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ESCOLA SUPERIOR NÁUTICA INFANTE D. HENRIQUE DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MARÍTIMA INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO LABORATORIAL Nº 1 TRANSDUTORES DE TEMPERATURA Por: Prof. Luis Filipe Baptista E.N.I.D.H. – 2012/2013 INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO PRÁTICO Nº1 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 2 1.1. OBJECTIVOS DO TRABALHO ......................................................................................... 2 1.2. MATERIAL A UTILIZAR................................................................................................... 2 2. TRABALHO A REALIZAR....................................................................................................... 2 2.1. SENSOR DE TEMPERATURA INTEGRADO (LM335) .................................................. 2 2.1. ENSAIO PRÁTICO COM O SENSOR DE TEMPERATURA INTEGRADO LM335 ..... 3 2.2. TRANSDUTOR RTD - RESISTÊNCIA DE PLATINA (PT100) ....................................... 5 2.3. ENSAIO PRÁTICO DA RESISTÊNCIA DE PLATINA (PT100) ...................................... 6 2.4. TERMÍSTOR NTC (NEGATIVE TEMPERATURE COEFFICIENT) .............................. 9 2.5. ENSAIO PRÁTICO COM O TERMÍSTOR NTC ............................................................. 12 2.6. TERMOPAR (TIPO K) ...................................................................................................... 13 2.7. ENSAIO PRÁTICO COM O TERMOPAR DO TIPO K................................................... 13 3. RELATÓRIO FINAL ............................................................................................................... 15 ANEXO. COMPENSAÇÃO DA JUNÇÃO DE REFERÊNCIA ATRAVÉS DE SENSOR INTEGRADO DE TEMPERATURA LM335 .............................................................................. 16 Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 1 INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO PRÁTICO Nº1 TRANSDUTORES DE TEMPERATURA 1. INTRODUÇÃO 1.1. OBJECTIVOS DO TRABALHO Com a realização deste trabalho prático, pretende-se que os alunos adquirem conhecimentos sobre: a) Características de um sensor integrado de temperatura (LM335); b) Características de um transdutor de resistência de platina (Pt100); c) Características de um transdutor de resistência que varia negativamente com a temperatura - termístor (NTC – Negative Temperature Coefficient); d) Características de um termopar do tipo K; e) Forma de determinar valores de temperatura a partir das tensões obtidas em circuitos de condicionamento de sinal de transdutores de temperatura. 1.2. MATERIAL A UTILIZAR O equipamento a utilizar para a realização dos ensaios, é o seguinte: - Equipamento de treino de transdutores de instrumentação DIGIAC 1750 - Cabos de ligação com conectores de 4 mm de diâmetro - Multímetro digital 2. TRABALHO A REALIZAR 2.1. SENSOR DE TEMPERATURA INTEGRADO (LM335) O circuito integrado LM335 é um sensor de temperatura que é composto por 16 transístores, 9 resistências e 2 condensadores, montados numa embalagem típica de circuitos integrados, como a TO-92 (ver Fig.1). Fig.1 Este dispositivo, desenvolvido pela National Instruments, fornece uma tensão de saída de 10 mV/ºK. A tensão de saída dá uma indicação da temperatura directamente em graus Kelvin (ºK). Por exemplo, para uma temperatura de 20ºC (293.15ºK) a tensão de saída deverá ser 2.9315 V. A expressão de cálculo da tensão de saída do transdutor (V0) é dada através da seguinte expressão: V0 (V) = 0.010 × (T(º C) + 273.15) Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM (1) 2 INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO PRÁTICO Nº1 O circuito típico de condicionamento do transdutor está representado na Fig.2. Note-se que no caso de a tensão de alimentação ser V+=5V, a resistência R1 deverá ser de 1 kΩ. Fig.2 Na figura da esquerda, tem-se o circuito básico que tem apenas uma resistência de limitação da corrente (R1), que é função do valor de V+. Este circuito não permite efectuar um ajuste fino ou calibração fina do sensor. No circuito da direita, o potenciómetro de 10 kΩ permite efectuar um ajuste fino da tensão de saída, tendo por base a leitura fornecida por um termómetro padrão. 2.1. ENSAIO PRÁTICO COM O SENSOR DE TEMPERATURA INTEGRADO LM335 Para realizar os ensaios práticos com este sensor, vamos utilizar a unidade de ventilação e aquecimento de ar existente no laboratório (INSTRUTEK VVS-400) representada na Fig.3. Esta unidade dispõe de um tubo por onde o ar é forçado a circular através de um ventilador. Na parte central da conduta, está instalada uma resistência de aquecimento e respectivo dispositivo electrónico de potência (TRIAC). A potência a dissipar na resistência pode ser controlada através de uma tensão contínua na gama de 0 a 5 V. Deve referir-se que a velocidade do ventilador é controlada através de uma tensão contínua na gama de 0 a 5 V (Ver esquema da unidade representado na Fig.4). Fig.3 Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 3 INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO PRÁTICO Nº1 a) b) Fig.4 O esquema de controlo independente de caudal e temperatura da unidade VVS-400 está representado na Fig.4-a). O sistema dispõe de um transdutor de temperatura do tipo RTD (Pt100) e de um transdutor de caudal do tipo orifício calibrado. A temperatura do ar na conduta é controlada através de um circuito de aquecimento baseado num esquema de PWM (Pulse Width Modulation) e TRIAC, conforme representado na Fig.4-b). A configuração da unidade VVS-400 é bastante flexível e permite variar a gama de pontos de funcionamento do sistema numa grande extensão. Deste modo, esta unidade é extremamente útil para a realização de ensaios com transdutores de temperatura. Assim, vamos introduzir um sensor LM335 no orifício de montagem do sensor de temperatura existente na unidade, de modo a medir a temperatura do ar no interior da conduta. Para calibrar o sensor, vamos introduzir igualmente a sonda de um termómetro digital, que irá servir de termómetro padrão. Realize os seguintes procedimentos: a) Construa o circuito de calibração do sensor LM335 representado na Fig.2 (figura da direita). Caso o valor de tensão fornecido pelo sensor não esteja de acordo com o calculado através da expressão (1), ajuste o potenciómetro de 10 kΩ representado na Fig.2 até obter o valor desejado. (Nota: utilize o termómetro digital para medir a temperatura do ar); b) Coloque os interruptores da unidade de ventilação na posição “TO PC”; Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 4 INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO PRÁTICO Nº1 c) Ligue um dos canais da fonte de alimentação TOPWARD aos terminais de entrada da unidade de caudal (FLOW) - posição “FROM PC”; d) Ligue o outro canal da fonte de alimentação TOPWARD aos terminais de entrada da unidade de temperatura (TEMPERATURE) - posição “FROM PC”. Tenha em consideração que deve ligar os diversos terminais (-) num ponto comum de terra; e) Ligue a unidade de ventilação VVS-400. Coloque os ajustes da fonte de alimentação no valor mínimo. Ligue a fonte de alimentação TOPWARD. Ajuste o potenciómetro do controlo de caudal em 2.5 V. Verifique se o caudal de ar é suficiente para obter boas leituras da temperatura do ar em circulação na conduta; f) Meça o valor de temperatura do ar de ventilação na conduta através do termómetro digital bem como o valor de tensão de saída do sensor LM335. Registe os valores na Tabela I; g) Comece a aumentar lentamente o valor do potenciómetro de ajuste da temperatura (intervalos de 0.2 V). Espere algum tempo de modo a estabilizar a temperatura do ar na conduta antes de efectuar as leituras. Registe os valores na Tabela I; h) Quando atingir T=40ºC termine o ensaio. Desligue a fonte de alimentação e por fim o sistema VVS-400; i) Construa no Matlab um gráfico X-Y entre a temperatura do ar na conduta (abcissas) e a tensão de saída (ordenadas); j) Sobreponha aos pontos do gráfico anterior a recta teórica calculada de acordo com a expressão (1). Comente eventuais discrepâncias; k) Determine o erro máximo percentual obtido no ensaio (em Volts e em graus). Tabela I Vaj (fonte) Temperatura Vo (sensor) Vo teórica (sensor) E=ΔV =Vo-Vo teórica (V) (ºC) (V) (V) (V) Nota: As colunas 4 e 5 são preenchidas posteriormente a partir dos valores de saída do LM335 (teóricos). 2.2. TRANSDUTOR RTD - RESISTÊNCIA DE PLATINA (PT100) A aspecto de uma resistência de platina (RTD – Resistance Temperature Dependant) está representada na Fig.6. Consiste de uma película muito fina de platina depositada num substrato cerâmico e terminais em ouro nos extremos do elemento, que permitem efectuar o contacto com a película de platina. Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 5 INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO PRÁTICO Nº1 Fig.6 A película de platina é cortada a laser em espiral de modo a obter uma resistência de 100 Ω a 0ºC. A resistência desta película aumenta com a temperatura. Pode portanto dizer-se que tem um coeficiente positivo com a temperatura (Positive Temperature Coefficient). A variação de resistência varia linearmente com a temperatura, com um declive de 0.392 Ω/ºC. Assim, a partir da expressão geral de uma resistência do tipo RTD: R(T) = R(T0 ) × [1 + α 0 ΔT ] (2) Em que α0 = 1 × (inclinação em T0 ) R(T0 ) ⎛ R − R1 ⎞ 1 ⎟ α0 = × ⎜⎜ 2 R(T0 ) ⎝ T2 − T1 ⎟⎠ (3) Pode obter-se a expressão da recta característica da Pt100 (Nota: Justifique no relatório a dedução desta expressão): R = 100 + 0.392 × T(º C) (4) A Pt100 pode ser alimentada através de uma fonte de tensão contínua com uma resistência de carga em série (½ ponte de Wheatstone). A corrente que circula no circuito irá provocar o auto-aquecimento (self heating) do transdutor por efeito de Joule, pelo que a temperatura interna irá aumentar a uma taxa de 0.005 ºC por cada mW dissipado no transdutor. No ensaio prático que se irá realizar, vamos ligar a resistência de platina RTD em série com uma uma resistência de valor elevado e medir a queda de tensão no transdutor. Devido à pequena variação de resistência da Pt100 com a temperatura, a variação de corrente é desprezável pelo que a queda de tensão no transdutor é directamente proporcional à sua resistência. 2.3. ENSAIO PRÁTICO DA RESISTÊNCIA DE PLATINA (PT100) Para realizar a primeira parte do ensaio, vamos seguir os procedimentos utilizados no ensaio do sensor integrado LM335. Assim, tem-se: Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 6 INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO PRÁTICO Nº1 1ª parte – recta característica da Pt100: a) Coloque os interruptores da unidade de ventilação na posição “TO PC”; b) Ligue um dos canais da fonte de alimentação TOPWARD aos terminais de entrada da unidade de caudal (FLOW) - posição “FROM PC”; c) Ligue o outro canal da fonte de alimentação TOPWARD aos terminais de entrada da unidade de temperatura (TEMPERATURE) - posição “FROM PC”. Não se esqueça de ligar os diversos terminais (-) num ponto comum de terra; d) Ligue a unidade de ventilação VVS-400; e) Coloque os ajustes da fonte de alimentação no valor mínimo. Ligue a fonte de alimentação TOPWARD. Ajuste o potenciómetro do controlo de caudal em 2.5 V. Verifique se o caudal de ar é suficiente para obter boas leituras da temperatura do ar; f) Meça o valor de temperatura do ar de ventilação na conduta através do termómetro digital bem como o valor da resistência de platina (multímetro digital). Registe os valores na Tabela II; g) Comece a aumentar lentamente o valor do potenciómetro de ajuste da temperatura (intervalos de 0.2 V). Espere algum tempo de modo a estabilizar a temperatura do ar na conduta antes de efectuar as leituras. Registe os valores na Tabela II; h) Termine o ensaio quando a temperatura atingir o valor de T=40ºC; i) Desligue o sistema VVS-400 e a fonte de alimentação; j) Construa no Matlab um gráfico X-Y entre a temperatura do ar na conduta (abcissas) e a resistência da Pt100 (ordenadas); k) Sobreponha aos pontos do gráfico anterior a recta teórica calculada de acordo com a expressão (4) que fornece o valor da resistência em função da temperatura. Comente eventuais discrepâncias; l) Calcule o valor de α 0 através da expressão (3). Pode usar os valores máximo e mínimo de resistência, ou seja R2 e R1 na expressão (3). Compare este valor com o declive da expressão (3), ou seja 0.392. Que pode concluir? m) Calcule o desvio máximo percentual do transdutor (em Ω) relativamente aos valores da respectiva tabela da Pt100. Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 7 INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO PRÁTICO Nº1 Tabela II Temperatura RPt100 RPt100 (tabela) E Pt100 E Pt100 (ºC) (Ω) (Ω) (Ω) (%) Nota: As colunas 3, 4 e 5 são preenchidas posteriormente com base nos valores de resistência da tabela da Pt100. 2ª parte – circuito de condicionamento de sinal da Pt100: Para realizar este ensaio vamos recorrer às funcionalidades do DIGIAC visto dispor de circuitos pré-construídos que são bastante úteis neste tipo de ensaios. Deve notar-se que embora existam transdutores de temperatura no DIGIAC, optou-se por utilizar a unidade de ventilação e aquecimento VVS-400, pois permite simular o funcionamento de um equipamento industrial de uma forma bastante mais realista. Fig.7 a) Construa o circuito representado na Fig.7. (Nota: a resistência Pt100 existente no DIGIAC é substituída pela Pt100 inserida no sistema de aquecimento utilizada no ensaio anterior); b) Ajuste o cursor do potenciómetro linear de 10 kΩ (SLIDE) a meio da escala (5) e ligue-o à Pt100. Ligue o multímetro digital aos terminais da Pt100; c) Ligue o DIGIAC e ajuste o potenciómetro de modo a que a queda de tensão aos terminais da Pt100 seja de 108 mV (0.108 V) através do multímetro digital. Esta operação permite efectuar a calibração do transdutor à temperatura ambiente de 20ºC, visto que a resistência da Pt100 a 20 ºC é ≈108 Ω (ver tabela da Pt100). Tenha em atenção que a queda de tensão na Pt100 em mV é igual ao valor da resistência da Pt100 em Ω, visto que a corrente que a atravessa é de 0.108 mV/108 Ω = 1 mA. (Nota: Caso a temperatura ambiente da sala seja diferente, reajuste os valores através da tabela da Pt100). Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 8 INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO PRÁTICO Nº1 d) Caso a temperatura ambiente seja diferente de 20 ºC (caso mais geral), a tensão aos terminais da Pt100 pode ser ajustada da seguinte forma: • • • Leia a temperatura ambiente com o termómetro digital; Calcule a resistência da Pt100: R(Ω)= 100 + 0.392*T(ºC). Compare com o valor da tabela da Pt100; Ajuste a queda de tensão aos terminais da Pt100 (RTD) tendo em conta o valor anterior. e) Comece a aumentar lentamente o valor do potenciómetro de ajuste da temperatura (intervalos de 0.2 V). Espere algum tempo de modo a estabilizar a temperatura do ar na conduta antes de efectuar as leituras. Registe os valores de temperatura e de queda de tensão na Pt100 na Tabela II; f) Termine o ensaio quando a temperatura atingir o valor de T=40ºC; g) Desligue o sistema VVS-400 e o DIGIAC; h) Construa no Matlab um gráfico X-Y entre a temperatura do ar na conduta (abcissas) e a queda de tensão na Pt100 (ordenadas); i) Durante este ensaio, a corrente que circula na Pt100 é da ordem de 1 mA. Como a tensão aplicada é Vcc=+5 V, a resistência total do circuito é da ordem de 5 kΩ (potenciómetro ajustado a meio da escala). A variação da resistência da Pt100 tem assim um efeito desprezável na corrente do circuito, pelo que a queda de tensão na Pt100 representa de uma forma precisa o valor da resistência do transdutor; j) Construa no Matlab um gráfico X-Y entre a temperatura do ar na conduta (abcissas) e resistência da Pt100 (ordenadas) através do método descrito na alínea anterior. Compare o gráfico com o do 1º ensaio. Comente eventuais discrepâncias; k) A corrente de 1 mA irá traduzir-se numa potência dissipada muito baixa na RTD (Pt100). O efeito de auto-aquecimento irá produzir um aumento de temperatura de 0.02 ºC. Calcule a potência dissipada na Pt100 para T=40ºC. Deste modo, abra o circuito e insira em série um amperímetro de modo a medir a corrente e calcule a potência dissipada no transdutor em mW; l) Calcule o erro em graus centígrados devido ao efeito de auto-aquecimento. 2.4. TERMÍSTOR NTC (NEGATIVE TEMPERATURE COEFFICIENT) O termístor (thermally sensitive resistor) é construído de forma a que a sua resistência seja sensível a variações de temperatura. Ao contrário de uma resistência vulgar, é desejável que o coeficiente da resistência (variação da resistência com a temperatura) seja bastante elevado. Nalguns termístores a sua resistência aumenta com a temperatura (PTC) enquanto que noutros sucede o inverso, ou seja a resistência varia negativamente com a temperatura (NTC). Podem ser construídos sob a forma de discos ou cilindros (tipo vareta). Um termístor típico é composto de óxidos sinterizados de metais como por exemplo níquel, manganés e cobalto, com contactos colocados nas extremidades do elemento sensível. Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 9 INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO PRÁTICO Nº1 Numa NTC, à medida que a temperatura aumenta, a resistência baixa de uma forma não-linear (é do tipo exponencial com coeficiente negativo – ver eq.(5)). Na Fig.8 podemos observar as curvas típicas de diversas NTC e a recta de variação da Pt100. Pode verificar-se que as as taxas de variação de resistência da NTC e da Pt100 com a temperatura são bastante distintas. Fig.8 As NTC’s variam acentuadamente com a temperatura, em geral -3%/°C a -6%/°C, garantindo deste modo uma grande sensibilidade ou sinal de resposta, quando comparadas com as de outros sensores de temperatura (termopares ou RTDs). Por outro lado, a menor sensibilidade dos termopares ou das RTDs, permite utilizar estes sensores para medir temperaturas acima de 260°C e/ou temperaturas de funcionamento próximas do limite de temperatura dos termístores. A curva de variação de uma NTC com a temperatura, é dada pela seguinte expressão: R = A.eB/T (5) R = resistência (Ω) B = constante do material da NTC (ºK) T = temperatura da NTC (ºK) A = constante a uma dada temperatura Cálculo dos valores de A e B: Os valores de A e B podem ser obtidos experimentalmente medindo-se o valor da resistência R da NTC para dois valores diferentes de temperatura: Da equação da NTC tem-se: R 1 = A.eB/T1 (6) R 2 = A.eB/T2 (7) Dividindo-se (6) por (7), tem-se: Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 10 INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO PRÁTICO Nº1 ⎛1 1⎞ ⎛R ⎞ −1/T2 ) R1 = e B(1/T1 ⇒ ln⎜⎜ 1 ⎟⎟ = B⎜⎜ − ⎟⎟ R2 ⎝ T1 T2 ⎠ ⎝ R2 ⎠ (8) Rearranjando a expressão, pode calcular-se o valor de B através de: B= ln R1 - ln R2 1 1 T1 T 2 (9) A resistência R da NTC pode ser calculada para temperaturas acima e abaixo de 25ºC, através da equação (8). Deste modo, para temperaturas acima de 25ºC, tem-se: ⎛ R25 ⎞ 1 1 ⎛ ⎞ ⎟⎟ = B ⎜ ln ⎜⎜ ⎟ ⎝ 273.15 + 25 273.15 + T ⎠ ⎝ RT ⎠ Para temperaturas abaixo de 25ºC, tem-se: 1 1 ⎛ RT ⎞ ⎛ ⎞ ln ⎜ ⎟ = B⎜ ⎟ ⎝ R25 ⎠ ⎝ 273.15 + T 273.15 + 25 ⎠ Nota: A constante B representa a temperatura para a qual a resistência R da NTC vale A*e. Supondo que T → ∞, tem-se e B/T → 1 Daqui resulta que R=A. Assim, pode afirmar-se que a constante A representa a resistência da NTC quando T → ∞. Exemplo: Calcule os valores de A e B de uma NTC, a partir dos valores: t1= 20 ºC t2= 40 ºC ; ; R1 = 6 Ω R2 = 2.2 Ω Resolução: T1 = T + t1 = 273.15 + 20 = 293.15ºK T2 = T + t2 = 273.15 + 40 = 313.15ºK Aplicando a expressão (9): ⎞ ⎛ ⎞ ⎛ ⎜ ln R1 - ln R2 ⎟ ⎜ ln 6 - ln 2.2 ⎟ ⎟ = 4605.2º K ⎟ =⎜ B= ⎜ ⎜⎜ 1 - 1 ⎟⎟ ⎜ 1 - 1 ⎟ ⎜ ⎟ ⎝ T1 T2 ⎠ ⎝ 293.15 313.15 ⎠ Para calcular a constante A, partimos da equação geral: R = AeB/T. Aplicando logaritmos, obtémse: lnA = lnR1 − B 4605.2 ⇒ lnA = ln6 T1 293.15 Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 11 INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO PRÁTICO Nº1 Portanto: ln A = - 13.9176 → A = 0.903*10–6 Ω Resultado: B = 4605.2ºK ; A = 0.903*10– 6 Ω 2.5. ENSAIO PRÁTICO COM O TERMÍSTOR NTC Para realizar este ensaio vamos ligar simplesmente os terminais da NTC ao multímetro digital e ler os pares de valores (temperatura, resistência). Deste modo, realize os seguintes procedimentos: a) Leia os valores de temperatura e resistência da NTC sem aquecimento. Registe os valores na Tabela III; b) Comece a aumentar lentamente o valor do potenciómetro de ajuste da temperatura (intervalos de 0.2 V). Espere algum tempo de modo a estabilizar a temperatura do ar na conduta antes de efectuar as leituras. Registe os valores de temperatura e de resistência na Tabela III; c) Termine o ensaio quando a temperatura atingir o valor de T=40ºC; d) Construa no Matlab um gráfico X-Y entre a temperatura do ar na conduta (abcissas) e de resistência da NTC (ordenadas); e) Sobreponha no gráfico anterior os valores de resistência da NTC com base na expressão anteriormente apresentada do tipo exponencial. Para o efeito deverá calcular as constantes A e B, através das expressões anteriormente apresentadas. Comente eventuais discrepâncias; f) Determine a aproximação quadrática da resistência da NTC com a temperatura. Compare as duas expressões que aproximam a curva da NTC e determine o erro máximo (em ºC) obtido através de cada uma delas (Nota: Esta questão é opcional). Tabela III Temperatura RNTC RNTC (expon.) RNTC (quadrática) Erro (exp.) Erro (quadr.) (ºC) (Ω) (Ω) (Ω) (Ω) (Ω) Nota: As colunas 3 a 6 são preenchidas posteriormente a partir dos valores obtidos nas colunas 1 e 2. Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 12 INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO PRÁTICO Nº1 2.6. TERMOPAR (TIPO K) A Fig.10 representa o esquema típico de um termopar. É composto por dois fios de materiais diferentes soldados numa das extremidades (solda a frio). No caso do termopar tipo K, utilizam-se os seguintes materiais: alumel e crómio. Neste dispositivo, quando a ponta soldada for aquecida irá surgir uma força electromotriz aos terminais dos dois componentes do termopar. A junção soldada dos dois materiais designa-se por junta quente (hot junction) enquanto que os restantes terminais designam-se por junta fria (cold junction). Fig.10 O valor da tensão gerada aos terminais do termopar (fem) depende da diferença de temperaturas entre as juntas quente e fria, bem como dos materiais utilizados na construção do termopar. No caso do termopar tipo K, a tensão de saída é bastante linear na gama de temperaturas de 0-100 ºC e possui um ganho (coeficiente de Seebeck - α ) de 40.96 μV por cada grau de diferença existente entre as juntas quente e fria ( α = 40.96 μV/ºC => 0.04096 mV/ºC). 2.7. ENSAIO PRÁTICO COM O TERMOPAR DO TIPO K Para realizar este ensaio, analise o esquema representado na Fig.11: Fig.11 Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 13 INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO PRÁTICO Nº1 a) Efectue as ligações representadas no circuito da Fig.11. Tenha em atenção que vai utilizar-se um termopar exterior e não o fornecido pelo DIGIAC. Deste modo faça as adaptações necessárias para implementar o circuito análogo; b) Introduza o termopar no ponto de leitura da conduta de ar do sistema VVS-400, bem como o termómetro digital; c) Ajuste o GAIN COARSE do Amplifier #1 em 10 e o GAIN FINE em 0.2; d) Curto-circuite as entradas do amplificador de instrumentação e ajuste o OFFSET do Amplifier #1 de modo a obter uma tensão de saída nula no voltímetro digital; e) Ligue os terminais do termopar às entradas do amplificador de instrumentação (INSTRUMENTATION AMPLIFIER) conforme representado na Fig.11. A saída deverá ser nula visto as junções quente e fria estarem sujeitas à mesma temperatura. Registe os valores de temperatura e de tensão (fem) na Tabela IV; f) Comece a aumentar lentamente o valor do potenciómetro de ajuste da temperatura (intervalos de 0.2 V). Espere algum tempo de modo a estabilizar a temperatura do ar na conduta antes de efectuar cada leitura. Registe os valores de temperatura e de tensão de saída (fem) do termopar na Tabela IV; g) Termine o ensaio quando a temperatura atingir o valor de T=40ºC. Desligue o sistema VVS-400 e o DIGIAC; h) Construa no Matlab, a curva com os pontos do ensaio do termopar (f.e.m –mV em função da temperatura T - ºC). Faça o ajustamento linear dos pontos experimentais e represente a recta de ajustamento. Compare o coeficiente de Seebeck obtido com o indicado anteriormente. Será que é um termopar do tipo K? i) Faça a correcção ao gráfico fem=f(T) de modo a ter em conta a temperatura ambiente. Represente os pontos corrigidos e compare-os com a recta dos pontos da tabela do termopar do tipo K, que têm como temperatura de referência T=0ºC. Que pode concluir? Tabela IV Temperatura Fem do termopar Fem corrigida Fem (tabela) Erro_Fem (ºC) (mV) (mV) (mV) (%) Nota: As colunas 3 e 5 são preenchidas posteriormente a partir dos valores de obtidos nas colunas 1 e 2. Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 14 INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO PRÁTICO Nº1 3. RELATÓRIO FINAL Para a elaboração do relatório, os alunos deverão ter em consideração as seguintes indicações: a) O relatório deverá ser elaborado de acordo com o formato normalizado (ver ficheiro em Word disponível na página web da unidade curricular (http://www.enautica.pt/publico/professores/baptista/instrum.htm); b) O relatório deverá responder explicitamente às questões enunciadas no guia, nomeadamente às questões sublinhadas a negrito; c) No relatório, não serão aceites reproduções dos textos do guia, imagens dos esquemas representados no guia ou outros elementos recolhidos de livros, manuais, Internet, etc. Apenas serão aceites os textos com a descrição dos ensaios efectivamente realizados nas aulas práticas, tabelas, gráficos, etc. Caso estas orientações não sejam seguidas, o relatório será rejeitado; d) Em caso de rejeição do relatório, os alunos têm uma semana para reformular o trabalho sem que para tal venham a sofrer qualquer penalização na nota final; e) Os gráficos a apresentar no relatório deverão ser realizados em Matlab. Não serão aceites gráficos feitos em Excel ou noutra ferramenta informática. É considerado elemento valorizativo colocar em anexo ao relatório a listagem das instruções usadas em Matlab. 4. REFERÊNCIAS • An introduction to transducers and instrumentation, DIGIAC 1750, Curriculum manual IT02, LJ Technical Systems • IC temperature sensor provides termocouple cold junction compensation, National Semicondutor, Application Note 225, 1979. Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 15 INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLO TRABALHO PRÁTICO Nº1 ANEXO. CIRCUITO PRÁTICO DE COMPENSAÇÃO DA JUNÇÃO DE REFERÊNCIA ATRAVÉS DE SENSOR LM335 Luis Filipe Baptista – ENIDH/MEMM 16