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Volume XIV Issue 2 Volume XIV June Issue 22005 June 2005
De Washington para o mundo, em português – um casamento de jornalismo com editoria em instituição internacional Entrevista com Eloisa Marques, editora de português do Banco Interamericano de Desenvolvimento, e Paulo Sotero, correspondente em Washington do jornal O Estado de S.Paulo. PLDATA - Eloisa, tão bom ou melhor do que todas as finanças lá da conferência em New Jersey foi conhecer você e os outros colegas. Quando penso que já conheço todo mundo aqui nos EUA, aparece uma surpresa. Qual era o seu contato com a ATA e a PLD antes dessa conferência financeira? Já conhecia os nossos palestrantes convidados Márcio Badra e Danilo Nogueira? ELOISA – Eu sou muito menos ativa na ATA do que gostaria, principalmente por estar sempre tão ocupada no trabalho. Sou associada há 20 anos e credenciada há quase 20, também, mas só participei de uma
INSIDE De Washington para o mundo...............1,4,11-16 Letter to Editors..................................... 2 From the Administrator.......................... 3 Canto Legal............................................ 5,6 Fin’l Trans. & Interp. Conference.......... 7,8 Books..................................................... 9 Events.................................................... 10 Revista - Confluências............................ 10 I Congresso Internacional Abrates.......... 10 Da necessidade de especialização........... 16,17 46th Annual ATA Conference - Seattle... 18,19
conferência anual, aquela de 2001 em Los Angeles, e dessa última de tradução e interpretação financeira, em New Jersey. Conheço o Danilo e venho trabalhando com ele há muitos anos, mas ainda não conhecia o Márcio Badra. Foi realmente um prazer estar com tantos tradutores e intérpretes talentosos de português, inclusive colegas que eu nunca vejo aqui da minha própria cidade de Washington, D.C. PLDATA – Concordo. Essas oportunidades raras de confraternização fazem muito bem à gente. Já conhecemos a Alexandra Russell-Bitting, aí do Banco, que vem à conferência anual todo ano e parece gostar muito do português. Ela já até contribuiu com matéria no PLData sobre uma viagem para um congresso em São Paulo. Ela é de outra área, correto? ELOISA – Na verdade, ela atualmente trabalha na Assessoria de Relações Externas, como eu, mas na área de Imprensa, enquanto eu estou em Informação Pública e Publicações. Continued on page 4
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LETTER TO THE EDITORS
Editor and Final Proof Tereza Braga Assistant Editor and Design Ines N. Bojlesen
Caras Editoras, Gostaria de parabenizá-las pela merecida homenagem da Divisão da Língua Portuguesa da ATA ao saudoso professor Daniel Brilhante de Brito. Além disso, quero comentar como é o curso, e se vocês acharem interessante, podem divulgar meus comentários abaixo sobre como funciona e quem sabe outros membros também possam se beneficiar deste excelente curso.
Volume XIV - Issue 1 - June 2005
PLData is a quarterly publication Portuguese Language Division - PLD Administrator Tereza d’Ávila Braga Phone: (972) 690-7730 Fax: (972) 690-5088
[email protected]
Estou matriculada no curso à distância (online) criado e planejado pelo Prof. Daniel em outubro de 2004. É um curso perfeito para quem não teve a sorte de participar desse curso ao vivo. O Curso presencial (on site) já existe há mais de duas décadas, mas este à distância, via e-mail, só de uns três anos para cá. De qualquer maneira, o material coincide com o do curso dado ao vivo. A coordenadora (Maria Luiza Brilhante de Brito) envia uma vez por semana o material correspondente a duas aulas de 90 minutos do curso presencial. A partir da segunda remessa (e sucessivamente) o aluno à distância recebe – além de novos originais - a tradução do texto inicial, assim como a chave trilíngüe das frases que foram solicitadas para verter. Você trabalha o texto como quiser (integral ou parcialmente por escrito, ou apenas mentalmente), desde que o faça com o máximo de atenção. Quanto às frases, é pedido aos alunos que as preparem por escrito. De qualquer maneira, você coteja com a tradução ou versão feita pelo Prof. Daniel sua tradução e diante de qualquer dúvida ou objeção importante, enviase um e-mail. Há também exercícios de técnica de tradução (transposição, modulação etc.) sempre acompanhados da teoria . Note que em um curso via internet você tem a possibilidade de se programar e fazer o horário que quiser. Aconselha-se reservar 3 horas - ou mais - por semana para estudar o material enviado e fazer os exercícios.
Assistant Administrator Arlene M. Kelly Phone: (617) 698-3216 Fax (617) 698-1874
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[email protected] The statements made and opinions expressed in the PLData are strictly those of the authors and do not necessarily reflect the opinion or judgment of the PLD, PLData, its editors or officers. Submissions for publications are invited and may be mailed, faxed or e-mailed to the editor. Members of the Portuguese Language Division receive this newsletter for free. Non-members: US$10.00/year.
O Curso não compromete os alunos além do tempo em que nele permaneçam: podem interrompêlo quando assim desejarem. Há uns trabalhos mensais de verificação de aprendizagem que o aluno envia mensalmente à Maria Luiza, que como seu saudoso esposo faz a correção super minuciosa e com comentários valiosíssimos A tradução pode ser para português, francês e/ou alemão. O aluno recebe a correção de volta junto com as traduções feitas pelo prof. Daniel para esses idiomas.
Portuguese Language Division is a non-profit organization and a division of the American Translators Association 225 Reinekers Lane, Suite 590 Alexandria, VA 22314 Phone (703) 683-6100 Fax (703) 683-6122 http://www.atanet.org www.ata-divisions.org/PLD Rates for Ads: Full page (7.5 x 9.75 inches) - US$100 Half page (7.5 x 4.87 inches) = US$75 1/4 page (4.75 x 4.87 inches) = US$50 Business Card (9 x 6 inches) = US$12
Estou gostando tanto que pensei em compartilhar com quem leu o artigo no último número do PLData. Saudações, Isabel Evangelista Pittsburgh, PA 15 de junho de 2005
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Corner
Administrator’s
FROM THE ADMINISTRATOR
Mercado aquecido, eventos mil
A conferência em Seattle promete. Confirmados Isa Mara e Enéas para pré-seminários. A ATA teve que recusar propostas esse ano – nunca vi isso. O programa preliminar está no prelo – aguardem.
Dia de verão lindo na capital federal. Cheguei ontem, de uma temperatura de quase 40 graus em Dallas, para uns amenos 29 aqui no Distrito de Colúmbia. Adoro aterrissar no Reagan e dessa vez o piloto veio seguindo o Potomac na aproximação. Sobrevoamos Alexandria e seu lindo casario à beira d’água. Acenei mentalmente para todos os colegas que moram por aqui e quase deu para ver o prédio onde fica a nossa ATA.
A ABRATES confirmou o I Congresso Internacional em setembro, no Rio. Aumenta cada vez mais o nosso intercâmbio global, com eventos na Europa também. Danilo e Márcio deram seu show na conferência financeira da ATA – vejam resumo de Ana Iaria nesta edição.
O mercado de tradução anda aquecido. Viva a banda larga nos quartos de hotel. E viva minha co-redatora e nossa detepista Ines Bojlesen, que sabe como ninguém adicionar mais horas às nossas vinte e quatro. E ainda aprimorar o design do nosso PLData.
Saudações e bom trabalho. Tereza Braga
Tereza Braga e Márcio Badra ATA FInancial, New Jersey 2005
Hoje fui a Dulles de madrugada para buscar meu visitante no vôo de São Paulo. Mais uma missão para o State Department. E hoje aproveito para acabar de viva voz a entrevista com Eloisa e Paulo para o PLData, pois combinamos sair para jantar com meu visitante. Ele está em duas páginas diferentes da última Veja, seu livro “Cabeça de Porco” em nono lugar nos mais vendidos (não-ficção). Enquanto ele tenta repor o sono, já vou devorando meu exemplar.
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Check our site! Portuguese Language Division www.ata-divisions.org/PLD Many thanks to our Webmaster Nelson Laterman! 3
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Conntinued from cover
PLDATA - Dei uma olhada no site do BID, para me instruir. Trata-se do mais antigo dos bancos regionais de desenvolvimento, é isso? Quantos países são membros?
portuguesa.
ELOISA – O BID, que em inglês é IADB ou IDB (Inter-American Development Bank), é de fato o mais antigo e maior dos chamados bancos regionais de desenvolvimento. Tem 47 estados membros, 26 mutuários (“borrowing members”) da América Latina e Caribe, e 21 não-mutuários (“nonborrowing members”), entre os quais os Estados Unidos e o Canadá, além de 16 países europeus mais Israel, Japão e Coréia, o mais novo membro. Os países membros subscrevem recursos ao capital ordinário do Banco e seu poder de voto está diretamente vinculado ao número de ações de cada um. Os membros mutuários combinados têm um pouco mais de 50% do poder de voto, os Estados Unidos 30%, o Canadá 4% e os demais países 16%.
ELOISA – Sou Editora de Português da Seção de Informação Pública e Publicações da Assessoria de Relações Externas (Office of External Relations, EXR). Meu trabalho se modificou muitíssimo nesses 12 anos que já tenho de Banco. Quando entrei, havia uma seção de Publicações separada da parte de Informação Pública e éramos responsáveis pelas publicações institucionais do Banco - como o Relatório Anual, o Relatório de Progresso Econômico e Social na América Latina e os Anais das reuniões anuais. Todos esses livros tinham que ser impressos nos quatro idiomas oficiais do Banco, inglês, francês, português e espanhol. Publicávamos também alguns livros por ano sobre tópicos econômicos e sociais, de autoria da equipe técnica do Banco, quase todos em inglês e espanhol, com uns poucos em português. A Internet estava na infância e nós ainda lidávamos com software e computadores não muito confiáveis...
O BID foi criado em 1959 como parte do Sistema Interamericano, sob o guarda-chuva institucional da Organização dos Estados Americanos, a OEA. Trata-se de uma instituição separada e diferente do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento, ou BIRD (em inglês “International Bank for Reconstruction and Development, ou IBRD), mais conhecido como World Bank ou Banco Mundial . Criados durante a Conferência de Bretton Woods in 1944, o FMI e o Banco Mundial são parte do sistema das Nações Unidas. PLDATA – Portugal e Brasil são países membros? Algum outro país de fala portuguesa? ELOISA – O Brasil é um país mutuário e Portugal, não-mutuário. São os únicos membros de língua PLData
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PLDATA - Agora explica para a gente o seu cargo na Assessoria de Relações Externas do Banco.
O avanço na tecnologia de informática e o uso generalizado da Internet afetou o meu trabalho de maneira profunda. Em EXR, sou a única editora para o português, portanto continuo hoje em dia a trabalhar com o programa de publicações, mas sou também encarregada de atualizar a página do Banco em português, traduzir os comunicados de imprensa e traduzir e revisar as cartas e outros textos em português vindos do gabinete da Assessoria de Relações Externas e, às vezes, do gabinete do próprio Presidente. Sou também responsável pela versão portuguesa da BIDAmérica, a revista online do Banco. A equipe de Internet (também da área de Informação Pública) desenha páginas web para outros departamentos do Banco, e alguns deles querem conteúdo em português, além de inglês Continued on page 11 June 2005
Canto Legal (The Legal Corner) by Enéas Theodoro Jr.
“The language and concepts contained herein are guaranteed not to cause eternal torment in the place where the guy with the horns and pointed stick conducts his business” (Frank Zappa, 1940-1993, The Mothers of Invention)
O professor Pardal inventando direito… E se o Prof. Pardal – o Gyro Gearloose de Walt Disney – fizesse bico na tradução para livrar a cara em momentos de baixa nas invenções? Ou então, emulando a passagem de Einstein pelo Patent Office da Suíça no início do século, seguisse carreira burocrática no criativo INPI? Com certeza teria invenção suficiente para Thomas Edison nenhum botar defeito…
Trade Dress – Nada a ver com Dior, trata-se da forma em que se reveste o produto para venda, inclusive sua embalagem, conjunto de cores, figuras e elementos nominativos que lhe conferem distintividade, diferenciando-o da concorrência. No Brasil, essa proteção é conferida através da proteção na forma de marca mista, reivindicando-se (claiming) cores cujo conjunto e disposição são extremamente importantes para o trade dress. A figura em si não existe no Direito brasileiro, sendo comum dizer-se simplesmente trade dress. Alguns tradutores optam por soluções como “identidade visual” e outras. Obs.: A marca mista é assim denominada por ser uma combinação de marca nominativa (word mark) e marca figurativa (device mark). Em inglês recebe o nome de device + word mark e, mais raramente, de combination mark.
A Propriedade Intelectual O INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial (que faz as vezes do U.S Patent and Trademark Office no Brasil) não só é um cadinho de experiências tecnocráticas internacionais, mas também culturais e lingüísticas, todas elas passando pela fundição total dos altos-fornos da globalização incandescente. O produto desse processo é sumamente interessante – ou irritante, conforme a hora – para nós, tradutores, pois inclui a criação de um sem-número de neologismos e verdadeiros quebra-cabeças terminológicos.
Mask Work – A definição do United States Code (17 USC § 901 (A) (2)) para mask work indica claramente corresponder à proteção ao relevo / topografia dos circuitos integrados (chips). É interessante observar que os mesmos direitos são protegidos no Canadá nos termos da Integrated Circuit Topography Act (1990, c. 37). Há quem recorra à solução de “obra (ou trabalho) de máscara”, entre outras.
Contudo, conforme veremos nesta mini-série do Canto Legal ora inaugurada, não é apenas em sede do INPI que residem todas as atividades ligadas à propriedade intelectual. Tal é o caso dos copyrights, que serão objeto específico de futura edição desta coluna. De qualquer forma, tendo em mente a “criatividade” tão inerente à nossa ocupação e tantos paralelos com as aventuras do Prof. Pardal, mergulhemos de cabeça na interessante matéria.
Private Label – Embora a expressão mais comum em merchandising seja Store Brand ou In-Store Brand, equipara-se ao que se chama no Brasil de marca própria, fenômeno relativamente recente entre os varejistas brasileiros porém já um tanto antigo nos EUA.
Infringement – Vocábulo de várias acepções, no caso da Propriedade Intelectual corresponde à contrafação; é o termo técnico para o que muitos chamam de “pirataria”, além de ser equivalente – em sentido muito estrito – a counterfeiting. PLData
Hallmark – Trata-se de marca de pureza ou carimbo que atesta o grau de qualidade de metais preciosos segundo o Hall dos Ourives de Londres. Por extensão, o termo passou a designar pureza, legitimidade, 5
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alta qualidade de coisa tangível ou intangível, sendo freqüentemente usado como marca registrada ou característica de algo em apreço.
Termos e expressões menos técnicos Nesse universo de conceitos técnicos e problemas terminológicos, algumas soluções são particularmente interessantes e curiosas para nós, tradutores. Aliás, é bom lembrar que existe tradução e existe solução, particularmente em se tratando do envolvimento lingüístico com o Direito e de dois ordenamentos (sistemas) jurídicos distintos. Vale citar algumas expressões e termos de menor monta: Likeness – É a imagem individual (ou física) da pessoa. Obs.: esperamos discorrer mais sobre Personality Rights (Direitos da Personalidade) nas próximas colunas. Existe ainda certa controvérsia envolvendo desenho industrial e design patent, o que também se discutirá. Fanciful Trademark & Fanciful Name – Menos celeuma rodeia esses conceitos de marca de fantasia e nome de fantasia. Like Product – diz-se do produto similar, expressão comum no direito americano. DeceptiveAdvertising, Deceit, Deception & Misleading Advertising – é comum ver-se publicidade enganosa vertida como misleading advertising (publicidade induzidora a erro), quando a expressão jurídica própria é deceptive advertising; o contexto favorável a deceit (conceito) ocorre com maior freqüência do que o de deception (ação) para a versão de engano, engodo, etc.. Target Audience & Target Market – as melhores soluções quando é preciso verter-se público-alvo, em lugar do equivocado “target public”.
Q: Did you ever stay all night with this man in New York? A: I refuse to answer that question. Q: Did you ever stay all night with this man in Chicago? A: I refuse to answer that question. Q: Did you ever stay all night with this man in Miami? A: No. *** Q: Doctor, did you say he was shot in the woods? A: No, I said he was shot in the lumbar region. *** (*) Com a inestimável colaboração de Felipe Cerdeira, advogado militante na área de Propriedade Intelectual, além de professor e tradutor. Enéas Theodoro Jr. is based in Tucson, Arizona, and has 20 years of experience in legal translation. From 1980 to 1990 he was a partner with several attorneys in São Paulo’s first specialized legal translation agency. Any questions or suggestions? Just write to:
[email protected] Sites úteis http://www.wipo.int/classifications/en/ http://www.wipo.int/ www.inpi.gov.br www.uspto.gov I must confess that , it took me a while when I started reading The Legal Corner to realize Gyro Gealoose was the name of Professor Pardal. I had outgrown Donald Duck by the time I was able to read English, so the original names are not as automatic as their counterpart in Portuguese. In a quick search under Gyro Gearloose I came across a site (http:// duckman.pettho.com/characters/gyro.html) that not only gives his personal data, but also how his name translates to other languages. I thought our readers would enjoy this piece of Trivia. Have fun! Ines Bojlesen Language: Danish: Dutch (Netherlands): Finnish: French:
***
TRADEMARK TRIVIA Dry Ice, Corn Flakes, Zipper, Thermos, Aspirin, Escalator, Cellophane, Linoleum, Nylon, Trampoline, Yo-yo, among so many other names, were once registered with the U.S. Patent and Trademark Office, but are now in the public domain. On the other hand, Scotch Tape, Xerox, BandAid, Jeep and Kleenex are some of the brand names still protected as registered trademarks. PLData
REAL-LIFE COURT TRANSCRIPTS
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German: Italian: Norwegian: Portuguese: Spanish (in Spain): Swedish:
Name: Georg Gearløs Willie (Willy) Wortel Pelle Peloton Géo Trouvetou | Gyro Gyroscope (early name - not in use) Daniel Düsentrieb Archimede Pitagorico | Giro Rotalibera (early name - not in use) Petter Smart | Goggen Skrueløs (early name - not in use) Professor Pardal Ungenio Tarconi Oppfinnar-Jocke June 2005
My first ATA conference experience - time to meet some of these guys… by Ana Luiza Iaria
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or a Brazilian translator living abroad, more precisely in To close our first day of ‘hard work’ we gathered at the Manhattan England, far removed from the hustle and bustle of the Ballroom, on the top floor of the Hyatt on the Hudson, for a translation world in Brazil, conferences are a very good way reception offered to all attendees. A delightful event. There, we to meet the faces behind the words we read on mailing lists, had the chance to mingle with colleagues, chat, and gasp at articles, online publications and so on. This would sound like the Manhattan skyline across déjá vu (or, should we say, déjá lu?), the river, from dusk to the but after so many years of exchanging first lights of the evening, a Being Portuguese my mother tongue, e-mail with colleagues, I decided last view made famous all over the I was obviously set to attend all the April that it was about time to pack world but that we could admire presentations by my fellow Brazilian and go meet at least some of these guys firsthand. The reception over, translators, but I also attended Marian “live”. And so I boarded a plane from we met at the bar downstairs Greenfield speaking about The Financial where we chatted the night London to New York to attend the ATA Financial Translation and Interpreting Task Force…and money laundering. way. Conference. Saturday was going to be a With such expectation, you can guess I very busy day. The weather was not at all friendly and I was was eager to meet as many colleagues as I could. And I was glad I did not have to leave the hotel. Márcio Brada made the surprised and delighted to talk to so many different people. first presentation of the day, on Trust Funds, Life Insurance and Mind you, I even met some ITI colleagues from London! other Wealth Protection and Estate Planning Instruments. Oh, those beloved trust funds that every now and then love to spring The conference started on a very high note, with a talk by to life in unsuspected texts and make us pull our hair out trying New Jersey Assistant District Attorney, Ms. Marion Percell, to figure out what they are and how to translate them...! Márcio who gave a very enlightening session called “Prosecuting gave a very good explanatory talk and the morning was closed Money Laundering”. This is a very up-to-date topic, and this with Danilo and Bankruptcy Law in Brazil and the U.S. As a year alone I have already translated many thousands of words legal translator, I am well aware of the problems in translating about the ways to spot and combat money laundering. very different legal systems and Danilo gave us a helpful update on the recent changes in bankruptcy law introduced by the new Being Portuguese my mother tongue, I was obviously set to Brazilian Civil Code. attend all the presentations by my fellow Brazilian translators, but I also attended Marian Greenfield speaking about The At lunch we were joined by late-comers and everyone had a Financial Task Force…and money laundering. Hers was a chance to sit and relax and exchange ideas about working in very interesting talk, in that she compared Spanish translated different institutions, countries, cities, continents – surely the texts to the original ones in English. best part of any conference. Then it was back to Márcio for a session on Translating Mutual Funds, another thorn on the side After lunch, the fun began for the lusophones gathering in for every legal and financial translator. With his background New Jersey. João Vicente de Paulo and Solange Santos, who in banking and investment, Márcio was extremely thorough. work at the IMF, Eloisa Marques, from BID, Donna Sandin, Coffee break and Danilo was back explaining Brazilian Business Tereza Braga, Edna Ditaranto, Carla Ball, Rose Braz, Ana Organizations. The end of the day could not have been better: Passarinho, a young Portuguese translator from Venezuela, a “churrasco” party at Edna’s house, with everything a good and myself, all of us were ready for the first session of the Brazilian churrasco is made of: excellent beef and sausages, day in Portuguese and to hear Danilo Nogueira, many for the caipirinhas, salads, sweets and lots of talk and gossiping – why first time. His session was Brazilian and U.S. Taxation. Such not, we may be translators but we are human! different tax systems do pose a challenge for translation and his talk was very elucidative in that he presented the differences A more promising Sunday in terms of weather opened with between the systems and possible translation solutions, all the Márcio and “A Primer of the Brazilian Financial System”. I had while managing to entertain us with his inimitable verve. the chance to remember my good old banking days and catch up PLData
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with many novelties introduced after I left Brazil six years ago. A short coffee break was followed by Danilo and “What do you Call a LLP in Brazil?” If you think corporate law is a maze in the Brazilian system, wait until you hear about them in the U.S. – with 50 states and 50 different legislatures. And thus the conference came to an end. But we were not ready to leave by any means. A group was quickly gathered to try to find a good place for Sunday brunch and off we went walking along the Hudson in Jersey City. Eloisa and Tereza managed to find a charming tavern and we had a most delicious meal and even better conversation. Danilo and Márcio finally relaxed and I enjoyed once again the opportunity to turn old e-mail pals into new friends. After that… well, many went home, but I still wanted a few days in the U.S. and took a train to Boston, which is another story.
PLD members with speakers Danilo and Márcio
Ana Luiza Iaria, MSc in Translation, ATA, IOL and ITI member. I live in England where I work as a translator and teach Practical Translation.
Couldn’t attend the ATA Financial Translation and Interpreting Conference? Order the CD-ROM today! $69 for ATA Members ($129 for nonmembers) - http://www. atanet.org/pd/finance/cdrom.htm
Donna Sandim, Queen of Caipirinha, at Edna’s
Churrasco na casa da Edna Ditaranto
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All in all, this conference for me was a way of learning and meeting people who do the same job as I do. Would I repeat the experience? Wait for me in Seattle.
Bons papos entre colegas
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If This Be Treason: Translation and Its Dyscontents – A Memoir Author: Gregory Rabassa New Directions Publishing Corp. – www.ndpublishing.com “His discussion of the famous opening sentence of One Hundred Years of Solitude and of the choices he made, and why, is alone worth the price of the book.” – New York Sun “If translators are the anonymous heroes of contemporary literature, its anonymous superhero is Gregory Rabassa. (William Deresiewicz, The New York Times). ATA member Rabassa has translated nearly 60 works from Spanish and Portuguese into English. His work includes books by some 30 writers from a dozen countries. Among the authors he translated are Nobel prize winners Miguel Ángel Asturias and Gabriel García Márquez, as well as Julio Cortázar, Mario Vargas Llosa and many other beloved Latin-American writers. From Portugal: António Lobo Antunes and Mario de Carvalho. From Brazil: Jorge Amado, 19th-century master Machado de Assis, Clarice Lispector, Dalton Trevisan and Osman Lins. The book is a long-awaited memoir by a translator the New York Times once called “the greatest practitioner of the craft.” It traces Rabassa’s life journey from his childhood on a New Hampshire farm, his school days “collecting” languages, the years he spent overseas during the Second World War, his travels and his translation career.
NEW BOOK BY PLD MEMBER Susana Greiss! The Beginning Translator’s Survival Kit Authors: Susana Greiss with George Fletcher “Sometimes poignant, sometimes hilarious, always practical and to the point, this book explores the alpha and omega of the translation profession. Behind-the-scene insights into the requirements for the survival of the beginner (...) the secrets of finding and maintaining clients and determining prices. Susana Greiss, M.A., generously shares her wisdom garnered from over 50 years of professional translation experience and George Fletcher, Ed.D. recounts over 24 years of experience teaching translation and managing a translation agency in New York City.” (source: www.globelanguage.com) To purchase your copy (only $15.00 including U.S. shipping), visit: www.globelanguage.com All proceeds from the book are donated to the New York Circle of Translation (NYCT), a nonprofit organization.
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Translation Software Tools Seminar Hilton Garden Inn
l Chicago, Illinois l July 9, 2005
Jost Zetzsche, translator and tech expert, will help you recover from your technical paralysis in this positive and fun-filled seminar that is a necessary investment in your business as a translator. Get an insider's look at CAT tools with no-nonsense assessments of their strengths and weaknesses. Understand the practical and impractical sides of desktop publishing software. Learn about the free software programs that can help you work more efficiently and what programs to avoid at any price. All attendees will receive a FREE copy of the latest edition of Jost's 200-page e-book, Translator's Tool Box: A Computer Primer for Translators. To learn more about the ATA Translation Software Tools Seminar, please visit www.atanet.org/pd/tools or contact ATA at (703) 683-6100 or
[email protected].
CONFLUÊNCIAS
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An ATA Professional Development Seminar
Rio Othon Palace Hotel - Rio de Janeiro, Brasil 16 e 17 de setembro de 2005 Realização: Detail Eventos e Promocionais
Tópicos: Tradução de inglês para português de documentos constitutivos de sociedades The shifting geography of the translator Linguística biomédica A tradução e a revisão científicas: dificuldade e compensações Encontros e desencontros da coexistência papel do intérprete-tradutor na sociedade de Macau Jornadas de tradução e terminologia em Biologia e Imunologia Prática da tradução em ambiente multimédi
Os resumos dos trabalhos com até 250 palavras devem ser enviados para a Comissão Técnica, congresso@abrates. com.br. Data limite para envio dos resumos: 30 de junho de 2005. Aceitação: 15 de julho 2005. Os trabalhos devem ser apresentados em MS Word, tamanho A4, com margens de 3 cm e a fonte Times New Roman 12. Eles deverão conter um resumo do currículo do(s) autor(es) de até 10 linhas (por autor). Data limite para apresentação: 15 de agosto de 2005. Inscrições: a partir do dia 30 de maio de 2005. Site: www.abrates.com.br/congresso E-mail:
[email protected]
e muito mais...!
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ATA will provide a full-day training seminar, including a continental breakfast, a Job Marketplace, and a Networking Session. Attendees will earn 6 ATA Continuing Education Points.
TEMA: TRADUTORES, TECNOLOGIA E OS CAMINHOS PARA A QUALIDADE
Anuncia sua segunda edição:
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American Translators Association
I CONGRESSO INTERNACIONAL DE TRADUÇÃO DA ABRATES
Revista de Tradução Científica e Técnica www.confluências.net
•
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inglês e espanhol. É aí que eu entro, para assegurar
América Latina essa diferença é ainda maior.
a correção das informações em português.
PLDATA – De todas essas atribuições, qual é a mais gostosa para você? Quais são as vantagens de se PLDATA – Visitei hoje a revista (IDBAmérica) na trabalhar num ambiente grande como o Banco? Você Internet. Que surpresa boa ver artigos da Alexandra já foi autônoma? Tem saudade? Pensa em trabalhar na seção cultural – inclusive aquele sobre a visita do freelance no futuro? Ministro da Cultura do Brasil, o Gilberto Gil. E quanta matéria, Eloisa! Você traduz tudo aquilo? Quantas ELOISA – Passei dez anos trabalhando como pessoas lhe auxiliam? autônoma nos Estados Unidos. Aos poucos fui aprendendo o ofício de tradução e construindo minha ELOISA – No início, eu traduzia a maior parte desse reputação, principalmente entre os organismos material sozinha, mas agora estou cada vez mais multilaterais, como Banco Mundial, FMI, BID, OEA, fazendo o gerenciamento de projetos, supervisionando e junto ao Departamento de Estado. Mas prefiro o uma pequena equipe de tradutores e editores que trabalho de edição. Adoro acompanhar do começo ao traduzem os artigos da BIDAmérica e os livros que fim a produção de um livro, desde o momento em que publicamos em português. Dado o volume cada vez recebo o manuscrito e mando para tradução, passando maior de trabalho e a necessidade de cortar custos, pela fase de edição e comparação com o original para fui aos poucos fazendo contato com tradutores no checar que todos os elementos estejam presentes, até Brasil e testando-os. Hoje trabalho, em base regular, a fase de provas tipográficas e o momento final em com quatro ou cinco tradutores em São Paulo, Rio e que o livro chega da gráfica em minhas mãos. É uma Brasília, e mais dois editores. Quase nunca contrato sensação muito boa. pessoal nos Estados Unidos. Onde trabalho, ninguém mais quer pagar as tarifas locais. Gosto muito de meu trabalho no Banco, o qual é a um tempo solitário e coletivo. Dependo de muita gente para executá-lo, mas boa parte do dia passo em minha PLDATA – Nada agradável ouvir isso, mas já sala, com meu computador e meus livros, porque a imaginava. Quando você diz “ninguém”, quer dizer o responsabilidade final é minha, não tenho com quem Banco, correto? O Banco não aprovaria? A diferença é dividi-la. Mas tenho que estar freqüentemente em então grande assim nas tarifas? A gente ouve falar que contato com a representação do Banco em Brasília, os bons tradutores no exterior já sabem o que cobrar que nos ajuda com a divulgação de nossos produtos, quando o cliente fica em país de moeda mais forte. É e com nossa co-editora no Brasil, Elsevier/Campus. claro que somos parte da ATA e temos orientação de Gosto de trabalhar na parte de marketing de nossos não mencionar preços em público, mas você teria algo livros, ajudando na divulgação, fazendo “networking”, a dizer? Eu, por exemplo, sou “contractor” do Banco contribuindo com idéias e contatos. Procuro elevar Mundial e da OEA. Verdade seja dita, só me mandam o perfil da língua portuguesa no Banco e junto às trabalho uma vez por ano e olhe lá... várias audiências do Banco. Há muitos profissionais brasileiros competentes que trabalham no BID e tem ELOISA – Refiro-me ao Banco, mas sei que sido uma experiência gratificante aprender com eles. os organismos internacionais estão adotando a mesma política de contratar gente nos países Quanto ao futuro, acho que dentro de alguns anos em desenvolvimento. De certa forma, não me voltarei a trabalhar como freelancer. Gostaria muito sinto mal fazendo isso, porque estamos abrindo de tentar interpretação, porque adoro viajar e estar uma oportunidade aos tradutores nos países em em contato com outros seres humanos. O ofício de desenvolvimento de trabalhar com o exterior ganhando tradução é solitário demais. um pouco mais do que ganhariam no Brasil. É claro que há alguns profissionais no Brasil que, com a PLDATA – Concordo; e eu ainda moro sozinha! Fiz experiência que têm, cobram mais ou menos o que uma palestra recentemente aqui em Dallas e falei querem e não aceitam trabalhar por menos. sobre alguns mitos sobre a vida freelancer. É divertido trabalhar por conta própria, sim, mas tem o isolamento. Quanto à diferença nas tarifas, eu diria que no Brasil Tive que aprender a dribá-lo. Hoje em dia tenho um hoje contratamos com economia de metade a um terço calendário de almoço com amigos ao qual me seguro em relação aos Estados Unidos. Em outros países da como tábua de salvação. Conta agora um pouco da PLData
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sua história profissional e acadêmica e como veio parar nos EUA e nesse emprego. ELOISA – Sou formada em Ciências Sociais, mas desde meu primeiro emprego estou no campo editorial. Comecei como revisora de provas na Editora Abril aos 19 anos, lá se vão 37 anos. Três anos depois estava trabalhando em Barcelona para uma editoria espanhola que estava produzindo uma enciclopédia em português para ser vendida no Brasil. Trabalhei ali um ano e depois fui morar em Paris, onde me casei com o Paulo, que trabalhava como stringer da Veja. Em Paris, trabalhei numa publicação para turistas brasileiros e comecei a me interessar por fotografia, aprendendo as noções básicas com os colegas fotógrafos de meu marido. Em 1974, estourou a Revolução dos Cravos em Portugal e Paulo foi convidado pela Veja para ser correspondente em Lisboa. Aí moramos durante dois anos e meio e desenvolvi meu trabalho como fotógrafa de imprensa. Foram anos intensos e divertidos. Ainda não tínhamos filhos e Lisboa era “o” lugar para viver nessa época. Havia jornalistas de todas as partes do mundo, exilados políticos das ditadura militares do Brasil e do Chile, gente que buscava aprender com a “revolução” pacífica dos militares portugueses. Em 1977 voltamos para o Brasil, onde, já grávida do meu primeiro filho, passei a trabalhar com o Círculo do Livro como preparadora e revisora free-lancer. Em 1980, mudamos para os Estados Unidos, com a família aumentada – três filhos a tiracolo, o mais novo com três meses de idade –, e aqui estamos desde então. Em Washington, tive a oportunidade de ensinar português na Universidade de Georgetown como “assistant instructor” e ao mesmo tempo fui me profissionalizando como tradutora. No final dos anos 1980 fui convidada para dar aulas de tradução ao português no curso de Tradução e Interpretação de Georgetown. Esse tipo de trabalho me permitiu ser uma “at-home mom” a maior parte do tempo. Com quatro filhos e um marido jornalista, foi essencial poder me dar a esse luxo. Só comecei a trabalhar em tempo integral no BID a partir de 1993, com os filhos já crescidos. PLDATA – Que viajantes vocês são!... Agora em termos de profissão. De todas as experiências que lhe PLData
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ensinaram a traduzir, qual lhe influenciou mais? Quem (ou o quê) foi seu maior ‘professor’ de tradução? Seu marido diz que jornalismo não é profissão, mas sim ofício. E a tradução? Se uma tradutora se atém às suas áreas de especialidade, ligadas a um background profissional qualquer (médica ou engenheira, por exemplo), você acha uma lacuna ela não ter feito nenhum curso de tradução? ELOISA – Eu sempre digo que minha vida profissional (exceto a experiência como fotógrafa) deveu-se ao Professor Nelo, meu professor de português no ginásio, no Instituto de Educação Fernão Dias Pais em São Paulo. Meu gosto pela língua e pela leitura desenvolveuse a partir daí. Mas também tenho uma dívida de gratidão com o Ivo Barroso, que guiou meus primeiros passos como tradutora em Lisboa, nos idos de 1970. A edição em português das Seleções do Reader’s Digest tinha começado a ser produzida em Lisboa no começo dos anos 1970, tendo o Ivo Barroso como editor-chefe (creio que era esse seu cargo). Fui bater à porta dele e comecei a traduzir alguns textos para a revista, e ele, tradutor emérito, com grande gentileza, como o gentleman que é, passava o lápis vermelho e me explicava o que estava errado no meu trabalho. PLDATA – Entendo perfeitamente. Cada vez mais eu me dou conta do que devo aos meus professores de português e gramática histórica no ginásio e no colegial, no Rio. E principalmente à minha mãe, auto-didata eterna e apaixonada pela etimologia que, mesmo sem ter freqüentado universidade, aprendeu grego e latim no colegial e sempre dá show de sintaxe em nós, mesmo os filhos pós-graduados. Então tradução é um ofício? ELOISA – Sim, acho que tradução também é um “ofício” e que você pode se especializar neste ou naquele assunto e fazer cursos nessas áreas, mas o fundamento da tradução está no conhecimento sólido da língua para a qual você traduz e na curiosidade intelectual. E se você não for um tradutor especializado em alguma área técnica, precisa estar informado e “plugado” no mundo. Como avaliadora de testes de tradução, muitas vezes me deparei com textos até bem traduzidos, mas nos quais se evidenciava um grande desconhecimento de assuntos da atualidade. Lembro-me de um teste em que o tradutor deixou a June 2005
para minha casa e, às vezes, fazia também o oposto, ou seja, espalhava algumas novidades da família pelo bairro da Vila Pompéia, em São Paulo, onde cresci. Sou formado “Jornalismo não é profissão, em História. Comecei na PUC de é ofício. É uma atividade São Paulo no agitadíssimo ano PLDATA – Paulo, chegou a sua que pode ser exercida por de 1968, e terminei na Católica vez. Conheço alguns membros qualquer cidadão. Deve ser de Pernambuco, para onde me da nossa PLD que vieram do protegida contra censura e mudei em 1970, para trabalhar jornalismo. E tenho uma amiga outras formas de cerceamento como repórter da Veja na sucursal jornalista que está pensando no da liberdade de expressão, de Recife. Quando comecei minha contrário, em voltar ao jornalismo, mas não por reservas de carreira de jornalista, em 1968, depois de anos como tradutora mercado.” nos números experimentais da autônoma. Você tem colegas de revista Veja, não havia exigência profissão que também militam na de curso de jornalismo para a tradução ou vice-versa? obtenção do registro profissional. Acho, aliás, essa exigência, uma tolice. PAULO – Há pelo menos um caso famoso de jornalista brasileiro que se consagrou como tradutor. Carlos Lacerda, um prolífico e influente Jornalismo não é profissão, é ofício. É uma atividade jornalista carioca que se notabilizou como um dos que pode ser exercida por qualquer cidadão. Deve mais importantes políticos de seu tempo, traduziu ser protegida contra censura e outras formas de Shakespeare (“Julius Ceasar”), o primeiro livro cerceamento da liberdade de expressão, mas não por autobiográfico de Winston Churchill (“My Early Life, reservas de mercado. A regulamentação da profissão, a Roving Commission”, de 1941) e um par de obras feita no Brasil no começo dos anos 70, graças a um de Romain Rolland, do francês. Em algumas outras acordo de caráter corporativista entre sindicatos de suas incursões como tradutor, Lacerda usou de jornalistas e a ditadura militar, empobreceu pseudônimo. Um exemplo mais recente de jornalista intelectualmente o nosso jornalismo. Em nome de e tradutor é Eric Nepomuceno, com quem trabalhei na promover e proteger o setor, acabou privando nossas revista Veja nos anos 70 e cobri episódios da guerra redações de pessoas oriundas de outras disciplinas, civil em El Salvador, nos anos 80. Eric, que deixou que poderiam inclusive aportar conhecimentos o jornalismo pelo mais exigente ofício de escritor, é especializados nas várias áreas tratadas pelos jornais, o tradutor “oficial” de Gabriel García Márquez para revistas e pelo meios audio-visuais. O resultado é que, a língua portuguesa e já mereceu vários elogios do ao contrário do que ocorre nos EUA, por exemplo, Nobel colombiano, de quem é amigo. Certamente, há temos pouquíssimas pessoas com formação científica outros casos. E, com certeza, há os e as jornalistas que sólida escrevendo sobre ciência e as políticas públicas fazem traduções, geralmente de textos mais técnicos, relacionadas com as questões científicas na imprensa para suplementar seus salários. brasileira. Inevitavelmente, há um problema de qualidade. PLDATA – Não tinha a menor idéia sobre esse lado do Carlos Lacerda, de quem me lembro visitando obras Desenvolvi minha atividade paralela na área numa rua da minha infância no Rio... acadêmica a partir das várias oportunidades que me Paulo, dei uma olhada na Internet e fiquei foram oferecidas nos EUA de falar sobre o Brasil para impressionada com a sua folha corrida: BBC Radio diferentes platéias. No semestre do outono de 2003 Brazil Service, Gazeta Mercantil, IstoÉ, VEJA, prêmio e no semestre da primavera de 2005 dei um curso da Abril e prêmio da Columbia University. E você foi sobre “Media in Brazil” no Departamento de Espanhol também professor de Georgetown? Fala um pouco da e Português da Universidade de Georgetown. O sua formação e qual foi a sua área de atuação em curso é ministrado em português, sob o formato de Georgetown e na Columbia. seminário, ao longo de quatorze semanas, para alunos de várias áreas fluentes na nossa língua. Este PAULO – Nunca tive dúvida de que queria ser jornalista. ano tive onze alunos – oito americanos, um espanhol, Minha mãe me chamava de “Repórter Esso” quando eu um mexicano e um moçambicano. O programa inclui era criança, porque eu trazia todas as notícias da rua sigla OAS para Organização dos Estados Americanos – em inglês, Organization of American States –-, e isso num teste para um organismo que lida com os países da região.
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um apanhado da história dos meios de comunicação no Brasil, um país que tem hoje uma imprensa forte e atuante, mas onde a palavra impressa e o livro já foram proibidos. Pouca gente sabe disso: o primeiro livro em português impresso no continente americano foi publicado no México. O primeiro jornal brasileiro, o Correio Braziliense, foi publicado em Londres.
permite, de programas de rádio e televisão, sempre com o ousadíssima pretensão de explicar o Brasil para os americanos. Acho que falar em público sobre o Brasil e os temas que cubro, como as relações entre o Brasil e os Estados Unidos, é parte da minha obrigação como jornalista. É uma boa maneira de conhecer pessoas, expandir os horizontes e ser testado.
O plano do curso não se restringe ao jornalismo. Ao estudar a história do rádio, examinamos também
PLDATA – O Estadão tem um escritório em Washington, é isso? Ou você trabalha de casa? Que tipo de equipe você tem? E a rotina diária? Você sai em campo ou fica ao computador e telefone/ fax o dia inteiro?
a importância que ele teve para a propagação e afirmação do samba e de outras formas da música popular brasileira que hoje são parte da nossa identidade cultural. Tratamos também da radionovela, PAULO –Minha equipe em Washington sou eu e precursora da telenovela, e do papel da televisão “myself”. Faço tudo a que um jornalista tem direito. num país onde se lê pouco. Falamos também sobre o Entrevista, é à vontade do cinema brasileiro, que passa por um freguês: faço pessoalmente, momento de grande criatividade, e “Accountability” é uma dessas por telefone e via e-mail. Uso sobre os novos meios eletrônicos de divulgação de informação e palavras. Ofereço um doce a quem muito a internet. Procuro ir a entretenimento. Além das breves produzir uma boa tradução dessa todas as entrevistas coletivas que julgo interessantes. preleções que faço sobre cada um palavra para o português. Cubro audiência públicas no desses temas, os alunos discutem Congresso, geralmente sobre tópicos da atualidade, baseados questões de comércio relevantes em notícias que captam na imprensa brasileira ou para o Brasil. Sou também freqüentador assíduo sobre o Brasil, na imprensa americana ou de outros de seminários e conferências nos “think tanks” países. Uso também o “Blackboard”, o sistema online em Washington. Há uma dúzia por dia e o difícil é no qual os alunos podem comunicar-se comigo e escolher. Além disso, viajo sempre que posso e que entre eles, 24 horas por dia, os sete dias da semana. o jornal me pede para cobrir coisas variadas. Na É uma sala de aula virtual. A preocupação central do eleição presidencial do ano passado, percorri mais de curso é fazer análises críticas do trabalho dos meios 6.500 quilômetros de carro, primeiro de Washington a de comunicação em suas várias áreas, mas o objetivo Boulder, no Colorado, depois de Washington a Miami, final é ampliar o conhecimento dos alunos sobre a parando no caminho para conversar com as pessoas língua portuguesa viva e dar-lhes uma visão realista nos mais diversos lugares sobre Bush, Kerry, a guerra sobre o Brasil e a sociedade brasileira, além dos do Iraque, etc. Recentemente, estive na fronteira com estereótipos negativos ou positivos. A rapaziada que o Arizona para ver os vigilantes que querem fechar a procura o curso é fascinada pelo Brasil. fronteira dos EUA com o México. No início de junho, fui a Fort Lauderdale para cobrir a assembléia geral da Minha ligação com a Universidade de Columbia limitaOrganização dos Estados Americanos. Essas reuniões se a um prêmio que recebi da Escola de Jornalismo, anuais de grandes organismos são, geralmente, um nos anos 80, por meu trabalho de correspondente da porre. Só ficam interessantes nos momentos de crise. Gazeta Mercantil, e à atividade de palestrante eventual, mais recentemente sobre tópicos de política doméstica Tenho um escritório no centro da cidade, na sucursal e externa, no Centro de Estudos Brasileiros da School do Financial Times de Londres. Tenho também um of International and Public Affairs. Todos os anos, escritório em casa – e meu laptop Sony Vaio e meu faço algumas palestras em instituições acadêmicas celular Treo têm a incrível capacidade de, em poucos e em eventos organizados por câmaras de comércio, minutos, transformar qualquer trem, avião, automóvel, organismos internacionais e “think tanks” nos Estados aeroporto, hotel e mesmo casa de amigos em escritório Unidos, no México e no Canadá. E procuro participar , do Estadão. quando o trabalho de correspondente em Washington PLDATA - Há correspondentes em outras cidades PLData
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americanas, também? Você tem contato correspondentes de outros jornais brasileiros?
com
devidas sanções aos que roubam o erário, cometem atos criminosos, abusam do poder político e econômico e nos matam a todos de vergonha.
PAULO - A Agência Estado, que pertence ao Grupo Estado, tem um correspondente em Nova York e aciona eventualmente alguns colaboradores freelancers. Mantenho boas relações com meus colegas de outros jornais e meios de comunicação, vejo-os com freqüência em entrevistas coletivas e outros eventos, mas cada um tem sua vida. Somos solidários uns com os outros, mas não existe entre nós a preocupação de estar juntos nem de combinar o que fazer, até porque somos competidores. Tenho também bons amigos jornalistas americanos, ingleses, canadenses, mexicanos, argentinos, uruguaios e de outros países.
PLDATA – Se for olho de sogra ou doce de goiaba, eu me candidato. “Accountability” é um verdadeiro sofrimento. Com as diretrizes do ministério da educação americano, durante viagens com educadores, tenho usado “responsabilização pelos resultados”. Solução nada enxuta, hein? PAULO – A idéia é essa mesma. Mas responsabilização é uma palavra muito feia. Vale um cheesecake, que aliás é um dos meus doces preferidos. Agora, para o padrão olho de sogra, doce de goiaba, quindim ou outras das nossas ambrosias, acho que a expressão deixa a desejar. Aliás, sou membro autonomeado do autoconstituído comitê nacional em favor da limitação do uso dos verbos que terminam em izar, tais como utilizar, responsabilizar, agilizar e, em especial, o burocratíssimo disponibilizar. Êta verbinho ruim....
PLDATA - Você contrata/usa tradutores para o seu trabalho?? Faço minhas próprias traduções. O único tradutor a quem recorro regularmente é a Eloisa, uma profissional de competência reconhecida, editora das publicações do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que é também a mãe dos meus quatro filhos e o amor da minha vida, há mais de 30 anos. Às vezes, quando há uma questão controvertida, como uma disputa qualquer entre os governos do Brasil e dos EUA, confiro com alguns amigos brasileiros e americanos bilíngües minhas traduções de declarações de políticos ou funcionários e de notas oficiais, para me certificar sobre o significado de uma palavra ou expressão, no contexto em que foi dita ou usada. Faço isso não apenas porque é meu dever ser cuidadoso na atribuição de declarações, mas também por precaução: em situações como essas, depois que uma declaração controvertida sai no jornal, a turma do deixa-disso sai a campo, e os funcionários envolvidos na disputa põem panos quentes. Mas, não tendo explicação convincente a oferecer sobre o que disseram ou escreveram, tendem a dar uma de esperto e culpam a imprensa pela confusão, afirmando que o jornalista errou na tradução ou usou a declaração fora do devido contexto. Agora, há os casos das expressões ou palavras que não têm tradução direta, porque o conceito que elas descrevem não existe (ainda) na outra língua. “Accountability” é uma dessas palavras. Ofereço um doce a quem produzir uma boa tradução dessa palavra para o português. Mas temo que, primeiro, tenhamos que adotar o conceito em nosso país, desenvolvendo um sistema efetivo que permita à sociedade brasileira acertar as contas com uns e outros, na vida pública mas não só, impondo as
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PLDATA – Okay, vou cobrar o cheesecake e pedir filiação no comitê. Que ‘refrescante’ ouvir isso, Paulo... desculpa, eu quis dizer “reanimador”, olha o anglicismo... Ai, que bom deve ser te traduzir para o inglês. Se um dia eu for para o céu tradutoresco, só traduzirei jornalistas. Eloisa e Paulo, foi uma delícia esse papo. Em nome da PLD, fico muito grata a vocês. E vamos esperar comentários dos nossos leitores. Junho 2005
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Da necessidade de especialização por Renata Celente From the Editor: I came accross this article – About the Need for Specialization – recently and found it excellent in content in presentation. I was exploring back issues of the Boletim Abrates online (see www.abrates.com. br). It is reprinted here with permission from Boletim Abrates, the newsletter of the Associação Brasileira de Tradutores, in Rio de Janeiro. It appeared in its July 2003 edition.
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erta vez, em uma lista de discussão de conhecimento mais aprofundado na área biomédica? tradutores na Internet, uma colega pediu ajuda Ou seria suficiente conhecer os nomes de alguns para a tradução do verbo “to summon”. Um poucos grupos musculares na qualidade de praticante tradutor solícito respondeu à colega e à lista oferecendo de esporte e complementar as lacunas com leitura as sugestões citar e intimar, para logo depois enviar de livros, pesquisa na Internet e o imponderável bom nova mensagem dizendo que “também havia achado” senso? indiciar e arrolar, opinando que era só escolher uma dessas sugestões e encaixar no texto em português. Se eu ainda guardava algum Imediatamente enviei mensagem à lista e aos dois resquício de simpatia pela velha colegas em questão oferecendo a definição de máxima da desnecessidade Quanto mais cada um desses verbos segundo o direito de especialização, ela sumiu traduzimos um brasileiro e advertindo sobre os perigos do completamente quando, por determinado assunto, uso indevido de expressões técnicas em pura curiosidade, folheei mais o entendemos, mais questionamos, mais um texto legal. um livro sobre treinamento atentos ficamos e, assim, físico em uma livraria. construímos um banco de Até aquele momento, eu nunca A cada página, surgiam dados teórico que será havia ponderado seriamente sobre a palavras que nunca havia acionado, consultado necessidade de especialização do tradutor visto combinadas a fórmulas e alimentado em áreas específicas do conhecimento. Na matemáticas e princípios naturalmente a cada verdade, eu seguia inadvertidamente o fluxo da física, enfi m, termos trabalho. da idéia – que me fora apresentada ainda na altamente técnicos – coisas que faculdade – de que o tradutor não precisar ser eu nunca poderia imaginar fizessem especialista no assunto que traduz para produzir um parte do universo da educação física. bom trabalho; a pesquisa séria e o bom senso seriam Definitivamente um conhecimento superficial aliado suficientes para compensar a falta de especialização. à pesquisa e ao bom senso não seriam suficientes Deparando com a situação real sobre a tradução do para solucionar as questões terminológicas que verbo “to summon”, percebi quão perigosa era a falta invariavelmente surgiriam em um texto como aquele. de conhecimento jurídico naquele caso. Desconhecer Aliás, meu próprio bom senso me impediria de o significado jurídico dos verbos citar, intimar, indiciar porventura aceitar um projeto de tradução naquela e arrolar e adotar um deles ao invés do outro tornaria o área depois de ler o texto original. Concluí, então, que texto ininteligível, para não dizer risível. Concluí, então, a especialização é fundamental, não só para textos que a especialização era essencial na tradução de jurídicos mas para qualquer área. textos jurídicos. E isso eu só pude determinar porque além de tradutora, também era acadêmica de Direito. É importante definir aqui o que é especialização – para não cairmos no mesmo abismo de confusão Comecei a questionar, então, se para traduzir textos de de conceitos que vem ocorrendo com a tão discutida outras áreas também bastaria o tal tripé conhecimento regulamentação da nossa profissão. Por especialização, superficial-pesquisa-bom senso. Para traduzir um texto devemos entender a concentração prática em um de Educação Física, por exemplo, seria necessário um determinado assunto, não sendo essencial educação PLData
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Quanto mais traduzimos um determinado assunto, mais o entendemos, mais questionamos, mais atentos ficamos e, assim, construímos um banco de dados teórico que será acionado, consultado e alimentado naturalmente a cada trabalho. A formação na área escolhida é bem-vinda e inegavelmente vantajosa, mas não vislumbro motivos para que seja obrigatória. Afinal, trabalharemos somente com os aspectos lingüísticos e conceituais (elementos externos), e não com as técnicas e práticas do assunto em si (elementos internos). Na tradução o leitor precisa acreditar que o tradutor entende e corrobora o que está escrevendo, e é a especialização que vai guarnecer essa credibilidade. O conhecimento mais profundo de determinado assunto oferece segurança ao tradutor, permitindo que ele assuma o controle do texto de trabalho e evite devaneios e desvios, para não falar nas tentativas de adivinhação – os famosos “chutes” (quase sempre na trave). O que dizer então da perigosa combinação de falta de conhecimento aprofundado e prazo exíguo, mortal quando adicionamos a preguiça e a falta de bom senso. Desconhecendo que arrolar e intimar são ações diferentes e que a utilização de cada verbo deve ocorrer em um contexto específico, o tradutor não assumirá a tarefa de pesquisar o conceito de cada um em um bom livro de direito brasileiro, contará o número de ocorrências de cada um no Google (sim, há tradutores que encaram a pesquisa terminológica como uma demonstração democrática – é eleito o termo que ganhar mais “votos”), simplesmente encaixará o termo no meio da frase e entregará o texto ao cliente. Da mesma forma, mas em um outro exemplo, expressões cristalizadas presentes nos mais diversos tipos de documentos jurídicos, desde contratos de compra e venda até ações penais, como as famosas “but not limited to” e “from time to time amended”, recebem soluções pobres e praticamente literais por absoluta falta de convivência entre o tradutor e o mundo jurídico. Entender o contexto para produzir o texto provavelmente foi uma das primeiras lições de introdução à tradução ensinadas na faculdade (lembro-me até hoje da máxima das aulas de interpretação simultânea: pense no que ele está falando e fale o que você está pensando). E não há como entender o contexto se não existe aquele banco de dados teórico que alimentamos a cada trabalho, com muita pesquisa e leitura. E, sem dúvida, é mais fácil alimentar bancos de dados de assuntos específicos e correlatos, como direito e economia, medicina e biologia, engenharia e arquitetura. A vocação natural ou adquirida na prática para traduzir textos sobre resultados econômicos, por exemplo, será base suficiente para direcionar nosso bom senso PLData
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artigo sobre a reforma tributária ou um documento sobre participação acionária. O tradutor especializado estará em maior contato com o universo do assunto que traduz, familiarizado com seus estilos de textos e sua terminologia. O tempo de trabalho de um especialista será melhor aproveitado que o de seus colegas não especializados pois seu bom senso, aliado ao conhecimento aprofundado, conduzirá o tradutor pelos caminhos da pesquisa. Como resultado, teremos a produção de um texto mais confiável em menos tempo, e isso é um grande fator de agregação de valor ao nosso trabalho. O tradutor jurídico, por exemplo, saberá enxugar expressões repetitivas sem eliminar a essência e a finalidade do texto, procurará adaptar os atos processuais e procedimentos à realidade do direito local sem desprezar as características do direito de origem, recorrendo a explicações sobre eventuais diferenças entre eles sempre que necessário, saberá respeitar os valores e os princípios de direito que pautam o texto original, mesmo quando tais valores parecem equivocados e absurdos ao leitor brasileiro. É essa qualidade que gerará a oferta de mais trabalhos, que alimentarão ainda mais a qualidade, num círculo virtuoso saudável e lucrativo. Minha intenção, ao defender a necessidade de especialização, não é engessar o tradutor, até porque os grupos de especialização são muito amplos e permitem interseções, como já dito. O mercado da tradução não é feito somente de textos específicos e essencialmente técnicos. O tradutor pode e deve aventurar-se, desde que munido das ferramentas adequadas (conhecimento superficial, bom senso, pesquisa), por áreas nas quais se considera capaz. Talvez dessa empreitada surja uma nova área de especialização. Talvez o assunto novo traga algum crescimento pessoal ou profissional. Ou talvez o trabalho sirva tão-somente para pagar as contas, o que já é motivo suficiente para ser aceito (desde que sensatamente, repito). Além disso, textos genéricos e assuntos de conhecimento geral certamente não demandam o grau de especialização que discuto aqui. Mas é direito do autor, do leitor e do cliente final que documentos técnicos, independentemente da área de conhecimento, recebam um tratamento tradutório adequado, qual seja, o manuseio por um tradutor que conheça com razoável profundidade o assunto no qual está trabalhando.
Renata Celente é tradutora há 11 anos, associada da ABRATES, formada em Interpretação de Conferências pela PUC-RJ e especializada em tradução jurídica. Email:
[email protected] June 2005
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Dear PLD and ATA Members I am a Pacific Northwesterner by heart, having fallen in love with this side of the U.S. way back in the early sixties, and continue to find amazing things about this region that I now call home.
webfeet and moss behind your ears. (No, I will not tell what size shoes I wear.) Portland, Oregon was recently considered the cleanest of the 50 largest cities in the U.S according to a survey conducted by Reader’s Digest . Seattle was also included among the 50.
The Northwest is a very unique and genuine part of the U.S., for its people, landscape, cities and even “language”. We have a peculiar accent and vocabulary. To start with, I live in Or•e•gon (ôr¹î-gen and not in orîgòn). We don’t drink soda, we drink pop.
Check below a few links for information on Seattle, and the Northwest in general. I invite you to take a few extra days to become familiar with the area and visit some of the beautiful parks, lakes and mountains. Oh yes, when leaving, don’t forget to check your feet before you board the plane!
While still back country in its nature, the Pacific Northwest is also home of the leading IT, aviation, sports gear and apparel industries. Consideration for trees, wildlife and pets many times prevails over the homo sapiens part of the population. We have spring water in our taps, and salmon jumping in rivers that cross our cities. Yes, rain is a factor but… we love our trees, remember? Some people say that to be a true Northwesterner you have to be born with
Ines Bojlesen PLD Assistant Editor and Designer http://www.spaceneedle.com/webcam/ http://www.olympic.national-park.com/info.htm#his http://content.lib.washington.edu/aipnw/buerge1. html h t t p : / / w w w. g e o g . u m n . e d u / c o u r s e s / 5 4 4 1 / NPLRNRA.htm
LOCAL ATTRACTIONS Seattle Monorail to the Space Needle Cascade Adventures Columbia River Gorge Fifth Avenue Theatre Pike Place Market Paramount Theater Seattle Symphony Washington State Convention and Trade Center Victoria Clipper Seattle Aquarium Seattle Art Museum International District Safeco Field (Home of the Seattle Mariners Baseball Team) Qwest Field (Home of the Seattle Seahawks) The Space Needle Experience Music Project Marion Oliver McCaw Hall Mount Rainer Pacific Science Center Key Arena (Home of the Seattle Supersonics Basketball Team) Pioneer Square Volunteer Park and the Conservatory Wild & Scenic River Tours Woodland Park Zoo University of Washington Whale Watching Muckleshoot Indian Casino Point Defiance Park and Zoo Olympic National Park Vancouver, British Columbia Portland, Oregon Victoria, British Columbia Starbucks Coffee Company Virginia Mason Hospital Microsoft Corporation PLData
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