à luz mais claramente no período de 1935 a 1950, quando ocupou as funções de ecônomo e provincial na Holanda. Foi neste período em 1947, que ele foi enviado pelo Governo Geral como visitador Extraordinário para a Província de São Paulo. De novo no Brasil de 1950 a 1957 mostrou sua visão criativa e persistência ao fundar a Vice-Província de Recife. Vivendo o ideal redentorista gostava de enfrentar desafios. Ao organizar a ViceProvíncia nos seus primeiros anos escolheu com sabedoria os pontos estratégicos. Já havia Garanhuns, um oásis no clima quente do Nordeste; Arcoverde, a porta do sertão; Campina Grande com seu clima ameno e ponto central, lugar apropriado para uma casa de formação. Por fim, teve coragem e ousadia na idade de 58 anos de dar os primeiros impulsos ao experimento do COLAM (Colégio Latino Americano). Decepções não lhe foram poupadas. Mas sabia “administrá-las” e ele era suave e misericordioso no seu juízo. E 75
exatamente nestes momentos deixou transparecer algo de sua fé no seu Senhor. A narração dos discípulos de Emaús lhe era muito cara. Discípulos na incerteza e confusos, que não reconheciam a Jesus, mas se sentiam encorajados por suas palavras. Era isto para ele uma experiência em que se reconhecia. Nos últimos decênios de sua vida sabia, com sua experiência tranqüila e equilibrada, dar conteúdo a sua existência e participa-la aos outros. Somos gratos a ele e acreditamos que seus olhos se abriram para o reconhecimento do Senhor a cujo serviço vivia. “Então seus olhos se abriram e o reconheceram” (Lc 24,31)
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29. Pe. Timóteo Veltman, CSsR Falecido em Aparecida, SP - 09-04-1998 (81 anos) Co-fundador da casa de Arcoverde, PE Na tarde de 09 de abril passado, em nosso Convento da Basílica, em Aparecida, na idade de 81 anos, Pe. Timóteo Veltman voltou para o pai. Já há alguns meses, seu estado de saúde estava decaindo visivelmente: emagreceu e enfraqueceu muito. Os médicos o acompanhavam, mas parecia não terem descoberto nada de mais grave. Pe. Timóteo, que tinha o nome de Tjipke, nasceu na Holanda, em Workum, no dia 14 de outubro de 1918. Em 1934 terminou seus estudos secundários. Daí em diante começou a estudar sozinho, sem escola e professores. Em 1946 prestou exames diante de bancas do governo e foi aprovado, podendo prestar exames em todas as Faculdades e Universidades da Holanda. Em 1946 após os exames, entrou para a CSsR., diretamente para o Noviciado, em Hertogenbosch, onde fez sua profissão religiosa em 08 de setembro de 1947. Fez o Seminário Maior em Witten, onde foi ordenado sacerdote em 17 de setembro de 1952. Em 1954 veio para o Brasil, como membro da Vice-Província de Recife. Durante algum tempo foi professor no nosso Seminário Menor em Garanhuns. Durante anos percorreu todo o Nordeste, como missionário. Nunca se sentiu atraído para o trabalho paroquial, sempre foi um verdadeiro missionário. Quando depois do Concílio Vaticano II se procurou uma nova forma para as Missões Populares, na assim chamada “Ação Missionária”, ele também aderiu. Depois ele elaborou um projeto de missões, para o interior de Alagoas. A Diocese de Palmeira dos Índios-AL foi durante vários anos campo de sua atuação missionária. Atuou lá sozinho por falta de confrades que pudessem ir com ele, e porque nunca foi homem de trabalhar em equipe. O povo conta muitas histórias de sua vida missionária. Celebrando a missa numa noite de Natal foi incomodado pelo barulho de uma casa vizinha onde a música estava alta de mais. Mandou pedir que abaixassem o som, mas não foi atendido. Depois da missa foi amaldiçoar a casa; houve depois fatos desastrosos e hoje ninguém quer morar naquela casa. 77
Pe. Timóteo foi sempre um apaixonado pela Matemática e Física Teórica. Seus conhecimentos nessas matérias correspondem ao PHD dos Estados Unidos. Sempre que tinha tempo, lá estava ele com seus livros de Física, que levava até mesmo nas Missões. Depois da Missão Geral de Curitiba, começou a pregar missões junto com os missionários da Província de São Paulo, morando em Araraquara. Em 1985 pediu e obteve a adscrição definitiva à Província de São Paulo. De 1986 a 1993 morou no Jardim Paulistano em São Paulo, para ter mais facilidade para continuar seus estudos e também realizar apostolado no meio universitário. Em 1994 foi transferido para o Convento da Basílica, dedicando-se ao apostolado com os romeiros, enquanto suas forças o permitiram. Era membro da “The New York Academy of Sciences” e da “American Association for the Advancement of Sciences” dos Estados Unidos. Pe. Timóteo tinha 4 irmãs: 2 casadas e 2 religiosas: uma Irmã Redentorista e outra Dominicana. Uma das irmãs casadas, sabendo da sua doença, veio visitá-lo, chegando a São Paulo no dia 09, algumas horas depois do seu falecimento. Ela pôde, porém, participar da missa de corpo presente e enterro, no dia 10. “Venha, servo bom e fiel, tomar posse da Herança que está preparada desde toda a eternidade”.
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30. Pe. Humberto (Gerardus) Plummen, CSsR Falecido no dia 06 de setembro de 2001 em Recife- PE (73 anos) Vice-Provincial de 1981 a 1987 No dia 05 de setembro de 2001 Pe. Humberto fez sua Páscoa para a eternidade. Depois de celebrar em sua comunidade e fazer uma reunião com as lideranças, como um bom amante do futebol, foi para casa assistir o jogo de Brasil e Argentina. Depois de um dia de trabalho Deus o chamou... Pe.Humberto nasceu em MHEER, lugarzinho perto de Maastricht no Sul da Holanda, no dia 28 de janeiro de 1928. Seu nome completo era Jan Hubert Gerardus Plummen (João Humberto Geraldo). Fez sua Profissão Religiosa como Missionário Redentorista na Holanda no dia 08 de setembro de 1949. Começou seus estudos em Wittem (Holanda) e em 1953 veio com outros colegas para o Brasil terminar seus estudos teológicos em Floresta, perto de Juiz de Fora (MG). Em 21 de setembro de 1954 foi ordenado sacerdote. Em 1955 veio para o Nordeste, para a Vice-Província do Recife. Começou seu trabalho em Campina Grande-PB, ajudando na Paróquia e tomando conta de Galante de 1955 a 1956. De 1956 a 1959 ajudou na Paróquia de Arcoverde-PE. De 1959 a 1961 mudou-se para Garanhuns-PE para ajudar no Seminário Menor dos Redentoristas como professor e também dar assistência pastoral. Em 1962 foi enviado para Louvânia na Bélgica para estudar Sociologia onde se formou em 1966. Voltando para o Nordeste foi nomeado prefeito dos seminaristas maiores da Vice-Província. As aulas eram ministradas em Camaragibe, na casa dos padres do Sagrado Coração de Jesus e lá surgiu a idéia da fundação do ITER, Instituto Teológico de Recife. O ITER funcionou inicialmente na FAFIRE, e depois mudouse para o Centro Dom Vital na Rua do Giriquiti; em seguida para o prédio em frente ao Hospital Pedro II. Em 1989 o ITER foi fechado. Já antes Pe. Humberto com uma equipe tinha fundado a DEPA, Departamento de Pesquisa e Assessoria, durante vários anos ele foi Diretor destas entidades.
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Além dos seus trabalhos na formação e como professor, ele assumiu trabalho pastoral nas paróquias de Santa Isabel (19791983) e da Estância (1983-1985). Durante todo este tempo Pe. Humberto teve uma presença marcante na Pastoral da Igreja do Nordeste, principalmente na Arquidiocese de Olinda e Recife. Dentre estes trabalhos destacaríamos o Centro de Pastoral dos Pescadores, onde atuava com dedicação. Esteve muito unido a Dom Helder. Foi Vigário Episcopal para o mundo de trabalho e assessorou na preparação do célebre Documento “Ouvi os Clamores do Meu Povo”. Também deu assessoria em inúmeras reuniões e assembléias, tanto diocesanas como também a diversas Congregações Religiosas masculinas e femininas. Foi durante 3 (três) períodos Presidente da CRB, Conferência dos Religiosos do Brasil-Nordeste II e nas Regionais da CRB (Recife-Fortaleza). Assessorou inúmeros encontros, especialmente na área de formação de religiosos e religiosas. Na Vice-Província ocupou vários postos: de Conselheiro e de Vice-Provincial de 25 de fevereiro de 1981 até 18 de fevereiro de 1987. Em 1986 foi morar no Ibura - UR 5 e depois na UR 6, onde morreu. O marco do seu trabalho foi sua atenção à justiça social e aos pobres excluídos. Destacaríamos especialmente o “GRITO DOS EXCLUÍDOS”. Coincidentemente, Deus o chamou na véspera desse evento, de que ele foi um grande incentivador e participante. No Ibura - UR 6 conseguiu, como último trabalho, junto com o povo, a ampliação da Capela Nossa Sra. de Fátima. Morreu em sua residência no Ibura no dia 06 de setembro de 2001, aos 73 anos vítima de edema pulmonar. “Deus lhe deu um coração de discípulo, para aprender com os aflitos e injustiçados; Chorou suas dores e tornou-se seu aliado, Entre os deserdados e desterrados armou sua tenda. Deus o despertou para ouvir os clamores do povo E buscar cura para as suas feridas. E ele sempre respondeu: “aqui estou!” Foi atacado e não recuou, Foi amado e correspondeu. Deu frutos em toda sua vida, E na velhice entregou o cêntuplo de seus dons. Na tristeza de sua partida para o mistério infinito, 80
Saibamos agradecer seu amor e O dom de sua vida para todos nós. Que ele continue sendo o inspirador o instigador o amigo o educador De nossas lutas por terra, ternura, pão e liberdade.”
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31. Pe. Antonius (Gerardus) Esselaar, CSsR Falecido em Warmond, Holanda – 23/10/2001 (87 anos) O Pe. Antônio Esselaar nasceu em Amsterdã no dia 03 de fevereiro de 1914. Sua profissão religiosa aconteceu no dia 08 de setembro de 1947 em Den Bosch, casa de noviciado da Província Holandesa e ordenou-se sacerdote em Wittem no dia 17 de setembro de 1952. Depois de concluir os seus estudos teológicos veio trabalhar como missionário no Brasil, aqui chegando em 1954. Na ViceProvíncia do Recife trabalhou em diversas comunidades: Garanhuns (1954), Juazeiro da Bahia (1954-1957), Bom Jesus da Lapa (19571965), novamente Garanhuns (1965-1967), outra vez Juazeiro (1967-1971), São José da Coroa Grande (1971-1979), Pedro Avelino (1979-184), Arcoverde (1984) e Natal (1984-1990) quando retornou à Holanda, passando a residir na casa de repouso para idosos de Warmond. Pe. Antonio faleceu no dia 23 de outubro de 2001. As informações colhidas juntos daqueles que com ele conviveram nos falam que ele era uma pessoa sensível e muito preocupada com o bem estar material e espiritual de seus confrades. Mesmo nos últimos anos de sua vida soube manter o bom humor que lhe era característico. Pe. Antonio era bastante temperamental, custava a perder a calma, mas quando isto acontecia... Sobre a sua vida temos até mesmo alguns episódios folclóricos. Quando residiu em São José da Coroa Grande ele era mais procurado para consertar geladeiras e outros utensílios domésticos, do que para visitar os doentes que dele necessitavam. Outro episódio: Quando trabalhava em Juazeiro da Bahia Pe. Antonio perdeu uma de seus olhos, passando a usar uma prótese de vidro no lugar. Ainda assim sempre conseguiu renovar a sua carteira de motorista, mesmo tendo um olho só. Certa vez durante o velório do Pe. Canísio estava do lado de fora da Igreja procurando alguma coisa pelo chão. O sacristão da Igreja chegou e perguntou o que procurava ao que ele respondeu: “Estou procurando o meu olho”. Imaginem a cara de surpresa do sacristão!
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Pe. Antonio era companheiro de turma do Pe. Timóteo e gostava muito de andar de com ele. Era interessante ver o contraste entre a altura do Pe. Timóteo e a sua pequena estatura. Em Juazeiro Pe. Antonio construiu uma escola e uma capela, característica dele sempre repetida em vários lugares por onde passou.
“Jesus percorria todas as cidades e aldeias, e ali ensinava em suas sinagogas, proclamando a Boa Nova do Reino e curando toda doença e enfermidade”. Mt. 9,36
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32. Pe. Clemente (Bernardo Maria) Tresoor, CSsR Falecido em Wittem, Holanda – 08/03/2004 (94 anos) O Pe. Clemente nasceu em Amsterdã, na Holanda no dia 14 de abril de 1909. Emitiu os votos religiosos na Congregação Redentorista em ‘s Hertogenboseh aos 08 de setembro de 1932. Ordenou-se sacerdote em Wittem aos 22 de setembro de 1937. Veio para o Brasil em 1938, ligando-se à Vice-Província do Rio de Janeiro, onde ficou até 1949, quando veio para o Nordeste. Na Vice-Província do Recife morou nas seguintes comunidades: Garanhuns (1949-1950), Juazeiro da Bahia, onde foi o iniciador da comunidade (1950-1953), novamente Garanhuns (1953-1957), Recife - Madalena (1957-1964), outra vez em Garanhuns (1964-1967) e por fim em Campina Grande até 1984, ano em que voltou para a Holanda. Entre nós ficou conhecido como um grande missionário. Pregou muitas e muitas missões pelo Nordeste, destacando-se a coordenação das Missões Gerais do Recife em 1957-1958. Nas missões era extremamente zeloso, muito trabalhador, simples e pouco exigente naquilo que dizia a respeito à acomodação, alimentação e transporte. Pe. Clemente era até certo ponto preocupado excessivamente com questões morais, como o tamanho das saias usadas pelas mulheres. Muitas vezes em suas pregações e conferências tratava deste assunto demoradamente, até mesmo com certo escrúpulo. O Pe. Clemente sofreu as influências próprias do seu tempo; ele era bastante conservador nas suas idéias e na sua postura com respeito ao modelo de Igreja. Porém, apesar disso sabia valorizar os movimentos, associações e irmandades próprias do seu tempo. Na vida comunitária das diversas casas onde morou era sempre discreto e de poucas palavras, mas era muito cordial e de fácil convivência. Sabia interessar-se pelo trabalho dos outros e pelas coisas da Vice-Província. Como trabalhou muito nas missões ele era um bom pregador, apesar de não ter uma voz excelente, aliás, nos últimos anos sua voz estava bastante cansada, pois naquele tempo se pregava muito nas praças e muitas vezes sem um serviço de som adequado. 84
Depois de voltar para a Holanda passou a residir no nosso convento de Nebo em Wittem, onde empenhou suas forças e talentos na orientação de todos aqueles que o procuravam. Era um homem de oração e nela encontrou forças no momento de sua doença. Veio a falecer no dia 08 de março de 2004, aos 94 anos de idade. Depois das cerimônias fúnebres foi sepultado no cemitério do nosso convento no dia 13 de março. O Pe. Clemente foi agraciado com o título de cavaleiro na ordem de Oranje Nassau. Merecidamente Pe. Clemente recebeu uma homenagem da Vice-Província. O seu nome foi dado ao salão construído anexo ao Centro Missionário Pe. Miguel em Garanhuns, talvez os dois maiores missionários populares que tivemos entre nós.
“A caridade de Cristo nos compele”. 2 Cor. 5,14
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33. Pe. Frederico (Frits) Te Líntelo, CSsR Falecido em Nijmegen – 08/07/2004 (74 anos) O Pe. Frederico nasceu no dia 09 de junho de 1930 em Haaksbergen – Holanda. Depois de se preparar, freqüentando o seminário Redentorista na Holanda fez a sua Profissão religiosa no dia 08 de setembro de 1953 em S’Hertogenbosch. Ainda como estudante foi enviado ao Brasil, cursando a Teologia em Floresta – Juiz de Fora, MG onde ordenou-se Sacerdote no dia 02 de fevereiro de 1959. No mês de janeiro de 1960 veio para o Recife, passando este ano em estágio pastoral tomando conta da Paróquia de N. Sra. Dos Remédios que fica na Estrada dos Remédios. No mês de outubro viajou para a Holanda onde foi rezar a sua “primeira missa” e fazer férias. Voltando ao Brasil em abril de 1961 engajou-se de vez nas atividades pastorais da Vice-Província. Entre 1961 e 1967 foi professor no Seminário Menor em Campina Grande. De 1967 a 1970 foi Pároco na Paróquia da Madalena, onde entre tantas outras atividades lutou para defender os pobres que moravam em palafitas na margem do Rio Capibaribe, quando a prefeitura queria limpar e urbanizar aquela área. Foi ele que comprou uma pequena casa na Rua Augusto Severo, casa esta que ainda hoje é usada para as reuniões e atividades do povo da comunidade Mangueira da Torre. Entre 1970 e 1976 morou em Natal – RN, trabalhando como missionário, sobretudo nas paróquias do interior, onde se empenhou muito na formação das lideranças leigas, sobretudo catequistas. De 1976 até 1978 foi vigário da Paróquia de Garanhuns, sendo depois transferido para Campina Grande de onde tomava conta da Paróquia de São Sebastião do Umbuzeiro – PB. Em 1983 foi morar em Monteiro – PB integrando, junto com o Pe. Gabriel e Pe. Antonino o “Projeto Cariri”, ficando e atendendo toda a região até 1990 quando voltou para Campina Grande, onde passou a atender a área pastoral do Estreito. Em 1996 voltou para a Holanda, mas sempre mantinha contato com o Brasil, sobretudo com pessoas das áreas onde atuou. Depois que voltou à Holanda esteve algumas vezes visitando os muitos amigos que aqui deixou. No mês de julho de 2003 sofreu uma espécie de aneurisma cerebral e suas condições de saúde foram decaindo.
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Pe. Frederico faleceu no dia 08 de julho de 2004, sendo sepultado no dia 13, após missa de corpo presente. Seu corpo repousa no cemitério do antigo convento do Nebo, onde aguarda a feliz ressurreição. Fica para a história e para a nossa memória o bem que ele praticou, seu esforço em prol do bem espiritual e material do povo com quem trabalhou, sobretudo o seu esforço de organizar de forma cada vez mais eficiente às comunidades onde atuou. “Os que ele distinguiu de antemão, também os predestinou para serem conformes a imagem de seu Filho, afim de que este seja o primogênito entre uma multidão de irmãos”. Rom. 8,29
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34. Pe. Walter (Alphonsus) Blondeel Falecido em Nijmegen, Holanda – 13-01-2005. Ele nasceu em Aardenburg Flandria do Sul – Holanda no dia 13 de fevereiro de 1919, fez a sua profissão religiosa em Bois le Duque no dia 08 de setembro de 1940, foi ordenado Sacerdote no dia 24 de abril de 1946. Depois de ordenado foi nomeado professor de geografia no Seminário Menor em Glanerbrug e Nijmegen. Pe. Walter veio para o Brasil em 1949, trabalhando inicialmente na Província do Rio de Janeiro em Curvelo, Floresta, Congonhas e Juiz de Fora. Em 1968 mudou-se para a Vice-Província do Recife morando unicamente na comunidade de Campina Grande onde trabalhou como professor no Seminário Menor Santos Anjos de Campina Grande. Depois de 06 anos integrando o grupo Redentorista da ViceProvíncia do Recife retornou para a Holanda no ano de 1974 onde passou a realizar um trabalho pastoral na cidade de Haia, voltado especialmente para os portugueses. Em seguida fixou residência em Amsterdam, morando na coumunidade de Roosendal. Desde o ano 1999 morava no nosso Convento em Nijmegen. Após uma doença breve, mas sofrida, faleceu na nossa casa de Nebo em Nijmegen no dia 13 de janeiro e foi sepultado no cemitério dos confrades Redentoristas da mesma casa. Ele estava para completar 85 anos. O tempo de permanência do Pe Walter Blondeel na ViceProvíncia foi curto, apenas 06 anos, sendo que ele não exerceu nenhum cargo ou serviço de maior projeção. No Seminário trabalhou como professor de geografia. Segundo aqueles que o conheceram o Pe. Walter era bastante introvertido, calado, mas sem maiores dificuldades no relacionamento com os confrades. Ainda assim não deixava de participar dos atos da comunidade. “Jesus disse: Sigam-me e eu farei de vocês pescadores de homens. Eles deixaram imediatamente as redes, e seguiram a Jesus”. Mt 4,19-20
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35. Pe. Agostinho (Johannes Jacobus Josephus Maria) Vinkenburg, CSsR Falecido em Nijmegen – Holanda aos 76 anos – 17/02/2005. Pe. Agostinho nasceu em Hertogenbosch no dia 26 de fevereiro de 1928. Sua Profissão religiosa aconteceu no dia 08 de setembro de 1948 e sua Ordenação Sacerdotal se deu no dia 21 de setembro de 1953. Após sua ordenação sacerdotal tornou-se professor no Seminário Menor do Nebo em Nijmegen. Um pouco mais tarde em 1962 partiu para o Peru, onde também trabalhou como professor no Seminário Redentorista. Em 1965 Pe. Agostinho veio para o Brasil residindo nas seguintes comunidades: Bom Jesus da Lapa – BA (1965), Garanhuns – PE (1966 – 1968), Campina Grande – PB (1969 – 1976) e finalmente Garanhuns (1976). Depois de 12 anos dedicados ao povo brasileiro, sobretudo aos mais pobres e abandonados do Nordeste Pe. Agostinho retornou a Holanda em 1977 onde passou a realizar um trabalho pastoral em Borne, Almelo e Moergestel. Além disto foi, por muitos anos, relator dos informativos Inter Nós e Ter Informatie da Província Holandesa. Foi também secretário, arquivista e cronista da Província trabalhando em Amsterdam, Roosendaal e desde 1994 em Wittem. Já há alguns anos manifestou-se nele uma doença grave, que se tornou cada dia mais uma cruz pesada a ser suportada. Nos últimos tempos já não foi mais possível um tratamento adequado em Wittem, por isso mesmo em Janeiro de 2005 transferiu-se para a casa de Berchmanianum em Nijmegen, onde recebeu uma melhor assistência. Pe. Agostinho Vinkenburg faleceu numa quinta-feira, dia 17 de fevereiro de 2005 e após a missa de corpo presente foi sepultado no dia 23 de fevereiro no cemitério do Convento Redentorista. Todos aqueles que conviveram com Pe. Agostinho se recordam de suas atividades pastorais nas paróquias onde trabalhou e dos trabalhos missionários que realizou. Somos agradecidos a Deus pela sua vida e doação. “Penso que os sofrimentos do momento presente não se comparam 89
com a glória futura que deverá ser revelada em nós”. Rm 8,18.
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